O nome assusta. O desconhecimento leva muitas mulheres a acreditarem que seu caso é único, e, por vergonha, não procuram tratamento. Mas a queda da parede da vagina, o prolapso genital, é mais comum do que se pensa. A doença pode surgir a partir dos 40 anos e atinge duas em cada 10 mulheres, trazendo problemas na vida sexual, incontinência urinária e piora considerável da qualidade de vida, segundo a ginecologista Sílvia Carramão, da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Popularmente conhecido como “bexiga caída”, o prolapso genital é caracterizado pela queda da parede da vagina devido ao enfraquecimento dos músculos da região pélvica, causando o deslocamento de órgãos como útero, bexiga, reto, intestino delgado e uretra. “Existem quatro graus de prolapso. Nos mais graves, a mulher sente uma bola na região genital, que causa enorme desconforto e constrangimento. Ela passa a evitar o parceiro, já que, além da vergonha, o ato sexual pode se tornar doloroso. A doença prejudica também a qualidade de vida, uma vez que causa perda involuntária de urina”, explica a ginecologista. O principal sintoma, segundo Sílvia, “é a sensação de uma bola saindo pela vagina. A bola é a parede da vagina caindo”, acrescenta a médica. O que provoca dor intensa, dificuldade para evacuar, perda de urina, desconforto na região genital e impressão de saliência na vagina.
A ginecologista e obstetra Nilce Consuelo Verçosa, do Hospital da Mulher e Maternidade Santa Fé, de Belo Horizonte, reforça que pesquisadores brasileiros enfatizam que o prolapso genital é uma doença multifatorial. “Para seu desenvolvimento, contribuem fatores sobre os quais não é possível intervir, como idade e história familiar, e outros, que podem ser alterados, como obesidade, paridade, tipos de partos e macrossomia fetal (excesso de peso do recém-nascido), assim como fatores ou patologias que aumentem a pressão abdominal, como tosse crônica e tumores abdominopélvicos”.
Nilce lembra que segundo o estudo realizado pelos pesquisadores Andrea Moura Rodrigues e colaboradores da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp), o principal fator na população brasileira foi a concomitância de um parto vaginal (normal), macrossomia fetal e história familiar positiva para distopia (localização anormal de um órgão). A médica destaca que ginecologistas e obstetras são os responsáveis por cuidar de mulheres com prolapso, assim como trabalhar na prevenção da doença.
“O parto, quando ocorre sob a supervisão de um médico, é uma das oportunidades ideais para isso, pois cabe ao obstetra indicar a via de parto adequada a cada paciente, reconhecer possíveis lesões no assoalho pélvico e fornecer o tratamento adequado em tempo hábil”.
Ela explica que o prolapso é considerado uma hérnia do conteúdo pélvico no canal vaginal e ocorre quando os músculos do assoalho pélvico se debilitam ou se danificam e não podem mais sustentar os órgãos pélvicos, que incluem uretra, bexiga, útero, intestino delgado e reto. “Incide preferencialmente em mulheres idosas e multíparas. O ápice se dá entre 60 e 69 anos, porém pode ser detectado a partir dos 40”.
Sílvia Carramão, apesar de admitir que o parto vaginal (normal) é um agravante, explica que a cesárea também provoca lesão no assoalho pélvico vaginal e o risco do prolapso genital aumenta. Ela conta que o diagnóstico tem relação ainda com a menopausa, diabetes, cirurgias abdominais ou vaginais prévias, retirada do útero, envelhecimento e algumas doenças musculares, neurológicas e genéticas. “Estudos mostram que, a cada década de vida, dobra a chance de a mulher apresentar o prolapso genital, sendo que 11% delas até os 70 anos precisarão de tratamento cirúrgico”.
FORTALECIMENTO DA MUSCULATURA
Vale lembrar que a doença afeta também mulheres jovens, portanto é preciso estar atenta aos sinais do corpo. Por isso é fundamental manter o peso adequado e fazer exercícios para a musculatura vaginal com indicação de um médico ou fisioterapeuta. A ginecologista Sílvia lembra que o tratamento varia de acordo com a intensidade de cada caso. Nos prolapsos mais leves, são indicados exercícios para a região pélvica, e nos avançados, cirurgia.
