Contudo, antes de escolher, a informação mais importante para o paciente que pensa em se submeter à algum processo do tipo é que reduzir medidas não é a mesma coisa que emagrecer. O professor de Clínica Médica e Endocrinologia da Faculdade de Medicina da UFMG Josemar de Almeida Moura esclarece que essas modalidades não são capazes de diminuir o número de células de gordura do corpo. “Só a lipoaspiração pode fazer isso”, ressalta.
Segundo ele, a formação de células de gordura acontece até o fim da primeira infância, o que significa que na fase adulta da vida as pessoas não produzem mais células do tipo. “Depois disso elas não se proliferam, só aumentam de tamanho. E elas têm grande capacidade de se expandir”, diz.
O que os procedimentos fazem é diminuir a quantidade de gordura dentro da célula, mas não causam a destruição celular. “O único desses procedimentos que destrói a célula é a criolipólise”, afirma a dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia Carolina Marçon. “Os aparelhos propõem inúmeras coisas, da redução de medida até combate à flacidez. No geral, eles alteram a característica do local, reduzindo as medidas, mas é algo que volta com o tempo”, afirma.
A criolipólise consiste no resfriamento das células de gordura, provocando uma morte programada delas e, consequentemente, a redução de medidas. Um dos procedimentos mais populares para diminuir centímetros é o ultrassom. De acordo com a dermatologista Mariane Shono, os aparelhos usam energia mecânica para romper as células de gordura. “O conteúdo das células de gordura, após a ruptura, fica disperso no espaço entre as células e transportado através do sistema linfático”, explica. Segundo a dermatologista Valéria Campos, um processo semelhante acontece por meio do laser. “As membranas das células adiposas são rompidas sem danificar os vasos sanguíneos e os nervos periféricos, eliminando a gordura através de drenagem linfática”, diz.
Nesses e em outros casos que em que a gordura da célula cai na corrente sanguínea é necessário se atentar para um possível aumento do colesterol. “Não é que acontece todas as vezes, mas o colesterol pode sim aumentar. Por isso é importante a avaliação e acompanhamento médico. É importante também manter uma dieta especial para esses dias de tratamento, evitando alimentos gordurosos e com muito colesterol”, destaca Marçon.
Já para quem procura combater a flacidez, os aparelhos que utilizam o método da radiofrequência são uma alternativa eficiente. O dermatologista Rodrigo Maia explica que eles “provocam o aquecimento de camadas mais profundas da pele, o que resulta na síntese de colágeno, proteína responsável pela rigidez da pele”.
Acessórios
Apesar das propostas de diminuição 'rápida' de medidas, Maia alerta que não existe resultado imediato quando o assunto é gordura. Além disso, ele ressalta que quando não acompanhados por um comportamento saudável, os tratamentos têm pouco efeito. “Eles são assessórios para quem tem uma alimentação saudável e pratica exercícios. Não existe eficiência de tratamento corporal se a pessoa não tem isso. Nada substitui bons hábitos”, pontua.
Segundo Carolina Marçon, a base da boa forma física é a atividade combinada de uma alimentação balanceada. “Os tratamentos agem naquilo que você não consegue perder com os exercícios, uma gordura geneticamente localizada. Ou para alguém que perdeu medida e ficou com flacidez. Nunca é a primeira escolha para reduzir medida. Além disso, o resultado é muito melhor em pessoas que se cuidam”.
E para quem já se decidiu a apostar nos tratamentos, o presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia em Minas Gerais Geraldo Magela Magalhães faz um alerta. “O ideal seria que essas pessoas que desejam tratamento corporal para redução sejam avaliadas por um médico dermatologista ou um cirurgião, para ver se os tratamentos serão mesmo eficazes para o problema que elas apresentam”.
Necessária
Por mais que a gordura seja tantas vezes associada à algo indesejado, ela é uma parte vital do organismo humano. “Sem ela a gente não vive”, destaca o professor de Clínica Médica e Endocrinologia da Faculdade de Medicina da UFMG Josemar de Almeida Moura. Ele explica que, no homem pré-histórico que não se alimentava diariamente, a gordura tinha a função de armazenar energia para compensar os dias sem comida. Hoje, além de continuar exercendo o propósito de reserva, ela também é essencial para o funcionamento de hormônios e age como um agente antiinflamatório do organismo.
Danosa em algumas partes do corpo, ela serve como proteção em outras. A distribuição do acúmulo extra pelo tronco e membros é feita seguindo tendências genética e hormonal. A parte genética varia de pessoa para pessoa. Já a parte hormonal é diferente para homens e mulheres. “A mulher geralmente acumula mais no quadril, cintura, coxa, a partir da adolescência e depois tende a ganhar peso como um todo. O homem acumula menos gordura nessas regiões e bem depois da adolescência”, explica.
Cirurgia
De acordo com os especialistas, o único método de redução de gordura localizada com comprovação cientifica é a lipoaspiração. “Os aparelhos utilizados em diversas clínicas com este objetivo são de uso empírico e não têm respaldo de publicações científicas em revistas e jornais reconhecidos academicamente. O resultado pode ser pobre e o gasto excessivo”, argumenta o professor de Cirurgia Plástica da UFMG, Armando Chiari Junior.
A intervenção cirúrgica existe há 33 anos e, segundo ele, tem eficácia comprovada. “O método apresenta ótimos resultados se bem indicado e se executado com maestria. De outra maneira pode apresentar complicações que vão de depressões e irregularidades nas áreas operadas, até ao óbito”, afirma.