No Brasil, o psiquiatra José Eugênio Noujeimi é quem a auxilia no trabalho. Segundo ele, a ideia é de que corpo e mente atuam juntos o tempo todo. “O Reich foi discípulo de Freud e foi quem introduziu a terapia corporal dentro da concepção terapêutica que era feita com processos verbais. Já o Osho vem com a questão da religiosidade, mas ele não enxergava a religião como instituição, e sim como algo material, da natureza. Para ele, cuidar do próprio corpo já era um ato religioso, por exemplo. Na junção dessas duas práticas foi criado o pulsation”, explica o psiquiatra.
Segundo ele, a indicação da técnica para pessoas com doenças psicossomáticas se deve ao fato de esse tipo de doença associar emocional e físico. “No processo da doença e no meu processo de investigação durante o curso, percebi que 75% das doenças eram consideradas de origem psicossomática e talvez hoje sejam até mais do que isso”, lembra. José Eugênio afirma que muitas vezes o paciente vai a um consultório com alguma queixa e a ele é indicado o tratamento medicamentoso. “Os remédios não estão excluídos, mas no pulsatiosn criamos um link entre o processo para criar dispositivos que interfiram no corpo e façam com que o paciente seja proativo na cura dele.”
Durante a meditação são usadas técnicas de respiração com o propósito de relaxar a musculatura. “Para Reich, os sofrimentos que vivenciamos são armazenados e criando, o que ele chama, de ‘armadilhas musculares’. Com isso, o indivíduo vai criando bloqueios por tensão e ao respirar começam a vir lembranças e emoções e aquele momento começa a ser algo catártico. É como se a musculatura liberasse aquela energia que está guardada no subconsciente e esse processo é de dentro para fora”, afirma o psiquiatra.
Durante a vivência, também são utilizados exercícios reichianos e de bioenergética, movimentos e expressões corporais e emocionais, sons expressivos, meditações ativas e catárticas, bem como dança livre e meditativa. A ideia é que, ao fim de cada meditação, o indivíduo expresse mais vida e obtenha uma capacidade perceptiva maior. “Quando você libera essa energia reprimida, libera também sua expressividade e começa a ficar mais presente, mais vivo.”
Aneesha roda o mundo para realizar as meditações do pulsation. No ano passado, ela veio a Minas e este mês ela volta à capital mineira para realizar mais sessões em uma pousada na Serra do Cipó para dois grupos: o primeiro de 18 a 23, e o segundo de 24 a 30 de junho. “É uma alegria muito grande para nós termos a Aneesha desenvolvendo esse trabalho do pulsation em Belo Horizonte”, afirma.
Lançamento
O livro Reich, Osho e Tantra – A jornada da energia humana desde sua raiz animal ao seu florescimento espiritual, de Aneesha Dillon, ganhou tradução para o português. Ele será lançado em Belo Horizonte no dia 11, às 19h, na Livraria do Psicólogo (Avenida do Contorno, 1.390, Floresta).
TRÊS PERGUNTAS PARA... Aneesha Dilon - Terapeuta
A técnica mais predominante utilizada nesse trabalho é a respiração. A 'inspiração' e a 'expiração' da respiração é uma pulsação, assim como é o nosso batimento cardíaco e a pulsação rítmica do fluxo sanguíneo. As técnicas de pulsation proporcionam encontrar velhas repressões e bloqueios musculares no corpo por meio do encorajamento da respiração profunda, usando exercícios para mover o corpo e expressar a voz. Gradualmente, enquanto as couraças musculares vão se soltando, nos reconectamos com sentimentos que foram reprimidos na infância.
O que as pessoas relatam a você depois de participar e conhecer o pulsation?
As pessoas sempre saem se sentindo melhor, de alguma forma, do que quando começaram o processo. Todos os participantes sentem uma capacidade expandida para respirar mais plena e conscientemente, bem como uma compreensão profunda entre a conexão da respiração com os sentimentos.
O que você diria para as pessoas que buscam crescimento pessoal ou querem se livrar de um trauma?
O processo de condicionamento está presente para todos nós. Algumas pessoas são muito sensíveis ou delicadas e precisam ser abordadas com cuidado. Outras, embora ainda precisando de um espaço de suporte e aceitação, precisam se 'sacudir' mais forte para desprender-se de resistentes bloqueios. Mas o processo de dano do condicionamento é basicamente o mesmo para a maioria das pessoas: os sentimentos que foram reprimidos no inconsciente estão sabotando e envenenando a sua vida consciente. Quaisquer que sejam os sentimentos, eles precisam ser sentidos novamente e experimentados conscientemente, em vez de empurrados para longe ou retidos dentro de si.