O estudo, porém, não foi realizado com a intenção de suscitar debates. Como, aparentemente, nenhum outro animal além dos seres humanos e de algumas espécies de baleia entram na menopausa, Singh está atrás das causas desse fenômeno. “Acredito que, se essa foi uma característica adquirida ao longo do tempo devido a um fator externo, e não da natureza do aparelho reprodutivo feminino, então é possível atrasar o processo. Muitas mulheres querem gerar filhos depois dos 50 anos e são impedidas por causa da menopausa. Hoje, mulheres de 50 ainda estão bastante novas. Além disso, o período que antecede o fim da menstruação é acompanhado de incômodos que, para uma boa quantidade de pacientes, são um inferno”, defende Singh.
O indiano radicado no Canadá não é o primeiro — nem será o último — pesquisador que busca entender as causas da menopausa, um acontecimento para o qual não existem explicações consensuais até agora. Há diversas teorias, sendo que as principais baseiam-se em fatores fisiológicos ou culturais, como a quantidade predeterminada de óvulos ou a necessidade de as avós ajudarem a criar os netos, perpetuando sua linhagem (veja quadro). Singh, contudo, não está convencido de nenhuma delas. Para ele, se nem o primo mais próximo do ser humano, o chimpanzé, passa pela menopausa na vida selvagem, algum outro motivo tem de estar por trás do fenômeno.
Na natureza, a função primordial de um animal é a reprodução. Tanto que, nas demais espécies, a morte ocorre pouco tempo depois de a fertilidade esgotar todos seus recursos. Com os humanos, é diferente. Homens são capazes de procriar infinitamente, já as mulheres, mesmo passadas décadas desde a menopausa, sobrevivem bravamente — inclusive, a longevidade feminina é maior. Do ponto de vista científico, isso não faz sentido algum.
Avó
Para uma corrente, a mulher madura e infértil poderá ajudar na criação dos seus descendentes, pois terá tempo de sobra para fazê-lo. Pesquisas sugerem que a participação da avó na formação dos progênitos aumenta as chances de sobrevivência daquela linhagem. Outros pensam que, sábia como é, a natureza suga das mães a capacidade reprodutiva, de forma a evitar concorrência: diferentemente do que pode ocorrer entre fêmeas de outros animais, as mulheres não são propensas a cruzar com o genro ou com o marido da neta. Essas teorias explicariam por que os óvulos, ao contrário dos espermatozoides, são finitos.
Singh resolveu desafiar os modelos tradicionais e postular que a menopausa não