Bom senso
São inúmeras as intervenções que podem melhorar o aspecto da pele, clareando manchas, reduzindo a oleosidade, fechando os poros, melhorando a flacidez e outros sinais de envelhecimento. “As indicações são individualizadas e devem ser direcionadas de acordo com as características da pele de cada paciente. Tratamentos combinados são bem interessantes e podem trazer resultados excelentes”, explica a dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Carolina Marçon.
Bom senso é a palavra mais importante em relação a tratamento estético. “É preciso cautela para indicar um procedimento”, aborda o dermatologista membro da SBD, Rubem Mateus Miranda. Ele conta que não é raro mulheres procurarem atendimento para aumentar o volume dos lábios sem qualquer necessidade. “Os lábios precisam estar em harmonia com o rosto. Se aumenta muito o superior em relação ao inferior, o efeito é a boca de pato que, na minha opinião, é técnica mal feita”, diz. O médico chama atenção ainda para uma doença denominada transtorno dismórfico, em que a pessoa pode, por exemplo, enxergar a boca pequena sem ter correspondência na realidade.
Para Ana Cláudia de Brito Soares, o padrão de beleza de revistas e televisão tem contribuído para que algumas pessoas percam o limite do que é adequado. “Excessos de procedimentos geram rostos caricatos”, diz.
Procedimentos mais realizados
As técnicas de rejuvenescimento podem ter também uma ação preventiva, com o é o caso da toxina botulínica, comercialmente conhecida como botox. A substância impede a contração da musculatura e é utilizada para atenuar as rugas de expressão. “Se o paciente é mais jovem, dá um sorriso e no repouso começa a aparecer a ruga já é indicação de fazer uso”, explica Rubem Mateus Miranda. O dermatologista observa que é preciso tomar cuidado para não ser agressivo na aplicação e não paralisar muito a expressão. É contraindicado para pacientes que têm alguma doença neuromuscular ou degenerativa.
No caso do preenchimento, o produto mais difundido é o ácido ialurônico que tem efeito temporário e duração que varia entre 8 meses e um ano. “Ele ocupa volume e é indicado para amenizar o bigode chinês”, exemplifica o especialista.
O laser de CO2 age estimulando a produção do colágeno e pode ser feito não só no rosto, mas também no pescoço. É uma técnica um pouco mais agressiva e o desafio dos pesquisadores é alcançar um resultado melhor com menor tempo de recuperação. “O efeito vai se fazendo durante meses e o paciente não pode tomar sol em hipótese alguma durante 15 dias. É comum minar uma água da pele logo após o procedimento”, esclarece.
O resultado é um rejuvenescimento global da face. A técnica é menos recomendada para as pessoas de pele morena, que têm maior risco de manchas. É indicado também para atenuar cicatriz de acne, estria quando ela ainda está com a coloração vermelha, cicatriz de cesariana e da cirurgia de redução de estômago. “O efeito é cumulativo, até seis meses depois o organismo pode estar fazendo colágeno”, explica Rubem.
A técnica de luz pulsada é menos agressiva que o laser de CO2 e age para melhorar manchas de pele, vasinhos, poros abertos e a textura da face como um todo. Geralmente, a indicação é de três seções com um intervalo mensal entre elas. Ela é interessante para as pessoas que precisam trabalhar no dia seguinte e pode ser repetida a cada seis meses.
Cada caso é um caso
Ana Cláudia de Brito Soares diz que existem dois tipos de envelhecimento da pele: o intrínseco ou inexorável, que é impossível segurar, e o extrínseco, causado, por exemplo, pelo tabagismo, radiação solar, má nutrição, abuso de álcool. Nesse caso, é possível combater, controlar e melhorar os sinais do tempo. Ela explica por que os cosméticos antissinais, comercializados sem receita, não conseguem atuar na prevenção do envelhecimento. “Eles têm princípios ativos sim, mas como são de venda livre, a concentração é pequena já que não podem causar qualquer tipo de reação indesejada na pele de ninguém”, esclarece.
Quando o assunto é pele, cada idade tem a sua preocupação. No caso das crianças, é a exposição ao sol, do adolescente, principalmente a acne e para as mulheres a partir dos 30 anos, os primeiros sinais de envelhecimento. “Essa é a época em que é possível começar a prevenir e atuar de uma forma mais suave”, pontua. A médica ressalta, entretanto, que essa é uma regra geral. “Uma mulher com sardas ou uma mulher loira talvez precise de um tratamento estético mais cedo”, fala.
