“Esse nome é um desserviço à medicina. Porque, de pré, o pré-diabetes não tem nada. É diabetes e já aumentou os riscos de mortalidade do paciente”, alerta Saulo Cavalcanti, diretor da Federação Latino-Americana de Endocrinologia. O ponto positivo é que esse paciente tem a chance de mudar precocemente o curso da doença.
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Pesquisa avalia uso de células de gordura para tratar diabetesCaminhadas rápidas previnem o diabetesDiabetes não é motivo para deixar de praticar exercícios físicos, muito antes pelo contrárioDor nas pernas pode ser sinal de má circulação?Pré-diabetes é um alerta para que o indivíduo mude estilo de vida drasticamente; fique atento aos sintomasPesquisa mostra que apenas 30 em cada 100 pessoas conhecem o pré-diabetesEpidemia de diabetes faz soar alerta sanitário na ChinaTratamento para diabetes está cada vez mais individualizadoUma pessoa morre por hora em função do diabetes no estado de São PauloNo Brasil, quarto país do mundo em número de casos, o cenário é parecido. As medidas preventivas tampouco são desconhecidas dos pacientes. Alto consumo calórico e sedentarismo têm levado milhares de jovens ao ganho de peso. E são esses hábitos que precisam ser combatidos para diminuir a doença, que anda na companhia não só da obesidade, mas também da hipertensão e da deslipidemia, a alteração dos níveis de colesterol. Adultos nesse grupo de risco devem fazer o teste de resistência à glicose anualmente.
“Se o diagnóstico for confirmado, o tratamento passa por educação e medicação. O primeiro passo é fazer o paciente aceitar que tem uma doença assintomática. O tratamento começa com a educação. O pré-diabético tem que saber que tem um problema que lesiona seu organismo de forma progressiva. Quanto mais cedo ele assumir a doença, melhores serão os benefícios. Costumo dizer que o que o diabetes leva ele não traz e, quanto mais cedo se trata, menos coisa ele leva”, diz Cavalcanti.
SUCESSO
Boca seca e urina em maior volume foram os sintomas que alertaram Ivanir Severino, de 52 anos, para o diabetes. Diagnosticado há dois anos com o tipo 2 da doença, atribui sua situação a uma vida de excessos. Procurou ajuda e começou o tratamento, mas demorou cerca de um ano para se adaptar. “É uma mudança cultural do paciente. Tive que reaprender a me alimentar e mudar meu estilo de vida”, conta. Para ele, a doença que veio com o passar dos anos poderia ter sido evitada ou adiada se tivesse tido maiores cuidados. Atualmente com 89 quilos, Ivanir chegou a pesar 106 quilos. Com o tratamento interdisciplinar (nutricionista e endocrinologista), não precisou fazer uso da insulina, apenas do medicamento oral. “Passei a gostar de mim. O diabético que muda seu hábito alimentar e pratica atividade física vai ter sucesso e uma vida mais longa”, ensina.
Foco na perda de peso e dieta
Um longo programa de intervenção no estilo de vida, focado na perda de peso, pode melhorar a qualidade de vida e reduzir as complicações no sistema circulatório, o risco de depressão e os custos do tratamento. A descoberta é do estudo Look AHEAD (Action for Health in Diabetes, ou ação para saúde em diabetes, na tradução livre), que mostrou que uma intensiva intervenção no estilo de vida reduz menos os riscos de ataques do coração e derrames do que a adoção de um programa de suporte e educação para ajudar os pacientes nessa mudança.
A pesquisa do National Institutes of Health sugere duas possibilidades de intervenção. Uma passa pelo estilo de vida, com perda de peso e atividade física. A outra é a educação em diabetes, com sessões de aconselhamento com nutricionista, profissional de educação física e psicólogos. Segundo Rena Wing, coordenador da pesquisa e professor do Alpert Medical Schools of Brown University, o avanço é a confirmação de como uma mudança mais profunda pode reduzir os riscos de mortalidade relacionada a problemas cardiovasculares, principal causa de morte entre os diabéticos.
“Nossa pesquisa mostra como adultos com diabetes tipo 2 com sobrepeso ou obesidade podem perder peso e ter vários benefícios para a saúde. Isso reforça a recomendação de que eles devem aumentar a atividade física para melhorar sua saúde”, disse Griffin Rodgers, diretor do Instituto Nacional de Diabetes dos EUA.
Outro estudo se concentrou em um grupo diferente de pacientes. Isso porque pesquisas anteriores já haviam demonstrado como uma intervenção intensiva e individualizada no estilo de vida pode reduzir drasticamente o risco de desenvolvimento do diabetes. Contudo, os trabalhos foram feitos com voluntários, revelando um alto nível de motivação. O programa MOVE! (Managing Obesity and Owerweight in Veterans Everywhere) mostra o que ocorre com pacientes do sistema público quando são comunicados de que sua garantia de saúde está atrelada a essas mudanças.
CARBOIDRATOS
Ninguém morre de diabetes, e sim do mau controle da doença. “A alimentação é um dos pontos essenciais do tratamento. O paciente precisa conhecer o que é carboidrato, nutriente que mais afeta a glicemia. Não são só os açúcares que elevam os níveis. Farinhas, legumes e outros alimentos se transformam em açúcar”, explica Natalia Fenner, especialista em nutrição e metabolismo e educadora em diabetes pela Sociedade Brasileira de Diabetes.
* A repórter viajou a convite da Sanofi.