CIDADE E DISPUTAS SIMBÓLICAS
Regina Helena Alves Silva*
Belo Horizonte, uma cidade-plano fundada pela concepção de um projeto de modernização para Minas Gerais ao final do século 19. Uma cidade que alguns de seus primeiros prefeitos diziam ser uma “cidade-modelo”, “centro da intelectualidade mineira”, “digna da importância e de nosso apurado espírito de cultura”, “uma cidade moderna e promissora”.
Já nos primeiros anos da vida de Belo Horizonte encontramos verbas públicas sendo destinadas às festas de carnaval, à limpeza das ruas destinadas aos desfiles de carros, à construção de coretos para a folia, à ornamentação das ruas centrais da cidade. Virou uma espécie de “lenda urbana” dizer que Belo Horizonte era uma cidade sem carnaval, uma cidade de onde todos fugiam em busca das festas nas cidades do interior de Minas ou do Rio de Janeiro. Mas Belo Horizonte sempre teve carnaval e de muitas formas: carnaval de rua com seus desfiles, corsos, carros alegóricos, blocos caricatos, pequenos grupos de mascarados; carnaval de clubes e espaços fechados; desfiles de escolas de samba em ruas cercadas com arquibancadas para a população, tivemos até uma espécie estranha de sambódromo.
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OCUPAÇÃO
No Brasil, o carnaval é marcado pela disputa dos sentidos dessa festa, pelos embates entre os folguedos populares, vindos da tradição do entrudo, e os festejos que buscavam parecer com as cidades civilizadas europeias. As elites buscavam um carnaval “que sinalizaria novos foros de civilização e modernidade para o país”. O entrudo passa a ser identificado com “a imagem arcaica de um país colonial e primitivo”. Uma brincadeira imunda de portugueses que se misturavam nas ruas aos “elementos africanos” e traziam “o perigo das ruas” tomadas pelos mulatos e capoeiras. Assim, as ruas eram lugar da festa dos “misturados”, dos “populares”, dos incivilizados, dos pobres.
Para além dessa disputa das ruas – o que poucos discutem – com relação ao carnaval de BH, é uma especificidade da cidade que em muito impediu a ocupação desordenada das ruas, a brincadeira sem hora para começar e acabar, a folia que ocupa espaços com usos outros como a de manter a circulação de carros e pedestres. Como no Rio e em São Paulo, o início de Belo Horizonte é marcado por um carnaval mais elitizado, com espaços definidos e os famosos corsos, que eram carros enfeitados que levavam foliões por trajetos definidos pelo poder público. Mas essa é uma cidade que nasce atrelada ao Estado e com regulamentações rígidas de uso e ocupação das ruas, uma cidade que só pôde eleger seu prefeito em 1947, 50 anos depois de inaugurada.
Logo, Belo Horizonte perde essa prerrogativa básica da democracia por causa da ditadura militar de 1964 e acaba por não constituir espaços públicos para e de todos. Belo Horizonte é uma cidade que teve uma vida pública muito pouco democrática e isso se reflete nos conflitos e disputas de seus espaços públicos. Sua esfera pública restrita, pouco condizente com o título de cidade moderna do qual tanto se orgulha, sempre foi profundamente distintiva e isso está espelhado nas ocupações de seus diversos espaços.
Não existia na capital um lugar onde possam se encontrar toda sua diversidade urbana nem para exercer o direito ao conflito.
DE QUEM?
Chegamos ao século 19 e todas essas possibilidades estão colocadas. A vida pública dá visibilidade aos conflitos de sempre e desvela outros, que antes não eram nem considerados motivos de discussões públicas. A intensa disputa pela rua e espaços da cidade continua nesses tempos de urbanização com muros, de despolitização e desdemocratização. Os espaços da cidade são disputados pelos habitantes de BH na eterna questão sobre quem pode e como pode ocupá-los, mas há também a disputa simbólica a respeito de quem fez o carnaval ressurgir com tamanha força em BH.
Se foi o protesto político contra o poder publico que proíbe os usos dos espaços pela festa, se foram ações de marketing urbano cultural, se foram os músicos e suas marchinhas, se foram os eventos patrocinados, se...
Os homens no direito à folia, mas com a atenção ao ouvir “não”. Os pretos, os indígenas, os brancos, os todos e suas práticas e tradições culturais que podem ou não fazer parte das sátiras, brincadeiras, transformações, linguagens festivas. Os de todos os gêneros e formas de viver, que podem ou não, ser ou não ser e ficar ou não querer que tudo seja assim ou então de brincadeira. A disputa simbólica, dos sentidos múltiplos, de todos os possíveis carnavais tomou conta de Belo Horizonte. A festa, o carnaval, o consenso, os dissensos, os corpos em ação constituem uma política dos lugares e das ruas da cidade. Uma sempre intensa disputa entre a governança municipal que a tudo quer ordenar e a governança dos corpos em folia, que reconfiguram os marcos de significados, que estruturam a vida urbana e a dimensão coletiva e pública da cidade de agora. “Pra tudo se acabar na quarta-feira!”
