Fly ioga usa técnicas do circo para trabalhar elasticidade sem abrir mão da meditação e espiritualidade

Os resultados da prática são o trabalho intenso das pernas, fortalecimento muscular e aumento da capacidade respiratória, além do bem-estar

por Luciane Evans 25/05/2013 10:10

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Beto Novaes/EM/D.A Press
Patrícia Calori, consultora financeira, sai das aulas se sentindo mais leve e mais concentrada (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Ali, ela se encontrou. De cabeça para baixo, pendurada por um tecido, a psicóloga Etiene Azevedo, de 34 anos, diz ter aprendido a se arriscar mais. E isso, segundo ela, não se limita aos exercícios físicos. Ela passou a correr mais “riscos” também na própria vida. Ali, ela mais parece de borracha e tem horas que se assemelha a um morcego. “Você trabalha aqui coisas que vai trabalhar na sua vida, como concentração e foco. Pessoas mais determinadas e sem medo se darão melhor. Passei a me arriscar mais”, afirma Etiene. Essa prática que mudou a vida da psicóloga é relativamente recente em Belo Horizonte. Chama-se fly ioga, e é um método que mistura a espiritualidade do ioga com a elasticidade e a diversão circense.

Ainda não se sabe ao certo quando foi que a prática surgiu no mundo. Muitas correntes defendem que apareceu primeiro na Índia, outras juram que foi na Tailândia, e há quem diga que começou na Califórnia. O certo é que ela chegou a Belo Horizonte há quase um ano pelas mãos de Maria Lúcia de Souza. Professora há mais de 20 anos do tradicional hatha ioga, Lúcia, assim chamada, conta que, em 2010, a novidade já se espalhava na Califórnia e na Tailândia. “Uma amiga esteve no estado norte-americano e me contou sobre a prática. Fui para São Paulo aprender com ela, depois fui para Nova York conhecer ainda mais”, diz.

Foi assim que, há 11 meses, Lúcia resolveu trazer para capital mineira o fly ioga, que, segundo ela, pode ajudar os praticantes a perder 340 calorias por aula. São no máximo seis alunos, porque, segundo ela, são práticas que exigem mais deslocamentos do corpo e, por isso, as turmas devem ser reduzidas. “É algo que também remete à infância, há quem dê gargalhadas enquanto faz.”

Na sala no Buritis, na Região Centro-Oeste, são oito tecidos vermelhos presos no teto, que ao cair parecem alças. É ali que ocorre a maior parte da aula. Como qualquer prática de ioga, os praticantes são recomendados a ir bem à vontade, desligar os celulares e relaxar. Os alongamentos já começam com o tecido, que muitas vezes funciona como um suporte para quem quer esticar o corpo ou parte dele. É como se desse a quem faz a segurança de se permitir mais. “No princípio, pode-se sentir medo, mas a pessoa vai se permitindo. No alongamento, você consegue ir além sem exigir tanto do corpo.”

 

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Na hora da aula, quem não conhece bem os resultados da prática acha que tudo não passa de uma deliciosa brincadeira. Porém, para fazer os movimentos o braço é bem trabalhado. Por isso, não se assuste se no outro dia sentir as dores da prática, como avisam os praticantes. “Tudo parece circense, mas estamos fazendo vários exercícios excelentes para o corpo. Sem contar que a respiração é acompanhada, há o relaxamento e a meditação”, esclarece Lúcia. As chamadas asanas (exercícios que trabalham o físico, mental e espiritual no ioga) são feitas e, pasmem, a meditação é com o tecido, que vira uma espécie de cadeira, bem confortável para a prática.

Beto Novaes/EM/D.A Press
Quem não conhece bem os resultados da prática acha que tudo não passa de uma deliciosa brincadeira (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
“Não é um ioga em que exigimos o repleto silêncio. As pessoas ficam tão alegres que brincam”, conta Lúcia. Os resultados, segundo ela, são o trabalho intenso das pernas, fortalecimento muscular e aumento da capacidade respiratória, além do bem-estar. Etiene, mãe de uma criança de 2 anos, diz que o ioga passou a ser a sua única atividade física. “Estou me sentindo bem, com músculos mais rígidos.” A consultora financeira Patrícia Fogolin Calori, de 40, também se sente melhor. “Mexe com todo o corpo. O alongamento é mais intenso e a sensação é de renovação de energias. A gente sai daqui mais leve.” Para Patrícia, as aulas foram boas para deixá-la mais concentrada na vida.

SÃO PAULO
Há dois anos, a prática já é sucesso em São Paulo. Lá, chamado de flying yoga, o método é aplicado na Companhia Athletica e, segundo a professora Juliana Azzi, a intenção é expandir para toda a rede, inclusive para a unidade em Belo Horizonte. “É uma aula muito descontraída. Há uma procura alta”, comenta, dizendo que os exercícios podem ser feitos de forma intensa. “Os alunos sempre estão em busca de algo diferente, que lhes dê prazer. Nesta aula, a gente trabalha de forma lúdica, como a postura do morcego, na qual o praticante fica de cabeça para baixo, dependurado pelo tecido”, explica. Segundo ela, a grande vantagem é o equilíbrio e a concentração que a atividade permite.