"Nossos resultados mostram que o fato do cérebro ter ou não visto uma mão não tem nenhuma importância na criação da sensação física desta mão", explicou à AFP o principal autor do estudo, Arvid Guterstam, do Instituto Karolinska de Estocolmo.
Sua equipe realizou 11 experimentos diferentes durante os quais, cobaias, que ignoravam a finalidade do estudo, tinham a ilusão de ter um braço a menos. Este membro foi tornado invisível por um painel.
Em um dos experimentos, cada participante permanecia sentado em uma mesa, com o braço direito invisível para eles, escondido atrás de um painel. Suas mãos foram colocadas na mesa, uma escondida pelo painel, a outra em seu campo de visão.
Um pesquisador acariciava simultaneamente com uma escova a mão direita escondida, e o local onde esta mão deveria estar sobre a mesa.
"Nós descobrimos que a maioria dos participantes em menos de um minuto transferiu para o espaço à frente de seus olhos (onde sua mão direita deveria se encontrar) a sensação de toque e tinham a sensação de ter uma mão invisível neste lugar", explicou Guterstam.
"Pesquisas anteriores mostraram que não podemos identificar como nossa própria mão objetos materiais, como um bloco de madeira, por isso ficamos muito surpresos em perceber que o cérebro pode aceitar uma mão invisível como parte do corpo", acrescentou.
Dos 234 voluntários, 74% experimentaram sensações fantasmas durante as experiências, indicou o pesquisador.
A sensação de um 'membro fantasma' é muitas vezes dolorosa e difícil para os amputados. Ela não pode ser aliviada com medicação porque é uma invenção da imaginação.
A equipe de Guterstam espera que o estudo abra caminho para futuras pesquisas sobre a sensação de dor criada pelos amputados.
Os resultados do estudo foram publicados nesta quinta-feira nos Estados Unidos pelo Journal of Cognitive Neuroscience.