“É melhor prevenir que remediar”. A expressão é um clichê, mas um que sempre foi considerado muito conveniente para a servidora pública e mãe de primeira viagem Mariana Cassali, de 27 anos. Recentemente, mais ainda. No mês que seu filho Rafael completou um ano – seis meses após o término da imunização contra a gripe – o bebê foi diagnosticado com pneumonia e ficou quase 10 dias de cama. A doença atrasou a primeira vacina dele contra a gripe, mas fortaleceu a certeza de Mariana de que imunizar é a melhor opção para mamãe e bebê. “O que a gente puder fazer para evitar qualquer mal, é melhor fazer”, destaca.
Com a recuperação de Rafael, o próximo passo da mamãe é levar o bebê para o posto de saúde e aproveitar a prorrogação da Campanha Nacional de Vacinação até o dia 10 de maio. “Sempre me vacinei, então tem muito tempo que não gripo. Apesar de sofrer toda vez que tenho vacinar ele, por causa do choro, gosto muito do efeito da vacina e o que eu puder fazer para evitar que ele tenha uma gripe, é claro que vou fazer”, afirma. “A pneumonia que ele teve foi viral, então isso quer dizer que ele pegou de alguém. Considerando que a criança não tem histórico de imunidade, é sempre melhor evitar que isso aconteça”, completa.
O médico pediatra José Geraldo Leite Ribeiro explica que a infecção pela gripe em crianças nessa faixa etária – assim como em gestantes, pessoas com doenças crônicas e maiores de 60 anos, que compõem os outros grupos alvo da campanha – geralmente costuma ser pulmonar, o que aumenta os riscos causados pela doença. “Essas pessoas costumam ter pneumonia por meio do vírus da gripe, o que ameaça mais a vida do que em outras idades. Os sintomas são mais intensos e essas crianças têm acometimento pulmonar”, diz.
Com a vacina, a criança fica protegida por um ano. Apesar da campanha nacional se restringir à crianças entre seis meses e dois anos, o pediatra afirma que, havendo a disponibilidade por parte dos pais, a vacinação para crianças de qualquer idade é ideal.
“É interessante ressaltar que quando a vacinação é feita na grávida ela ainda protege o neném pelos primeiros seis meses de vida”. Bebês com menos de seis meses não devem ser vacinados, portanto quando a mãe não é imunizada durante a gravidez, ela deixa o filho sem proteção durante esse período.
Vacina sem mitos
Todo cuidado é pouco quando se trata de bebês. Contudo, muita gente acaba se levando por crendices populares e evita a vacinação erroneamente. “É muito comum em nosso país a adoção de falsas contraindicações à vacinação, apoiadas em conceitos desatualizados. É importante saber que as contraindicações verdadeiras dependem da vacina a ser tomada. No caso da vacina contra a gripe, ela não é indicada em pessoas com alergia à proteína do ovo e em crianças menores de 6 meses”, destaca a pediatra Flávia Cabral.
Uma dúvida frequente que aparece é se a criança pode ser imunizada caso ela esteja gripada. “Se ela estiver doente, com febre, é recomendável esperar que ela melhore para ser vacinada, para se evitar que os sintomas da doença em curso não se confundam com os efeitos da vacina”, indica.
Vale lembrar também que a vacina não deixa a pessoa gripada. “É muito comum, tanto nas famílias quanto no meio médico, se atribuir alguma coisa que a criança sinta com a vacina. Mas é importante avaliar as causas desses sintomas”, ressalta José Geraldo. Segundo ele, os efeitos colaterais da vacina são, geralmente, muito benignos, podendo ocorrer reações locais como vermelhidão e febre baixa nas primeiras 48 horas. “Como a vacina não contém nenhum agente vivo, é impossível ter gripe com ela. A vacina é feita com partículas do vírus, não com ele vivo. A recomendação é procurar um médico caso apareça algum sintoma de mal estar”.
O medo da agulha
Outra dica que os médicos dão é não se intimidar com a agulha. No caso dos pequeninos, com menos de 2 anos, o pediatra explica que o medo não é objetivo e, por isso, “o melhor a se fazer é vacinar rapidamente”.
A jornalista Cláudia Vasconcelos, de 32 anos, segue à risca essa sugestão com o filho Bernardo Vasconcelos Cesar, de 1 ano e 5 meses. “Não sou mãe uma muito molenga porque sei que é para o bem dele. Ele pode até ficar um pouco irritado na hora, mas o resultado será muito melhor. E o bom é que ele também não é muito chorão”, comenta.
Preocupada com a vacina, ela conta que só não foi ao posto no primeiro dia da campanha porque Bernardo estava um pouco resfriado e ela não sabia se era aconselhável. “Liguei para a médica dele e ela disse que contato que ele não tivesse febre eu poderia vaciná-lo, então no segundo dia ele tomou a vacina. Só chorou na hora de segurá-lo e acho que nem foi pela picada”.
Segundo José Geraldo, não adianta conversar com criança de um ano e meio. “Nesse caso, conter e vacinar rapidamente é o melhor a fazer por ela. Já com crianças maiores é importante os pais não os ameacem com injeções, dizendo que se eles não se comportarem vão ser levados para vacinar porque assim elas passam a considerar a vacinação como uma punição”.
Campanha
Além de crianças entre seis meses e dois anos, a campanha nacional de vacinação contra a gripe também é válida para adultos com mais de 60 anos ou portadores de doenças crônicas, grávidas, indígenas, presidiários, profissionais de saúde e mulheres no período até 45 dias depois do parto. O público-alvo no país chega a 39,2 milhões de pessoas.
A vacina protege contra os tipos mais comuns de vírus da gripe: o A (H1N1) ou gripe suína, A (H3N2) e B.
Para mais informações sobre cuidados com bebês e dicas durante a gestação, visite o site da Rede Mães de Minas.