Somente para o ano passado, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estimou o diagnóstico de 30 mil novos casos da doença no Brasil. O mal é, segundo o Inca, o terceiro câncer mais incidente em brasileiros, ficando atrás apenas do câncer de pulmão e de próstata no público masculino, e de mama e de colo do útero na população feminina. No entanto, a mortalidade por causa da enfermidade é maior. Em 2010, 13,3 mil pessoas morreram vítimas do câncer de colorretal, número maior do que as mortes ocasionadas pelo câncer de mama (12.852), de próstata (12.778) e de colo do útero (4.986) no mesmo ano, no país.
Outra particularidade do câncer de intestino está na prevenção, de acordo com a coloproctologista Sinara Leite, vice-presidente da Sociedade Mineira de Coloproctologia e professora da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais. “Uma pessoa pode passar a vida inteira usando protetor solar e ter câncer de pele, por exemplo. Já o câncer do intestino é passível de prevenção”, compara. Isso porque, segundo ela, antes de aparecer tumor no reto ou no cólon, surgem os pólipos, uma espécie de verruga que se aloja no tecido do intestino. “Eles surgem como benignos e, se não retirados, crescem, chegam até 40 milímetros e se transformam em um tumor maligno”, diz.
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Gama lembra que, quando os tumores malignos estão instalados do lado direito do cólon, o primeiro sintoma é sensação de cansaço e anemia. “A pessoa vai perdendo sangue e não percebe, pois está oculto nas fezes. Um adulto que começa a emagrecer muito, sem estar fazendo dieta, deve ficar alerta.” Quando do lado esquerdo, o diagnóstico pode ser mais fácil, já que o sangue não fica oculto. “Ao ir ao banheiro, a pessoa vai perceber. O problema é que, muitas vezes, os pacientes confundem com hemorroidas e não dão importância”, esclarece. Quando o tumor está no reto, há sangramento visível. O paciente vai muitas vezes ao banheiro, mas evacua um pouco de cada vez. “Do lado esquerdo do cólon, quando o tumor cresce, há dificuldade de evacuar. Há quem fique cinco dias sem ir ao banheiro. É um sinal de estágio avançado da doença”, alerta a médica.
Se identificado precocemente, a chance de cura do câncer chega a 80%. A doença pode surgir em qualquer idade, mas, de acordo com os especialistas, pessoas com casos na família (parentes de primeiro grau) têm risco seis vezes maior. Recomenda-se que, a partir dos 30 anos, se faça o exame de sangue oculto nas fezes. “A partir dos 40, é bom fazer um exame proctológico, que deve ser repetido a cada cinco anos. Depois dos 50 anos, o indicado é a colonoscopia”, comenta Sinara. Para Gama, a má alimentação pode ser o gatilho para a alta incidência da enfermidade no Brasil. “A alimentação infantil é a que merece ser modificada. Nossas crianças estão usando alimentos industrializados, muitos doces e comidas gordurosas.” A coloproctologista Sinara Leite avisa que a falta de fibras, o excesso de carne vermelha, o tabagismo e o sedentarismo podem favorecer o surgimento de pólipos.
FÁCIL PREVENÇÃO
O câncer do intestino grosso, que atinge 26 mil brasileiros por ano, pode ser evitado por medidas preventivas. Quando o diagóstico é precoce, é possível curar em média 80% dos casos
O que é
Tumor maligno que acomete a região do cólon e do reto, também conhecido como intestino grosso
Como inicia
Com o aparecimento de pólipos, pequenos tumores benignos, parecidos com verrugas. Quando retirados, não evoluem. Mas, se o paciente não se tratar, os pólipos podem evoluir para um tumor maligno
Principais sintomas
- Mudanças no hábito intestinal (diarreia ou prisão de ventre)
- Presença de sangue nas fezes
- Vontade frequente de ir ao banheiro, com sensação de evacuação incompleta
- Sangramento anal
- Dor ou desconforto abdominal
- Perda de peso sem razão aparente
- Cansaço, fraqueza e anemia
Diagnóstico
A partir dos 50 anos, os exames de rotina devem incluir o de sangue oculto nas fezes (sinal de irritação do intestino). Outro exame, realizado pelo Sistema Único de Saúde, é a colonoscopia, no qual é possível visualizar em uma tela a aparência do órgão
Situações de risco
- Fatores hereditários ou doenças pregressas (5% dos casos)
- Alimentação rica em gorduras e pobre em fibras
- Ser fumante
- Ter mais de 50 anos