Esta capacidade, até então desconhecida, pode ter aplicações para proteger o organismo de pacientes com leucemia que receberam um transplante de medula óssea de milhares de infecções, de acordo com Dr. Michael Sieweke do Centro de Imunologia de Marselha Luminy (Ciml - CNRS/Inserm, Universidade Aix-Marseille, França), que liderou o trabalho dos pesquisadores do Inserm e CNRS com o Centro de Medicina Molecular Max Delbrück (MDC, Berlim).
As células do sangue têm uma vida limitada: a expectativa de vida de um glóbulo vermelho mal excede três meses, a das plaquetas (para a coagulação) é de dez dias e a da grande maioria dos glóbulos brancos chega a apenas alguns dias, ressaltam os pesquisadores, que tiveram seu trabalho em camundongos publicado na revista científica Nature.
As células-tronco hematopoiéticas da medula óssea (localizadas no centro do esterno e dos ossos pélvicos) garantem sua renovação derramando a cada dia milhares de novas células na corrente sanguínea. Para isso, devem não só se multiplicar, mas também se diferenciar, ou seja, se especializar, para produzir glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas.
A equipe do Dr. Sieweke já havia descoberto em 2009 que, em uma situação normal, as células-tronco não agem de forma aleatória, mas "decidem" por uma produção equilibrada sob a influência de vários fatores e sinais.
Contudo, não se sabia como as células-tronco respondiam às emergências, produzindo, por exemplo, glóbulos brancos sanguíneos que comem micróbios, como os macrófagos, para combater infecções.
Os pesquisadores descobriram que as células-tronco recebem sinais de alerta para que fabriquem as células aptas a combater o perigo.
"Nós descobrimos que uma molécula biológica (o fator de crescimento "M-CSF"), produzida em grandes quantidades pelo organismo durante uma infecção ou inflamação, indica o caminho que deve ser adotado pelas células-tronco", explicou o Dr. Sandrine Sarrazin (Inserm), co-autor deste trabalho.
O M-CSF (Fator Estimulador de Colônias de Granulócitos e Macrófagos) ativa a linha de glóbulos brancos através de um gene ("PU.1") das células-tronco que, por conseguinte, produzem em grande quantidade as células mais adequadas para a situação, preferencialmente macrófagos, contou à AFP.
A molécula M-CSF poderia ser utilizada para estimular e acelerar a produção de glóbulos brancos nos doentes que enfrentam sérios riscos de infecção, segundo o Dr. Sieweke, que cita 50 mil pacientes em todo o mundo expostos todos os anos a infecções depois de um transplante de medula óssea. Dessa forma, "eles estariam protegidos de infecções enquanto seu sistema imunológico se recupera".
O próximo passo é confirmar se a administração do estimulante confere uma vantagem contra uma infecção, reproduzindo em um roedor a situação de um transplante de medula óssea.