* Professora do Departamento de História da UFMG
IMPROVISO, IMAGEM E LUXO
Marcos Maia*
Dez carros alegóricos repletos de fantasias e críticas desfilavam pelas ruas de Belo Horizonte sob o nome de Clube dos Diabos de Luneta.
As grandes sociedades, ou clubes, na nova capital de Minas reuniam, entre seus fundadores e componentes, membros da nova elite econômica e cultural da cidade. As transformações econômicas e sociais no Sudeste brasileiro – advindas da produção cafeeira – provocavam, nos centros urbanos, mudanças nas esferas sociais e culturais das capitais do Sudeste. E, como não poderia deixar de ser, o carnaval é um espelho da dinâmica social da Belo Horizonte no início do século 20. De um lado, a elite buscava meios de viver e conviver com uma cultura urbana de inspiração europeia. De outro, as classes economicamente desfavorecidas – formadas em grande parte por ex-escravos, seus descendentes e brancos de origem humilde – praticavam maxixes e entrudos, entre outras brincadeiras. Os dois universos, mesmo nesse singular momento de festa, não se misturavam.
O mundo “refinado” desfilava em raia própria, diferenciando-se territorial e culturalmente. Assim, no carnaval iam surgindo formas de divertimentos próprios das camadas sociais superiores, como os bailes mascarados luxuosos, o corso com carros ornamentados, os desfiles de carruagens e os cortejos dos carros alegóricos das grandes sociedades. As fantasias apresentadas nos desfiles reproduziam ideais e modelos de uma “estética europeia”. Bem menos documentadas, as manifestações carnavalescas populares de Belo Horizonte seguiam tradições anteriores à fundação da capital e se mantinham distantes da Região Central. O historiador Abílio Barreto, em suas anotações sobre os primeiros carnavais de Belo Horizonte, pouco se esforça em ir além de rápida citação dos maxixes que “nas zonas suspeitas fremiam até o amanhecer”.
Sabe-se, no entanto, que práticas festivas nos subúrbios e subterrâneos da cidade eram constantes. O entrudo (prática de sujar e molhar o outro brincante), o maxixe e o zé-pereira (tocadores de bumbos enormes acompanhados por populares ao som de cantoria) faziam da festa uma mistura de tradições europeia e africana, em um tipo de manifestação tipicamente urbana que seguiu se transformando ao longo do século 20. O declínio das grandes agremiações ou clubes, nas décadas de 1910 e 1920, deixou aberto o espaço das avenidas para o surgimento das escolas de samba. Se no início eram as grandes sociedades, depois os blocos ranchos, aos poucos foram dando lugar aos blocos caricatos e às escolas de samba, oficialmente fundadas em 1937.
O carnaval na capital mineira prosseguiu diversificado, mesmo com o predomínio, em dado momento, deste ou daquele tipo de agremiação. A coexistência entre os diversos tipos de manifestações foi também uma constante. As escolas de samba, a mais longeva manifestação carnavalesca da cidade, reuniam – e reúnem ainda – características de agremiações anteriores, como as grandes sociedades, os ranchos, os blocos antigos e os cordões carnavalescos.
RITMOS
Acompanhando as mudanças, os jornais passaram a dar destaque aos desfiles, buscando promover a novidade. Ainda refletindo a divisão de classes e o racismo que imperava na sociedade belo-horizontina, uma matéria do Estado de Minas de 27 de janeiro de 1938 noticiava: “O ídolo dos morros que circundam a cidade e tambem do asphalto onde as lourinhas o têm como ‘preto da alma branca’ desfilou pelas ruas da cidade escoltado pelos maiores vultos sambistas (...) Popó, visivelmente emocionado era carregado em triumpho pelos alumnos da Escola de Samba Original. (...) A sua voz nostalgica e o batido dolente do seu pandeiro encheram de belleza aquelle samba que era bem a tradução completa da vida do samba”.
Popó, Mario Januário da Silva, fundador, em 1937, da primeira escola de samba de Belo Horizonte de que se tem registro, a Escola de Samba Pedreira Unida, era também seu versador – função precursora dos atuais intérpretes de samba- enredo. Com o surgimento das escolas de samba, um novo tipo de forma musical emergiu incorporando elementos já existentes e tendo como principal característica o improviso. Nesse tipo de samba, um refrão fixo, previamente composto, era entoado pelo versador e repetido em canto responsal pelas pastoras da escola e demais brincantes.
