Todos os anos, milhares de pessoas procuram cirurgiões plásticos para corrigir algo que as deixa insatisfeitas no próprio corpo. Reduzir ou aumentar o tamanho dos seios, retirar gorduras localizadas na barriga, coxas e outras partes, e intervenções na face, como a rinoplastia (cirurgia no nariz). Segundo estatísticas da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), apenas entre setembro de 2007 e agosto de 2008, a estimativa é de que tenham ocorrido aproximadamente 629 mil cirurgias plásticas, sendo 73% de cunho estético e 27% reparadoras ou construtoras.
Especialistas afirmam que o inverno é o período do ano preferido dos pacientes para realizar cirurgias. De acordo com dados divulgados pela assessoria de imprensa da SBCP, o movimento nas clínicas chega a aumentar em 60% nessa época do ano. “Tenho 25 anos de profissão e, por experiência pessoal, de maio a outubro opero 75% dos pacientes e nos outros meses apenas 25%. Mas a grande concentração é em julho”, diz o cirurgião plástico e presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, José Horácio Aboudib.
Para o cirurgião plástico José Eduardo Paixão, a justificativa para esse aumento é que durante o frio os pacientes em recuperação tendem a se sentir mais confortáveis, pois, no caso de algumas intervenções cirúrgicas,é necessário o uso de cintas ou modeladores, que ficam bem colados ao corpo. Como no inverno as pessoas transpiram menos, o uso desses acessórios torna-se menos incômodo. “No verão, as pessoas suam muito e para usar cintas ou modeladores fica muito desconfortável”, diz. Além disso, ele afirma que, como as temperaturas estão mais baixas, os inchaços podem ser mais leves.
Com o frio, os vasos sanguíneos acabam se estreitando. Isso reduz o sangramento interno do ferimento e como consequência o inchaço. “Sempre quando alguém tem um inchaço por algum motivo, coloca-se gelo, pois a temperatura mais baixa ajuda a aliviar isso. Como o clima já vai estar frio, provavelmente vai inchar menos”, explica.
Além disso, há um aumento ainda maior no mês de julho, uma vez que o período é de férias e muita gente tem mais tempo para se recuperar. O presidente da SBCP ainda completa que o inverno é a estação favorita dos pacientes, pois muitos operam com o objetivo de estar com o corpo melhor no verão. “Muitos escolhem, pois têm tempo suficiente para se recuperar e estar com o corpo da forma que desejam no verão”, afirma José Horácio Aboudib.
A delegada Valéria Garcia, de 46 anos, que realizou abdominoplastia (remoção da gordura abdominal), mamoplastia (cirurgia nos seios) de redução e lipoaspiração em julho do ano passado, garante que o inverno é uma boa época para realizar intervenções cirúrgicas. “Os pontos cicatrizaram bem rápido e não sofri muito”, lembra. Ela afirma que quis fazer a cirurgia para se sentir melhor. “Queria tirar um pouco de barriga e me sentir bem. Hoje estou melhor. Fiz a cirurgia mais por uma questão estética e de autoestima mesmo”, conta.
No fim de junho, Valéria se submeteu a uma lipoaspiração no corpo e afirma que escolheu o período mais frio pensando na recuperação. “O calor incomoda e agora vou fazer lipo no corpo todo. Por isso, quero ficar mais quieta para não suar tanto e me recuperar mais rápido”, diz.
De acordo com o presidente da SBCP, os tipos de cirurgia plástica mais procurados nessa temporada são: lipoaspiração, seguida pela prótese mamária e, por último, outras cirurgias de mama (redução e levantamento). Por último, as plásticas de face são bastante requisitadas. “A procura pela cirurgia de próteses de glúteo, embora não tenha altos índices como as já citadas, aumentou em 560% nos últimos dois anos. Isso ocorreu devido ao desenvolvimento da técnica intramuscular no Brasil, que deu muito mais segurança e garantia de bons resultados”, explica.
Mas a cirurgia plástica, assim como qualquer outro tipo de operação, deve ser feita com base em uma série de cuidados. Antes de fazer o procedimento, o paciente deve realizar exames para avaliar o risco cirúrgico, estar com boa saúde e, se tiver alguma doença, estar controlada. “Qualquer procedimento tem riscos e cirurgia não é diferente. Por ser superficial, o risco dela é menor do que quando você mexe em um órgão vital. A plástica tem menor risco, mas não é isenta”, alerta.
O presidente da SBCP destaca que contratar um cirurgião credenciado pelo órgão é garantia de uma operação mais segura. “O paciente tem uma segurança maior neste profissional do que naquele que tem a formação de especialista. Além disso, a pessoa não deve levar em conta apenas o baixo preço, pois isso pode indicar que o profissional não seja qualificado. E, por fim,o paciente deve fazer avaliação pré-operatória adequada para garantir um menor risco e seguir à risca a orientação que o médico prescrever depois da cirurgia”, finaliza José Horácio Aboudib.