“O resultado demonstra que o problema da obesidade afeta crianças e adolescentes de todas as classes econômicas”, diz Lucinéia Pinho. No estudo, foram avaliados o estado nutricional, os hábitos alimentares e a prática de exercícios físicos por parte dos adolescentes. “Observamos baixo conhecimento dos alunos sobre frutas e verduras”, informa a professora Ana Cristina Botelho, que acompanhou o estudo na condição de orientadora da tese de doutorado. Lucinéia acrescenta que maus hábitos alimentares ficaram evidenciados. “Além de baixo consumo de frutas e verduras, constatamos consumo excessivo de alimentos com alto teor de açúcar, carboidratos e gordura”, disse. “Associado a isso, o sedentarismo, com excesso de tempo gasto no computador e em jogos eletrônicos, leva ao baixo gasto energético e, consequentemente, à obesidade”, diz.
Os problemas apontados no estudo são verificados na prática pela nutricionista Wanessa Casteluber Lopes, que trabalha em um posto de saúde de Montes Claros. “Há 20 anos, o índice de obesidade na adolescência era muito pequeno. Acredito que girava em torno de 1%”, diz. A dona de casa Graziene Mendes Aguiar, por sua vez, tenta mudar os hábitos do filho Cauã, de 10 anos. Graziene conta que levou o filho a uma nutricionista, que recomendou uma dieta balanceada para a criança, que ela tenta seguir. “Se Deus quiser, ele vai chegar ao peso ideal”, diz ela, que pretende matricular o filho numa escola de natação.
Medidas
A nutricionista Lucinéia de Pinho ressalta que o combate à obesidade infanto-juvenil passa pelo trabalho de orientação dos pais em relação aos hábitos alimentares e práticas de atividades físicas por parte de seus filhos. Essa orientação, ela defende, deve envolver nutricionistas e todos os profissionais da saúde, desde médicos, enfermeiros, dentistas a agentes comunitários de saúde. Durante o seu estudo, Lucinéia elaborou uma cartilha sobre os bons hábitos alimentares e medidas para se evitar o excesso de peso. “A ideia é orientar os profissionais de como deve ser orientada a alimentação saudável, conforme as ações preconizadas pelo Ministério da Saúde”, conta.
DICAS PARA MUDAR OS HÁBITOS DAS CRIANÇAS:
- Evite comprar refrigerante, que é o grande vilão da alimentação
- Não estoque em casa biscoitos recheados, guloseimas, balas, doces, chocolates
- Não é preciso ser radical. Permita essas guloseimas no fim de semana, mas que seja exceção e não hábito
- Pratique atividade física aeróbica pelo menos três vezes por semana. Com o tempo, a criança vai tomar gosto
- Procure uma atividade que seja feita em grupo. A interação com outras crianças incentiva a prática
- Incentive hábitos alimentares saudáveis desde o nascimento
- A escola é uma extensão da casa, por isso esforce-se para preparar o lanche do seu filho. Priorize frutas, sanduíche natural, barrinha de cereal e suco natural. Assim ele evita comprar alimentos calóricos na cantina