De acordo com a médica, a cirurgia pode ser tradicional, para restaurar a anatomia normal, ou com a utilização de malhas sintéticas, por via vaginal ou laparoscópica, que corrigem os defeitos do assoalho pélvico, fortalecendo a região.
“A doença acomete 20% das mulheres e 11% são casos cirúrgicos. A intervenção, geralmente, resolve e o risco de reincidência é de 10%. São tratamentos com ótimos resultados, mas podem ter efeitos colaterais, como a rejeição da tela ou sua exposição na mucosa vaginal. O paciente precisa consultar um médico para verificar a melhor indicação. E como toda cirurgia, exige cuidado e repouso”.
Além dos sintomas próprios da doença, a médica da Santa Casa de São Paulo destaca que as mulheres convivem com o medo de falar sobre a doença. E apesar de frequente, muitas a desconhecem. “É comum sentirem-se envergonhadas. Escondem e não pedem ajuda. Ou acham que é normal, consequência da idade. Mas isso é mito. O prolapso genital tem tratamento e cura. As mulheres não precisam sofrer. Bastam procurar seu ginecologista que o problema será resolvido”.
SAÚDE PÚBLICA
A ginecologista e obstetra Nilce Consuelo Verçosa reforça que o prolapso genital é uma condição ginecológica que não ameaça a vida, mas causa incômodo e angústia. É doença comum, que pode causar impacto psicológico, familiar, social e financeiro.
“As informações epidemiológicas são quase sempre inexatas, uma vez que muitas mulheres escondem o problema ou o aceitam como consequência natural do envelhecimento ou dos partos vaginais. Estima-se que os prolapsos são responsáveis por 400 mil procedimentos/ano nos Estados Unidos, com o custo anual de US$ 1 bilhão”.
Em virtude das melhores condições de vida, da consequente redução da mortalidade, da diminuição da taxa de natalidade, Nilce enfatiza que como a população brasileira está envelhecendo, a chance de aumento no número de casos é grande.
“É estimado que em 2050 o Brasil contará com aproximadamente nove milhões de mulheres com 80 anos ou mais. Frente ao envelhecimento, à grande morbidade proporcionada pelo prolapso genital e aos elevados custos do tratamento, é possível concluir que há um significativo problema de saúde pública”.
Popularmente conhecido como “bexiga caída”, o prolapso genital é caracterizado pela queda da parede da vagina devido ao enfraquecimento dos músculos da região pélvica, causando o deslocamento de órgãos como útero, bexiga, reto, intestino delgado e uretra. “Existem quatro graus de prolapso. Nos mais graves, a mulher sente uma bola na região genital, que causa enorme desconforto e constrangimento. Ela passa a evitar o parceiro, já que, além da vergonha, o ato sexual pode se tornar doloroso. A doença prejudica também a qualidade de vida, uma vez que causa perda involuntária de urina”, explica a ginecologista. O principal sintoma, segundo Sílvia, “é a sensação de uma bola saindo pela vagina. A bola é a parede da vagina caindo”, acrescenta a médica. O que provoca dor intensa, dificuldade para evacuar, perda de urina, desconforto na região genital e impressão de saliência na vagina.
A ginecologista e obstetra Nilce Consuelo Verçosa, do Hospital da Mulher e Maternidade Santa Fé, de Belo Horizonte, reforça que pesquisadores brasileiros enfatizam que o prolapso genital é uma doença multifatorial. “Para seu desenvolvimento, contribuem fatores sobre os quais não é possível intervir, como idade e história familiar, e outros, que podem ser alterados, como obesidade, paridade, tipos de partos e macrossomia fetal (excesso de peso do recém-nascido), assim como fatores ou patologias que aumentem a pressão abdominal, como tosse crônica e tumores abdominopélvicos”.
saiba mais
“O parto, quando ocorre sob a supervisão de um médico, é uma das oportunidades ideais para isso, pois cabe ao obstetra indicar a via de parto adequada a cada paciente, reconhecer possíveis lesões no assoalho pélvico e fornecer o tratamento adequado em tempo hábil”.
