“O mioma, antigamente chamado de fibroma uterino, é uma neoplasia benigna, assim como a verruga. É uma alteração que acontece por uma degeneração e, nesse sentido, não está diretamente relacionada à idade: pode acontecer em pessoas jovens. Mas é uma doença benigna, com característica familiar importante ”, disse André Luiz Malavasi, diretor médico do Centro de Referência da Saúde da Mulher - Hospital Pérola Byington, em São Paulo. Segundo o médico, entre 30% e 40% das mulheres vão ter mioma ao longo da vida.
Segundo Malavasi, por ser muito frequente, os médicos hoje consideram o mioma como uma doença somente quando ele apresenta sintomas – o que não ocorre em todos os casos. “Aquela mulher que tem mioma mas não sente nada e às vezes nem sabe que não tem mioma, não é considerado doença, mas uma alteração degenerativa normal na mulher”, declarou à Agência Brasil.
As chances de o mioma se tornar um câncer, de acordo com o médico, é nula. “A mulher não deve, em nenhum momento, se preocupar com o diagnóstico do mioma. É diferente do câncer de colo de útero, em que é preciso fazer o papanicolau todos os anos, e do câncer de mama, em que é preciso fazer a mamografia regularmente após os 40 anos. O mioma só passa a ser importante quando apresenta sintomas. Não há risco do mioma virar câncer”, explicou Malavasi, lembrando também que o risco do mioma interferir na gravidez é pequeno. “Os miomas geralmente não interferem na gravidez”.
“A maioria dos miomas é totalmente assintomática. Aqueles que causam sintomas são relacionados principalmente a sangramento, quando a mulher tem aumento do fluxo menstrual e dos dias de menstruação, e também dor na menstruação”, disse.
O tamanho dos miomas pode variar, segundo o médico. Já houve casos, raros, do tamanho do mioma ser até maior do que o de uma gravidez de nove meses, exemplificou. Quando o mioma é grande, por exemplo, outro sintoma associado pode ser a compressão da bexiga. “Quando ele está em tamanho maior que 400 centímetros cúbicos, que seria do tamanho de um mamão, por exemplo, ele pode começar a comprimir a bexiga e o intestino. A mulher pode ter então desconforto para urinar ou para evacuar”, explicou. Outros sintomas que podem ser associados ao mioma são a infertilidade e a dor em relações sexuais. Mas, segundo Malavasi, o tamanho do mioma não implica necessariamente em sintomas.
O tratamento para as mulheres que têm miomas e apresentam sintomas é definido levando-se em conta alguns fatores como a idade, saúde geral da mulher, gravidade dos sintomas, o tipo do mioma e o desejo de engravidar. “A única forma de curar o mioma é fazer a cirurgia, retirando-o. Mas a cirurgia é a última coisa a ser feita”, disse o médico.
Caso a mulher tenha filhos e apresenta um sangramento muito intenso, o ginecologista geralmente opta em indicar o uso de medicamentos via oral que começa a diminuir o fluxo menstrual até que ela entre na menopausa, período em que o mioma tem a tendência de diminuir de tamanho. Em caso de cirurgia, pode ser feita tanto a miomectomia, para retirada apenas do mioma, caso a mulher ainda deseje ter filhos ou a histerectomia, para retirada completa do útero. A histerectomia é indicada somente nos casos em que as mulheres não desejem mais ter filhos e quando o mioma não respondeu ao tratamento clínico.