A popularização da técnica é estimulada ainda por vendas de kits na internet na linha do ‘faça você mesma’ e pelas revistas de celebridades que passaram a apontar quais estrelas aderiram ao procedimento. Nas clínicas especializadas de Belo Horizonte o preço médio da seção – que tem durabilidade de dois meses - custa R$ 200.
A extensão de cílios é um tratamento de beleza no qual fios sintéticos são colados, um a um, aos cílios naturais. Terapeuta ortomolecular em estética com especialização na França e design de sobrancelhas, Nilda Alves Durães explica que o método existe há mais de 15 anos, mas passou por evoluções que garantem a naturalidade do efeito. “Antes se colocava os tufinhos de fios sintéticos. Hoje, fazemos fio a fio. O produto é muito parecido com o cílio”, garante.
Segundo ela, as clientes querem não só alongar, mas também aumentar a quantidade. Para isso, usa a técnica da bifurcação e essa alternativa pode ser usada em mulheres que passaram por quimioterapia e perderam fios. “Nesses casos, preencho todo o espaço vazio e dobro a quantidade de fios da pessoa” explica.
A profissional alerta, no entanto, que já socorreu pessoas que passaram pelo tratamento estético e manifestaram alergias. A falta de experiência ou conhecimento técnico, de acordo com Durães, faz com que profissionais colem o fio na mucosa ao invés de afixá-lo no próprio fio. “O produto não pode ter contato com o tecido, o trabalho deve ser feito ao longo do cílio”, explica. “Tudo precisa estar esterilizado, a higiene tem que ser redobrada e jamais se pode reaproveitar o que foi contaminado”, salienta.
Sobre a durabilidade, esclarece que a troca natural dos cílios – que passam pelas fases nascimento, repouso e queda – é de 60 dias. Outra dica da especialista é fazer a manutenção do trabalho. “A cola precisa ser retirada com um produto próprio. Não pode puxar simplesmente. É importante garantir a integridade do fio”, diz. A consequência, segundo ela, é mais um vício na lista feminina de cuidados com a beleza. “Você inventou mais uma coisa na minha vida, não consigo viver mais sem isso”. É esse o retorno que a terapeuta recebe. Daniela reverbera. “Logo que fiz a primeira vez gostei muito e já tem três anos que eu faço. Sempre que vou a Belo Horizonte passo na clínica”, afirma a morada de Lavras, no Sul de Minas.
Medicamentos também são opção
“Fios longos são mais femininos e nem percebo que estou com cílios que não são meus. O alongamento abre o olhar. Eu recomendo e adoro”, diz ainda a advogada. Sobre o uso de medicamentos que favorecem o crescimento dos cílios, Daniela diz que nunca usou. “Tenho um pouco de medo por causa das contra-indicações, de passar errado e manchar a pálpebra”, argumenta.
A opção, no entanto, agrada outras mulheres e não elimina o uso de rímel e cílios postiços, como é o caso da técnica de extensão de cílios. Segundo a dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Carolina Marçon, a procura por esses produtos que fazem os cílios crescerem, ficarem mais espessos e até escuro, é muito grande. Porém, ela alerta que seu uso deve ser prescrito e acompanhado por um médico de modo a evitar problemas como: vermelhidão dos olhos, prurido (coceira) no local da aplicação, irritação ocular e olhos secos. Nesse caso, a obrigatoriedade da receita médica é um inibidor na comercialização desse tipo de substância.
O produto que tem como princípio ativo o bimatoprosta - o mesmo encontrado em colírios utilizados no tratamento de glaucoma - foi recém-aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ele é aplicado com um pincel pela própria mulher bem rente à raiz do pelo, como se fosse um delineador. “Alguns médicos perceberam que os cílios cresciam em pacientes que usavam esses colírios e a partir daí o produto passou a ser utilizado para fins estéticos”, afirma Marçon.
A especialista explica que aplicação deve ser feita com muito cuidado nos cílios superiores, pois em contato com a pele da pálpebra inferior pode provocar manchas. Além disso, pessoas com inflamações crônicas ou agudas nos olhos, como uveítes, conjuntivites, retinites devem evitar o produto. O mesmo vale para pacientes com história de implante de lente intra-ocular e inflamações na retina, mulheres grávidas e em amamentação.
Segundo ela, há ainda relatos de crescimento de pelos em locais não desejados, por isso, se a substância entrar em contato por acidente em qualquer parte do corpo que não os cílios, deve ser retirada com água e lenços de papel.
Os benefícios do tratamento começam a surgir em quatro semanas e o efeito máximo ocorre após três meses de aplicação. Se o uso for descontinuado, os cílios voltam a ser como eram antes. Assim, para manter o efeito obtido, é necessária a manutenção de duas a três vezes por semana.