Ela explica que o prolapso é considerado uma hérnia do conteúdo pélvico no canal vaginal e ocorre quando os músculos do assoalho pélvico se debilitam ou se danificam e não podem mais sustentar os órgãos pélvicos, que incluem uretra, bexiga, útero, intestino delgado e reto. “Incide preferencialmente em mulheres idosas e multíparas. O ápice se dá entre 60 e 69 anos, porém pode ser detectado a partir dos 40”.
Sílvia Carramão, apesar de admitir que o parto vaginal (normal) é um agravante, explica que a cesárea também provoca lesão no assoalho pélvico vaginal e o risco do prolapso genital aumenta. Ela conta que o diagnóstico tem relação ainda com a menopausa, diabetes, cirurgias abdominais ou vaginais prévias, retirada do útero, envelhecimento e algumas doenças musculares, neurológicas e genéticas. “Estudos mostram que, a cada década de vida, dobra a chance de a mulher apresentar o prolapso genital, sendo que 11% delas até os 70 anos precisarão de tratamento cirúrgico”.
FORTALECIMENTO DA MUSCULATURA
Vale lembrar que a doença afeta também mulheres jovens, portanto é preciso estar atenta aos sinais do corpo. Por isso é fundamental manter o peso adequado e fazer exercícios para a musculatura vaginal com indicação de um médico ou fisioterapeuta. A ginecologista Sílvia lembra que o tratamento varia de acordo com a intensidade de cada caso. Nos prolapsos mais leves, são indicados exercícios para a região pélvica, e nos avançados, cirurgia.
De acordo com a médica, a cirurgia pode ser tradicional, para restaurar a anatomia normal, ou com a utilização de malhas sintéticas, por via vaginal ou laparoscópica, que corrigem os defeitos do assoalho pélvico, fortalecendo a região.
“A doença acomete 20% das mulheres e 11% são casos cirúrgicos. A intervenção, geralmente, resolve e o risco de reincidência é de 10%. São tratamentos com ótimos resultados, mas podem ter efeitos colaterais, como a rejeição da tela ou sua exposição na mucosa vaginal. O paciente precisa consultar um médico para verificar a melhor indicação. E como toda cirurgia, exige cuidado e repouso”.
Além dos sintomas próprios da doença, a médica da Santa Casa de São Paulo destaca que as mulheres convivem com o medo de falar sobre a doença. E apesar de frequente, muitas a desconhecem. “É comum sentirem-se envergonhadas. Escondem e não pedem ajuda. Ou acham que é normal, consequência da idade. Mas isso é mito. O prolapso genital tem tratamento e cura. As mulheres não precisam sofrer. Bastam procurar seu ginecologista que o problema será resolvido”.
SAÚDE PÚBLICA
A ginecologista e obstetra Nilce Consuelo Verçosa reforça que o prolapso genital é uma condição ginecológica que não ameaça a vida, mas causa incômodo e angústia. É doença comum, que pode causar impacto psicológico, familiar, social e financeiro.
“As informações epidemiológicas são quase sempre inexatas, uma vez que muitas mulheres escondem o problema ou o aceitam como consequência natural do envelhecimento ou dos partos vaginais. Estima-se que os prolapsos são responsáveis por 400 mil procedimentos/ano nos Estados Unidos, com o custo anual de US$ 1 bilhão”.
Em virtude das melhores condições de vida, da consequente redução da mortalidade, da diminuição da taxa de natalidade, Nilce enfatiza que como a população brasileira está envelhecendo, a chance de aumento no número de casos é grande.
“É estimado que em 2050 o Brasil contará com aproximadamente nove milhões de mulheres com 80 anos ou mais. Frente ao envelhecimento, à grande morbidade proporcionada pelo prolapso genital e aos elevados custos do tratamento, é possível concluir que há um significativo problema de saúde pública”.