Comer carne mal passada ou não ter atenção à higienização de alimentos crus estão entre os itens que exigem observação. Na categoria das preocupações com a beleza, o leque de procedimentos estéticos também diminui e alguns planos precisam ser interrompidos ou adiados. E vem a ansiedade. Apesar de a mudança da imagem no espelho ser rápida e constante, a mulher precisa lidar com o seguinte fato: quando o assunto é a pele, há pouco o que se fazer nesses nove meses.
Estrias, melasma, acne, linha nigra. Sim, tudo incomoda. Não são todas as mulheres que sofrem com as alterações fisiológicas – ou seja, normais do organismo -, e ninguém precisa ficar parado esperando que elas apareçam, mas a genética tem grande influência nas alterações pigmentares. É aí que entra a paciência. Quem já viu a mãe apontar para as estrias na barriga e associá-las à gestação ou quem tem pele morena e se mancha com facilidade a qualquer exposição ao sol são forte candidatas a serem impactadas pelas alterações. Mas herança genética não é destino e a informação beneficia atitudes preventivas.
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O melasma é uma macha que aparece principalmente na região da testa e da bochecha. A alteração pode permanecer após o bebê nascer ou até desaparecer espontaneamente. “Essa mancha pode acontecer em outras épocas da vida e está relacionada principalmente ao sol, genética e hormônios. Durante a gravidez o tratamento fica limitado, mas é possível usar alguns cremes despigmentantes, mas são poucos os que não prejudicam a gestação e nem o feto”, explica Fernanda.
Segundo a dermatologista, outras regiões também podem ficar hiperpigmentadas, como os mamilos, axilas, região genital e a barriga - chamada de linha nigra. Para minimizar esses efeitos, a indicação é evitar a exposição ao sol e usar o protetor solar. A médica faz questão de ressaltar que o fotoprotetor precisa ser aplicado três vezes ao dia e em quantidade suficiente para poder agir positivamente. Como a pele de cada pessoa é única, a recomendação genérica é um protetor solar que tenha, no mínimo, o fator 30. “Depois que o bebê nasce, as opções de tratamento aumentam e o peeling é uma delas”, afirma Fernanda.
A queda de cabelos também pode acontecer, mas durante a gravidez a perda não é significativa. “Chamado eflúvio telógeno pós-parto, a grande maioria das mulheres têm uma queda de cabelo muito acentuada que dura de dois a cinco meses após o parto. É uma queda fisiológica, mas há as que se assustam com isso. Na grande maioria dos casos, a reposição dos cabelos é total. Quem não consegue retornar completamente é porque tem tendência genética (alopécia androgenética) e precisa consultar um dermatologista já que pode haver outros fatores que agravam essa queda, como por exemplo, a anemia”, observa a especialista. Algumas mulheres ainda podem ter uma tendência a desenvolver o crescimento de pelos no rosto, chamado hirsutismo. “Regride depois do parto”, diz a dermatologista.
A gestação pede uma alimentação balanceada para assegurar que o bebê receba todos os nutrientes necessários para seu desenvolvimento. No caso das estrias, é bom lembrar que o ganho excessivo de peso pode contribuir para que elas apareçam. Se não for o caso, o uso de cremes hidratantes é a única forma de preveni-las. “Mas podem aparecer de qualquer jeito”, salienta Fernanda. “Após o parto, existem opções de tratamento, tanto com cremes, com procedimentos estéticos”, sugere. A dermatologista explica que a estria é como se fosse uma cicatriz. “Sumir completamente é muito difícil, os tratamentos minimizam, melhoram a aparência e as deixam mais discretas. Se incomoda a mulher, vale a pena tentar”, pondera. Uma dica é que a estria de cor avermelhada é mais fácil de tratar e algumas intervenções podem ser feitas junto com a amamentação. “Antes de começar, é bom também que o peso já esteja estabilizado”, sugere Fernanda.
Recomendado por mães e avós, o óleo de amêndoa não tem uma função hidratante tão boa, segundo a especialista.
Outra dermatose comum que pode sofrer influências da gravidez é a acne. “Nesses casos, também é importante consultar um dermatologista, que pode prescrever um tratamento que não prejudique o feto”, alerta a especialista.
A linha nigra é a menos preocupante. Ela some espontaneamente, vai clareando durante os seis meses após o parto e não precisa de tratamento.
Apesar de a hidratação merecer cuidado nesse período da vida, essas dermatoses ocorrem de forma ocasional, independente da ingestão correta de água.
Doenças
Existem também algumas alterações patológicas específicas da gravidez, mas elas são muito raras e não devem ser motivos de preocupação. Elas não são silenciosas, a mulher vai ter sintomas e consequentemente procurar ajuda médica. Uma delas é denominada placa e pápulas urticariformes pruriginosas da gravidez. “É só um incômodo e não prejudica o feto”, esclarece Fernanda. Segundo ela, é comum aparecer a partir do terceiro trimestre e desaparecer entre 7 e 10 dias após o parto. “O tratamento é para aliviar os sintomas”, diz.
Outra é conhecida como penfigóide gestacional. “É bem mais grave, mais rara, o acompanhamento é com o dermatologista e o tratamento é medicamentoso”, enumera Fernanda. É uma doença autoimune.