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Em 2001, os pesquisadores do NEI já haviam relatado que o suplemento com vitamina C e E, betacaroteno e zinco reduzia o risco de DMRI avançada em cerca de 25% dos pacientes em cinco anos. Em 2006, deram início a uma nova etapa do estudo, com o intuito de avaliar se a adição de ômega 3, carotenoide luteína e antioxidante zeaxantina poderia tornar o suplemento alimentar mais eficaz na redução dos riscos de DMRI avançada e ou catarata. Os resultados foram apresentados agora e comprovam avanços na melhora visual com a adição da luteína e da zeaxantina, presentes principalmente em vegetais em tom verde-escuro — espinafre, couve-flor, ervilha e brócolis, por exemplo — e em frutas amarelo-alaranjadas, como nectarina, laranja, mamão e pêssego.
Segundo a líder da pesquisa, Emily Chew, saber a quantidade necessária de compostos vitamínicos e os que devem ser usados no suplemento alimentar é um marco contra a progressão da doença. “A DMRI é a principal causa de cegueira na terceira idade e o esperado é que o número de pessoas prejudicadas com a baixa acuidade visual possa dobrar nos próximos 20 anos”, afirma. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o problema afeta entre 25 e 30 milhões de pessoas em todo o mundo.
Prevenção
Diretor do Instituto Americano Nacional dos Olhos, Paul Albert considera que a descoberta do estudo americano é um importante passo para assegurar que a doença não continue avançando. “Milhões de pessoas mais velhas nos Estados Unidos tomam suplementos nutricionais para proteger a visão sem uma orientação clara sobre benefícios e riscos. Esse estudo esclarece o papel dos suplementos para ajudar a prevenir a DMRI avançada”, avalia.
Presidente do Centro Brasileiro da Visão, Marcos Ávila explica que, no Brasil, o diagnóstico da DMRI é crescente. “Como estamos vivendo mais, surgem os problemas de saúde relacionados à idade, como a DMRI, que afeta sobremaneira a visão”, diz. O especialista explica que, pelo fato de os sintomas iniciais serem geralmente imperceptíveis, a visita ao médico acontece no momento em que a doença está avançada. “Normalmente, quando chegam ao consultório, os pacientes já estão praticamente sem a visão de um dos olhos.”
O estudo americano sugere que, além da adoção da luteína e da zeaxantina na suplementação mais recomendada pelos médicos, seja retirado o betacaroteno. Isso porque há estudos indicando que o excesso dessa substância aumenta o risco de câncer de pulmão em fumantes. “A nova recomendação é substituir o betacaroteno por luteína e zeaxantina. Essa será uma formulação mais segura e eficaz”, afirma Emily Chew.
A pesquisadora ressalta ainda que a descoberta pode ter uma aplicação também entre as pessoas que não chegaram à terceira idade. Se passarem a consumir mais luteína e zeaxantina, a suplementação durante a velhice poderá ser reduzida ou até mesmo dispensada. “Não é só uma questão de medicamento, nossas conclusões se aplicam também aos mais jovens, que precisam adotar hábitos alimentares saudáveis”, diz.
Desconhecida até entre os pacientes
A estimativa é de que de 10% a 15% da população idosa brasileira tenha a degeneração macular relacionada à idade (DMRI). E a maioria dessas pessoas nem sequer conhece a doença. Um levantamento feito em abril pela Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo (SBRV) com 4.030 pessoas em Recife, São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Brasília indicou que 79% delas não sabem o que é a DMRI. O presidente do Centro Brasileiro da Visão, Marcos Ávila, explica que pode haver predisposição genética para a doença, mas, no geral, ela afeta mais as pessoas de pele clara.
“Indivíduos com excesso de peso, fumantes, pessoas com o colesterol elevado e hipertensos devem ficar atentos com relação ao desenvolvimento da doença. Vale lembrar que o uso de óculos escuros é de extrema importância, uma vez que os raios ultravioletas são nocivos aos olhos”, diz o retinólogo.
Antônia Alves, de 80 anos, descobriu há três a doença e suas atividades foram comprometidas com a baixa acuidade visual. A idosa, que gostava de ir aos fins de semana em bailes de dança, teve que deixar a diversão em razão do problema. A filha dela, Eugênia, conta que o diagnóstico tardio gerou consequências não apenas para os olhos da mãe. Afetou também a autoestima. “Os momentos de lazer foram evitados, pois enxergar estava se tornando uma tarefa difícil. A boa notícia é que, com os suplementos alimentares, a doença parou de progredir”, destaca Eugênia.
A fotocoagulação a laser e a cirurgia submacular são as intervenções usadas pelos médicos contra a DRMI. “A grande dificuldade é que os pacientes têm que voltar sempre ao consultório para dar continuidade ao tratamento”, enfatiza Ávila. Novos medicamentos de ação antiogênica foram aprovados recentemente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Eles atuam no combate à DMRI úmida, a forma mais séria e grave da doença, e são aplicados por meio de injeção intravítrea — quando o medicamento é injetado dentro da cavidade vítrea —, que tem vantagem significativa ao tratamento atual. Em vez de voltar ao médico mensalmente, o paciente receberá a droga por três meses consecutivos e, posteriormente, a cada dois meses.