

Mais relacionado à autoestima do homem que ao prazer da mulher, o tamanho do pênis permanece em destaque no debate sobre sexualidade. O fato é que apenas 2% dos homens têm o pênis pequeno: menos de 10 cm de comprimento quando ereto. Mesmo assim, o número de pacientes que procuram médicos para abordar o problema é significativo. “Quando falamos em tamanho de pênis, para muitos parece um assunto fútil e supérfluo. Isso se deve ao fato de que, estatisticamente, a grande maioria dos homens tem um membro de tamanho normal e, para estes, tamanho não é problema. Entretanto, para aquele que tem um falo de pequenas dimensões, seguramente não existirá problema maior”. A afirmação é do médico-urologista, membro da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) e Sociedade Americana de Urologia (SAL), Marcelo Salim.
A exceção vai de um extremo a outro: um a cada 500 homens tem o órgão sexual superior a 23 cm de comprimento quando ereto. Apesar de os números usados por pesquisadores, especialistas e profissionais apontarem para uma regra que comprova a predominância da “normalidade”, o mito do pênis grande é um assunto que acompanha o universo masculino. “Sabe-se que a maior parte dos homens tem o pênis de tamanho normal e que alguma referência ou comparação na infância trouxeram-lhe a uma visão equivocada que dificilmente será apagada”, explica Salim.
Para quem realmente precisa lidar com dimensões consideradas inadequadas para um bom intercurso sexual, a cirurgia para aumentar o tamanho do pênis pode ser uma opção, mas é recomendada para menos de 1% dos pacientes. “Não existe cirurgia consagrada. A maioria das técnicas utilizadas não tem bons resultados e não são recomendadas pela SBU e SAL”, observa o especialista que há 25 anos trabalha com a saúde do homem. No entanto, segundo ele, em casos específicos podem apresentar resultados eficientes.

Para o diâmetro
Marcelo Salim explica que em 1990 surgiram alternativas inspiradas nas técnicas de cirurgias plásticas como, por exemplo, o enxerto de lábios. “O silicone líquido era injetado no pênis e o resultado foi catastrófico. O produto migra e forma nódulos ao longo do pênis que fica com um aspecto visual feio e irregular”. O urologista conta que outras técnicas com outras substâncias também foram testadas até se chegar à gordura do organismo do próprio indivíduo. “Os resultados foram melhores, mas, com o tempo, a gordura era absorvida, o pênis voltava ao diâmetro original e ainda aconteciam retrações nos pontos de injeção da gordura”.
Para o comprimento
Mais comuns nos Estados Unidos e Europa, as técnicas que hoje são bem aceitas pela comunidade médica não vão aumentar o tamanho do pênis em si, mas vão liberá-lo de dentro do corpo cavernoso, ou seja, da porção que fica dentro da pelve. “No corpo cavernoso tem um ligamento - que faz a comunicação do pênis com o púbis - que pode ser liberado sem prejudicar a ereção”, detalha Salim. Ele explica que o homem ganha um desenvolvimento maior na ereção, em torno de 2 a 3 cm, e, em repouso, o ganho é em torno de 1 cm. “A queixa nos consultórios é sempre de comprimento, nunca de diâmetro”, diz.
Outra prática bem aceita é a aspiração da gordura pubiana. “O homem acumula gordura no sub-púbis. Visualmente, esse acúmulo diminui o tamanho do pênis, flácido ou ereto”, afirma. Marcelo Salim explica que a associação das duas técnicas proporciona resultados visuais muito bons.
Recomendações

Em situações excepcionais, no entanto, as técnicas são recomendadas. “Casos de pênis embutido ou bolsa escrotal mal implantada podem sofrer cirurgias corretivas que vão aumentar o tamanho”, pondera o médico.
Nessas situações, o paciente fica 45 dias de abstinência sexual e pode sentir dor em caso de ereção durante esse período. “Não é forte. É importante lembrar que o pênis e a vagina têm pouca sensibilidade dolorosa e muita sensibilidade tátil”, salienta. A cicatriz é pouco visível porque fica localizada na base do pênis, uma região com pêlo.
A prostatectomia radical ou retirada total da próstata pode levar à retração do pênis. “O cirurgião deve estar atento para evitar complicação no pós-operatório para que o homem possa retomar a atividade sexual precocemente”, observa Salim. Ele diz que o uso da bomba de vácuo também pode evitar essa retração.
Atenção
Produtos criados para provocar a expansão do tecido foram desenvolvidos em observação a técnicas de algumas tribos que expandem os lábios e as orelhas, como os Botocudos, e na expansão do pescoço das mulheres-girafas que vivem ao Norte da Tailândia e pertencem ao subgrupo Padaung da tribo Karen.
Baseado nessas observações, de acordo com Salim, foram desenvolvidos produtos e aparelhos para provocar essa expansão, mas além de os resultados não terem convencido a classe médica a lançar mão dessas técnicas, não são aconselhados e podem trazer riscos.
Sexo
O tamanho do pênis não muda o prazer do homem, nem o da mulher. Salim observa que a relevância da dimensão está mais relacionada a autoestima do homem, de ele se enxergar viril e com a capacidade de levar a parceira ao orgasmo. “A vagina tem de 12 a 16 cm de profundidade, mas comporta um pênis maior por causa da característica da elasticidade”, observa.
Ponto de vista feminino

Nos 2/3 posteriores a sensação tátil praticamente não existe e, apesar de a vagina ser muito elástica e acomodar pênis maiores que 20 cm, o movimento de fricção vai estimular as fibras dolorosas. “O pênis grande mais incomoda do que leva ao prazer. O pequeno carrega um estigma de menos sex appeal, menos poder. Só que isso está muito mais relacionado com o cultural do que com o biológico. Pensar que os homens com pênis grande têm maior poder na relação sexual é muito mais animal do que relacional”, pontua.
A especialista explica que a ejaculação precoce influencia mais o orgasmo feminino do que a disfunção erétil ou o pênis pequeno porque diminui o tempo da relação sexual. “A queixa da mulher está mais relacionada a isso do que à penetração ou o tamanho do pênis”, diz.
A excitação é o grande facilitador do orgasmo feminino e isso é propiciada pelas preliminares, lubrificação e outros estímulos. “O clitóris é o principal responsável pela excitação da mulher e não a penetração vaginal. Tocá-lo provoca alto índice de excitação e orgasmo”.
Stany ressalta que prazer e orgasmo são coisas diferentes. “Orgasmo é uma sensação elétrica produzida por espamo muscular, que tem uma duração de poucos segundos e provoca uma onda de bem-estar. O prazer está mais ligado à relação sexual em si, ao contato com o corpo do outro”, salienta.
Para ela, é importante desmitificar o poder do tamanho do pênis, já que a média do brasileiro é entre 12 e 14 cm. “Tamanho e potência são coisas bem diferentes”, finaliza.