Saúde

Dança circular permite a pessoas de todas as idades e credos expressar seus sentimentos

Modalidade criada na década de 1970 se espalha pelo mundo com a missão de resgatar valores e conectar o ser humano

Lilian Monteiro

A dança circular desperta a cooperação, o respeito mútuo, tolerância e aceitação
Busca do afeto, do olho no olho, da energia de mãos dadas. A procura lembra uma cena romântica, mas trata-se da busca pela paz por meio da dança circular, que permite a pessoas de todas as idades e credos expressar seus sentimentos. Quem se entrega à dança de roda alcança a comunhão, a alegria, a união e resgata os valores de forma amorosa.


A dança circular surgiu no fim da década de 1970, em Findhorn, na Escócia, uma comunidade espiritual, quando o bailarino clássico, coreógrafo, professor e pintor alemão Bernhard Wosien e sua filha, Maria Gabriele Wosien, foram convidados para ministrar um curso de danças de roda para os habitantes dessa ecovila. A partir desse encontro, a dança circular, também chamada de dança circular sagrada, se espalhou pelo mundo com a proposta de “por meio da vivência da dança, viver intensamente o aqui e agora”, ensina a bailarina Cristiana Menezes, professora de técnica de dança clássica e membro do corpo docente do Departamento de Dança do Centro de Formação Artística, na Fundação Clóvis Salgado.

Ilustrações do alemão Bernhard Wosien, divulgador da dança circular
Referência em dança circular no Brasil, Cristiana enfatiza que, por meio do círculo, o dançante readquire valores como cooperação, tolerância, respeito à diferença, fraternidade e interação com outras pessoas de forma singela e amorosa. “O círculo é um símbolo de unidade na diversidade e nele somos todos iguais. Dançar em um círculo de mãos dadas nos ajuda a resgatar valores esquecidos na sociedade ocidental individualista e competitiva. A proposta do trabalho se insere na cultura da paz.”

O movimento chegou ao Brasil no fim da década de 1980 trazido pelo arquiteto mineiro Carlos Solano, que esteve por oito meses na comunidade de Findhorn. Hoje, está em quase todo o país. Em Belo Horizonte, a bailarina conheceu essa forma de dançar em 1991 e se apaixonou. Desde então, tem se dedicado a ministrar cursos de formação para pessoas que desejam se tornar focalizadoras (nome dado àquele que transmite a dança e conduz a roda), além de manter grupos regulares.

BH tem curso de dança circular
Ela ressalta que a dança circular é ferramenta de trabalho para psicólogos, consultores organizacionais, educadores, professores de dança, educação física, terapeutas ocupacionais e corporais, ioga e para todas as pessoas que desejam se aprofundar no conhecimento da dança.

REVIGORANTE

A engenheira química e professora da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Solange Vaz Coelho pratica a dança circular há 15 anos. “A roda é fantástica, o círculo tem força, traz alegria, prazer e sinergia. A dança, além de me permitir uma atividade física, harmoniza meu corpo e alma de forma leve”, ressalta.

Quem se entrega à dança de roda alcança a comunhão, a alegria, a união e resgata os valores de forma amorosa
Para Solange, a dança circular é leve e a roda harmônica “é uma meditação”. Ela conta que fica tão concentrada que é levada pela música, “que flui pelo meu corpo, não importa o ritmo.” Ela reforça ainda que a prática é importante porque aumentou sua consciência corporal e ela passou a ficar mais atenta, além de ter melhorado sua flexibilidade. Depois de tanto tempo, ela revela que a dança está incorporada no seu dia a dia. “Ela me trouxe melhoria na qualidade de vida. É um alimento para o corpo e a alma.”

O empresário Roberto Fernandes de Araújo, de 52, também compositor e ator, faz dança circular há cinco anos. “É uma terapia. Além de me exercitar faz bem à mente. A prática me deixa mais relaxado, tranquilo e concentrado.” Para Roberto, a dança o ajudou ainda na expressão corporal, o que contribuiu com sua evolução no teatro e também nas aulas de canto. “Sem falar que é espaço para conhecer pessoas, meu grupo de amigos aumentou. E o ato de dar as mãos, um de frente para o outro, proporciona uma troca de calor humano incrível.”

CURSO
Ministrante: Cristiana Menezes
Duração: maio a outubro (cinco fins de semana, das 9h às 19h)
Contato: (31) 8875-7106 e
crismenezes.mail@gmail.com