A dança circular surgiu no fim da década de 1970, em Findhorn, na Escócia, uma comunidade espiritual, quando o bailarino clássico, coreógrafo, professor e pintor alemão Bernhard Wosien e sua filha, Maria Gabriele Wosien, foram convidados para ministrar um curso de danças de roda para os habitantes dessa ecovila. A partir desse encontro, a dança circular, também chamada de dança circular sagrada, se espalhou pelo mundo com a proposta de “por meio da vivência da dança, viver intensamente o aqui e agora”, ensina a bailarina Cristiana Menezes, professora de técnica de dança clássica e membro do corpo docente do Departamento de Dança do Centro de Formação Artística, na Fundação Clóvis Salgado.
Referência em dança circular no Brasil, Cristiana enfatiza que, por meio do círculo, o dançante readquire valores como cooperação, tolerância, respeito à diferença, fraternidade e interação com outras pessoas de forma singela e amorosa. “O círculo é um símbolo de unidade na diversidade e nele somos todos iguais. Dançar em um círculo de mãos dadas nos ajuda a resgatar valores esquecidos na sociedade ocidental individualista e competitiva. A proposta do trabalho se insere na cultura da paz.”
O movimento chegou ao Brasil no fim da década de 1980 trazido pelo arquiteto mineiro Carlos Solano, que esteve por oito meses na comunidade de Findhorn. Hoje, está em quase todo o país. Em Belo Horizonte, a bailarina conheceu essa forma de dançar em 1991 e se apaixonou. Desde então, tem se dedicado a ministrar cursos de formação para pessoas que desejam se tornar focalizadoras (nome dado àquele que transmite a dança e conduz a roda), além de manter grupos regulares.
Ela ressalta que a dança circular é ferramenta de trabalho para psicólogos, consultores organizacionais, educadores, professores de dança, educação física, terapeutas ocupacionais e corporais, ioga e para todas as pessoas que desejam se aprofundar no conhecimento da dança.
REVIGORANTE
A engenheira química e professora da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Solange Vaz Coelho pratica a dança circular há 15 anos. “A roda é fantástica, o círculo tem força, traz alegria, prazer e sinergia. A dança, além de me permitir uma atividade física, harmoniza meu corpo e alma de forma leve”, ressalta.
Para Solange, a dança circular é leve e a roda harmônica “é uma meditação”. Ela conta que fica tão concentrada que é levada pela música, “que flui pelo meu corpo, não importa o ritmo.” Ela reforça ainda que a prática é importante porque aumentou sua consciência corporal e ela passou a ficar mais atenta, além de ter melhorado sua flexibilidade. Depois de tanto tempo, ela revela que a dança está incorporada no seu dia a dia. “Ela me trouxe melhoria na qualidade de vida. É um alimento para o corpo e a alma.”
O empresário Roberto Fernandes de Araújo, de 52, também compositor e ator, faz dança circular há cinco anos. “É uma terapia. Além de me exercitar faz bem à mente. A prática me deixa mais relaxado, tranquilo e concentrado.” Para Roberto, a dança o ajudou ainda na expressão corporal, o que contribuiu com sua evolução no teatro e também nas aulas de canto. “Sem falar que é espaço para conhecer pessoas, meu grupo de amigos aumentou. E o ato de dar as mãos, um de frente para o outro, proporciona uma troca de calor humano incrível.”
CURSO
Ministrante: Cristiana Menezes
Duração: maio a outubro (cinco fins de semana, das 9h às 19h)
Contato: (31) 8875-7106 e
crismenezes.mail@gmail.com