Dois portadores de HIV que receberam transplantes de medula óssea para tratamento de câncer no sangue estão livres do vírus há várias semanas, desde que o tratamento com antirretrovirais foi interrompido. Segundo os médicos, ainda é cedo para dizer que eles estão “curados”, mas os resultados, apresentados ontem numa conferência científica na Malásia, são vistos com muito interesse por pesquisadores que buscam uma cura para a aids.
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“A doença poderá voltar daqui uma semana, ou daqui seis meses. Só o tempo vai dizer”, ressaltou, também, um dos autores da pesquisa, o médico Timothy Henrich, da Faculdade de Medicina de Harvard e do Brigham and Women’s Hospital, em Boston. “Não há prazo para declarar uma cura. Esses pacientes terão de ser acompanhados por toda a vida”, disse ao Estado o infectologista Alexandre Barbosa, da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Botucatu. “Por isso os resultados precisam ser vistos com cautela.”
Apesar de o vírus não ser mais detectado no sangue, é possível que ele permaneça “escondido” em algumas células do organismo e volte a se multiplicar, explica Barbosa.
Implicações
Mesmo que os pacientes sejam eventualmente declarados “curados”, o procedimento não poderá ser usado em grande escala como uma terapia antiaids, alertam os especialistas. Isso porque o transplante de medula óssea é um procedimento de alto risco, com 10% de risco de morte do paciente. Em portadores do HIV, que já têm o sistema imunológico debilitado pela doença, esse risco é ainda maior, segundo Barbosa.
Ainda assim, para os pesquisadores, é um resultado importante, que pode apontar o caminho para estratégias mais eficientes de controle da doença - ou até mesmo o desenvolvimento de vacinas.