“A pele aos 40 anos é reflexo dos hábitos de vida até esse período: ou se colhe os louros de um passado bem cuidado ou se paga os pecados cometidos”, salienta Carolina Marçon. “Calcula-se que o estilo de vida responde por 70% da longevidade de uma pessoa e apenas 30% se deve a fatores genéticos”, completa.
Outro fator que influencia a pele após os 40 anos são as alterações hormonais próprias da menopausa. “Pesquisas recentes, feitas com mulheres de 30 anos em diante, mostram que o processo de envelhecimento cutâneo começa por volta dessa idade,mas intensifica-se entre os 40 e 50 anos, exatamente a época de aparecimento dos primeiros sintomas da menopausa”, afirma Marçon.
Fatores externos
Além dos efeitos nocivos do sol, há outros fatores que prejudicam a pele, como o cigarro, o álcool, o estresse, a alimentação desequilibrada e a poluição. “O frio, o vento, as diferenças de temperatura e o calor úmido são fatores climáticos que expõem a pele a um estresse acelerador do envelhecimento. O clima frio e o uso de ar condicionado promovem ressecamento e a perda da hidratação natural da pele. O ar poluído das grandes cidades pode obstruir os poros, proporcionando um aspecto grosseiro e opaco à pele”, enumera Marçon.
No caso do cigarro e do álcool, a especialista detalha que ambos alteram o metabolismo celular da epiderme e estimulam a produção de radicais livres. “As substâncias tóxicas do cigarro causam destruição das fibras de colágeno e elastina, responsáveis pela elasticidade e firmeza da pele, além de causarem vasoconstricão (estreitamento) dos vasos cutâneos, prejudicando a nutrição e deixando a pele pálida e amarelada. O fumo exacerba o fotoenvelhecimento, principalmente em mulheres. Existe uma relação direta entre o número de maços fumados por ano e a gravidade do enrugamento e coloração acinzentada da pele”, observa.
Unanimidade
O protetor solar é unanimidade entre especialistas e o principal aliado quando se fala em prevenção. “Os raios UVA e UVB emitidos pelo sol são os grandes inimigos da saúde da pele, independente da faixa etária”, explica Carolina Marçon. Não é demais repetir que as pessoas precisam ter o cuidado de aplicar diariamente o fotoprotetor. “A radiação UVA danifica o colágeno e as fibras elásticas, levando a perda de sustentação e elasticidade. A radiação UVB, incidente principalmente das 10h às 16h, causa queimadura e aparecimento de manchas e é a principal responsável pelo câncer de pele. A UVA é a grande responsável pelo envelhecimento cutâneo e mantém-se praticamente constante em todas as estações do ano, mesmo nos dias nublados e chuvosos”, detalha a especialista.
“Se for para escolher apenas um creme para usar é o filtro solar. A proteção não dura o dia todo. Se as pessoas estão expostas ao sol, precisam reaplicar a cada duas horas. Em ambiente fechado, é necessário passar três vezes ao dia”, reforça Rubem Mateus Miranda.
A aplicação diária evita o aparecimento de manchas, vasinhos e rugas. “Além dos prejuízos estéticos, a exposição solar prolongada e de maneira inadequada pode causar câncer. O câncer de pele é considerado o tumor de maior incidência no Brasil, por isso, os cuidados com a pele devem começar na infância, a partir dos seis meses. O uso diário de protetor pode reduzir em até 85% as chances de desenvolver a doença”, salienta Carolina Marçon.
Na hora de escolher entre as inúmeras marcas disponíveis no mercado, a dermatologista dá algumas dicas. “Para peles oleosas são recomendados os produtos em gel, gel creme ou loções oil free (sem óleo). Já quem sofre com a pele ressecada deve optar por loções mais cremosas. Além disso, há no mercado muitos cosméticos com tecnologias sofisticadas que aliam a proteção solar a substâncias hidratantes e antifotoenvelhecimento”, diz. Segundo ela, o que diferencia um fotoprotetor de boa qualidade de um de qualidade inferior é a proteção contra radiação ultravioleta A (UVA). “Os bons filtros têm fator de proteção contra UVA mais amplo. O fator FPS está relacionado somente à proteção contra os raios UVB. O mais prático, é procurar nas embalagens a seguinte frase: ‘proteção solar máxima UVA/UVB’”, indica.