Embora as causas mais comuns das dores nas costas sejam as hérnias de disco, os desgastes na coluna e as alterações posturais, o diagnóstico deve descartar outras possibilidades. O cirurgião de coluna Cristiano Magalhães Menezes, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e integrante da diretoria da Sociedade Brasileira de Coluna, explica que elas podem também ser sinal de tumores, artrose nas pequenas articulações (ou facetária), espondilolistese (deslizamento de um corpo vertebral no sentido anterior, posterior ou lateral em relação à vértebra de baixo) e até mesmo alterações em outros órgãos, como os rins. “Uma vez que o paciente foi avaliado adequadamente pelo médico, é possível indicar a melhor conduta”, explica o médico.
O fisioterapeuta Rodrigo Moura, membro da Associação Brasileira de Reabilitação de Coluna, explica que vários fatores podem levar às dores lombares e cervicais. A alteração postural é um deles. “Mais de 70% dos pacientes que recebo têm o hábito – pela rotina de estudos e trabalho – de ficar muito tempo sentados. Quando você se senta de maneira incorreta, o peso que iria para os músculos acaba sendo jogado em cima dos ossos, ligamentos, tendões e discos. O efeito cumulativo e progressivo dessas alterações na postura – seja quando estamos sentados, ou mesmo na hora de dormir, carregar peso, amarrar o tênis – pode levar ao desgaste”, afirma.
O fisioterapeuta defende que o tratamento conservador e não-invasivo sempre deve ser tentado antes de um procedimento cirúrgico. “Apenas uma fração de 5 a 15% dos pacientes vai receber a indicação de cirurgia”, pondera. Cristiano Menezes completa. “Para mais de 80% das pessoas, o tratamento fisioterápico será suficiente. Mas, se o paciente não responde a ele por mais de seis meses – no caso da dor lombar ou cervical sem irradiação para outros membros do corpo - e após três meses de tratamento da dor com irradiação, pode haver indicação de cirurgia, dependendo do diagnóstico”, define o cirurgião.
Além da resposta ao tratamento, algumas outras 'bandeiras vermelhas' devem ser consideradas na indicação da cirurgia. “Sinais clínicos como febre e emagrecimento podem ser sinais de algo mais sério, que vai além de uma simples dor lombar. Pode haver até perda de função neurológica, com fraqueza, demência, alterações na destreza e equilibrio, que são indicativos para pular o tratamento conservador e partir para a cirurgia”, explica Menezes.
Evolução
Tanto a fisioterapia quando a cirurgia direcionada à coluna evoluíram muito nos últimos anos. Uma das novidades, é a mesa de Tração Eletrônica e Descompressão Dinâmica, indicada para o tratamento de várias patologias, como a lombalgia, cervicalgia, dor ciática, protrusão discal, espondilose e artrose. Rodrigo explica que as mesas integram o programa de Reconstrução Musculo-Articular (RMA) da coluna vertebral, formado por cinco etapas que promovem a mobilidade, melhoram a sobrecarga e a estabilização vertebral, além do fortalecimento da musculatura e do abdômen.
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Outro aspecto que deve ser considerado é a manutenção dos hábitos corretos. “Não existe fórmula mágica. Se, mesmo depois do tratamento conservador ou da cirurgia, a pessoa voltar aos velhos hábitos, o mesmo problema pode voltar dentro de dois ou três anos, em um círculo vicioso e muito dolorido, podendo estar presente de forma crônica na vida do paciente. O maior desafio é manter-se bem”, alerta o fisioterapeuta.
Cristiano Menezes informa que a cirurgia de coluna também evoluiu muito na última década. “A técnica por via aberta convencional era bastante agressiva, levava a lesões importantes nos músculos e sangramento extenso. A recuperação era lenta e dolorosa. Na última década, o crescimento exponencial das técnicas permitiu resolver os principais problemas de coluna sem a necessidade de uma intervenção tão agressiva”, explica o cirurgião.
As cirurgias minimamente invasivas são feitas por meio de tubos, que variam de 14 a 20 milímetros de diâmetros e dão acesso à coluna através da pele. “É semelhante à artroscopia de joelho e ombro e à laparoscopia dos órgão abdominais. Os pacientes se recuperam mais rápido, sentem menos dores e estão sujeitos a riscos menores, inclusive em relação a infecções”, explica o médico.
Em alguns casos, como o de uma hérnia de disco, o paciente pode voltar ao trabalho dentro de uma ou duas semanas. Em situações de maior complexidade, o retorno é possível dentro de 30 a 40 dias. “Se a cirurgia tem a indicação adequada, o ideal é trabalhar para minimizar o desconforto. A cirurgia e a reabilitação trabalham de forma colaborativa, não oposta. Tanto nas questões relativas à coluna quanto em outras áreas da ortopedia e da medicina esportiva, por exemplo, as duas técnicas evoluíram muito e são aliadas', resume Cristiano Menezes.
Se você quiser saber mais sobre os problemas mais comuns na coluna e aprender a se prevenir nas atividades mais básicas do dia a dia- - desde a postura no trabalho até a posição correta para dirigir, cuidar dos filhos e da casa, acesse a cartilha do Instituto de Tratamento da Coluna Vertebral – ITC Vertebral