O artigo, publicado no Jornal da Academia de Nutrição e Dietética dos Estados Unidos, determinou que as evidências mais crescentes caminham contra os alimentos de alto índice glicêmico e os produtos lácteos. Os primeiros são principalmente doces e carboidratos refinados.
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Constatação no consultório
Coordenador do Departamento de Cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Jayme de Oliveira Filho acompanhou essas mudanças na literatura médica durante quase quatro décadas de atendimento clínico. O dermatologista conta que, quando trabalhava no Hospital das Clínicas, nos primeiros anos de formado, havia um consenso entre os médicos de orientar os pacientes a não comerem chocolate, amendoim ou qualquer outro alimento relacionado ao trânsito intestinal. “Pensava-se que a permanência do bolo fecal em quem tinha o intestino preso promovia a absorção de uma substância que gerava uma piora da secreção da glândula sebácea, e que alguns alimentos poderiam alterar isso”, conta.
Ele lembra da mudança nos anos de 1970 e de 1980, quando diversos estudos surgiram para enterrar a conexão entre dieta e acne. “Desde então, paramos de dar esse tipo de orientação. Mas, de uns anos para cá, começaram a surgir outra vez novos trabalhos mostrando que indivíduos com dietas mais ricas em gordura ou chocolate talvez tenham o hábito relacionado à piora da acne mais comum.” Segundo ele, a observação da comunidade médica é de que demorará até que haja um embasamento científico convincente. “Não podemos deixar de ter o bom senso. Se você tem acne e acha que sardinha piora, deixe de comer sardinha. Mas não me convence ainda dar uma dieta específica para acne.” O dermatologista considera que um tratamento intensivo terá resultados com ou sem uma dieta específica.
Cautela e acompanhamento A nutricionista Alessandra Furlan Comin estuda a relação entre a doença e a alimentação e acredita que a conexão existe, mesmo não sendo causal.
A nutróloga Liliane Oppermann ressalta que, independentemente das pesquisas atuais, não é possível afirmar que a alimentação possa ser um fator desencadeador da acne.“Quem não tem acne não vai passar a ter por causa da alimentação. O que se sabe é que a pessoa que tem a doença por outros motivos, sejam eles fatores hormonais, sejam hereditários, uma vez com a alimentação rica nesses produtos, pode ter uma piora”, ressalta. A indicação de Oppermann é que o tratamento contra a doença possa ser acompanhado pela terapia nutricional para que possa ter resultados ainda mais expressivos.
Dúvida antiga
Os principais estudos que colaboraram para refutar a conexão entre a acne e a dieta foram publicados em 1969 e em 1971. Na primeira pesquisa, da equipe de James Fulton, foi examinada a relação entre chocolate e acne. Os 65 participantes com acne suave a moderada consumiram uma barra de chocolate ao leite ou placebo todos os dias durante quatro semanas. As observações foram suficientes para determinar que o chocolate não teria afetado o desenvolvimento da acne.
No segundo estudo, realizado por P.C. Anderson e colegas, a análise abrangeu o chocolate e outros alimentos popularmente conhecidos por favorecer a acne, como amendoim, leite e refrigerantes. Eles examinaram os hábitos alimentares relatados por 27 universitários, a relação com os alimentos e uma autoavaliação sobre a gravidade da doença. As lesões foram mapeadas para a comparação dos quadros antes e depois do tratamento. Em uma semana, os participantes não narraram novas crises de acne, levando à conclusão de não influência da dieta na doença. Erros metodológicos também foram encontrados em décadas posteriores. (BS)
OS VILÕES
Alimentos com alto índice glicêmico
O índice glicêmico (IG) ou glicemia é um fator que diferencia os carboidratos e está relacionado à velocidade com que eles são digeridos pelo organismo. Quanto mais rápida, maior é a liberação de insulina pelo pâncreas. O hormônio é responsável pela entrada de açúcar no sangue.
Exemplos: Batata assada, frita e palha; purês instantâneos e caseiros; refrigerantes e cervejas; bolachas recheadas; arroz branco; pão francês e pães de farinha branca; doces de padaria ou em compota; e açúcares em geral
Produtos lácteos
Embora a maioria das evidências sugira que o consumo de leite seria o mais crítico para o agravamento da acne, atualmente, não há evidências suficientes para recomendar a restrição de leite a pacientes. No entanto, resultados preliminares de estudos indicam que a ingestão de leite fermentado pode ser uma alternativa ou terapia auxiliar para um subgrupo de pacientes com acne
OS MOCINHOS
Alimentos com baixo teor glicêmico
Esses demoram muito mais para ser digeridos. A consequência é maior saciedade, menor liberação de insulina e menor quantidade de açúcar no sangue
Exemplos: Abacate, abobrinha, agrião, alface, alcachofra, ameixa, amendoim, amora, aveia, aspargo, atum, berinjela, brócolis,
broto de feijão, castanha-de-caju, castanha-do-pará, nozes, cenoura, feijão, ervilha, damasco seco, ameixa seca, couve-flor, grão-de-bico, soja, kiwi, maçã, macarrão e massas com ovos, margarina,
ovo de galinha
Ômega 3
Em 2008, um estudo de caso investigou os efeitos de um suplemento de ômega 3 no desenvolvimento da acne e, após oito semanas, os pesquisadores observaram uma diminuição na progressão da doença. Outros cientistas examinaram, em 2012, a relação entre o consumo frequente de peixe e a acne. Eles concluíram que se alimentar com determinados peixes foi negativamente associado com a gravidade da acne, indicando que o consumo frequente de ômega 3 tem um efeito protetor sobre a acne
Exemplos: Peixes de águas profundas e frias (arenque, sardinha, salmão, atum, bacalhau e truta), óleos de peixe,sementes, óleo de linhaça, castanhas e nozes, vegetais de folhas verde-escuras e
óleos vegetais.