Na sequência, entre um refrão e outro, os versadores (em muitos casos havia mais de um versador por desfile) completavam o samba com versos de improviso que eram tirados na hora de acordo com o instante vivido ou, em outros casos, com versos resgatados da tradição popular adaptados para a situação do momento. Este samba improvisado e cantado nos carnavais das cidades modernas nas primeiras décadas do século 20 era, paradoxalmente, oriundo de manifestações rurais que teimaram continuar ecoando nos desfiles das escolas de samba nas avenidas.
O improviso foi a marca dos sambas das escolas de Belo Horizonte até 1956, quando, pela primeira vez, houve três sambas-enredo completos e sem improviso no desfile de três entidades: a Escola de Samba Unidos da Brasilina, a vencedora, com o enredo Princesa Isabel; a União Serrana, com o enredo As riquezas de Minas Gerais; e a Inconfidência Mineira (do Mestre Conga), que apresentou o enredo Tiradentes. Esses sambas-enredo completos silenciavam definitivamente os improvisos nos desfiles na capital mineira, repetindo o que já ocorrera 10 anos antes no Rio de Janeiro.
VISUALIDADE
Outro aspecto evolutivo da tradição carnavalesca da cidade ocorreu na década de 1960. Assim como no Rio de Janeiro, as escolas de samba abririam seus barracões para artistas plásticos. No Rio, merece destaque o nome de Fernando Pamplona (1926-2013) e, em BH, o de Décio Noviello. Era o caminho da apolinização das escolas de samba do Sudeste brasileiro e das demais que surgiriam no resto do país.
Assim, a imagem passa então a predominar sobre a música, o improviso e a brincadeira espontânea. Era a inexorável busca pelo fausto visual, característico das grandes sociedades do início do século, que retornava à avenida agora nas escolas de samba, incentivado em muito pelo processo de midiatização da cultura popular carnavalesca. Hoje, o espetacular e massivo ressurgimento dos blocos de rua em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, tendo à frente a classe média midiatizada pelas redes sociais, nos desafiam a novas análises e interpretações.
No entanto, as chamadas tradições seguem através de complexos estratos de tempo, com continuidades e rupturas que demonstram que o carnaval não segue uma trajetória linear, mas se modifica em um processo histórico de constante mutação. Portanto, para compreender esses “ressurgimentos” e mudanças dessa manifestação popular em Belo Horizonte e evitar interpretações precipitadas sobre as narrativas do carnaval, é importante uma pesquisa histórica minuciosa com o acompanhamento rigoroso das fontes e dos processos históricos.
* Historiador e pesquisador sobre o carnaval de Belo Horizonte
OS MEDOS E OS SONHOS
Guto Borges*
Em verdade, quando falamos de carnaval falamos quase sempre de uma forma em aberto, algo a ser constituído, ou desconstruído, revisitado, refeito. Nesse sentido, não existe como uma forma única, verdadeira, abstrata, e sim algo a ser incessantemente vivido, até as cinzas, e assim renascido. E talvez essa seja uma de suas máximas: a sua inconstância provocadora, inventiva. Por isso ainda, seja chamado de “imoral” por alguns, afinal caminha sempre no caminho contrário à constituição de grandes formas de regulação, da conservação, pois é, inerentemente, renovador.
É – ou deveria ser – o índice escancarado de uma forma social “que virá”, por assim dizer. Mas é este também o seu dilema: como lidar, do ponto de vista do poder público por exemplo, com uma potência que nunca se constitui? Afinal, como reter algo que pode transgredir até mesmo as tradições que cria? Como contornar aquilo que deve permanecer como força? Ou, ainda, horizonte?. É importante entender essa abertura: ela é antes um atravessamento. Uma cidade que vive de forma diversa e rica o seu carnaval tem de lidar invariavelmente com as suas questões: de toda ordem, de todas as origens. Seus sonhos, suas muitas formas de se alegrar, suas fantasias, mas também seus medos, suas distâncias, suas ausências, limites e abismos. Afinal, é essencial de tempos em tempos a cidade se encarnar, encarar-se a céu aberto, embriagada, ébria de tudo.
E mais uma vez nos deparamos com aquele dilema: que riqueza é essa que se mede pela sua inconstância?. Bom, é isso que, especialmente na cidade de Belo Horizonte, essa filha dileta da planificação, precisamos entender. Ou aprender. Para isso, penso, é interessante nos atermos aos vários caminhos retificadores da festa por aqui. E para isso seria interessante retomar brevemente a nossa história recente. Quando os primeiros blocos dessa nova safra surgiram, em 2009 (lá se vai quase uma década), seguidos do insurgente Praia da Estação, em 2010, e o poder público, às voltas na época com as suas “teorias das janelas quebradas”, não poupou as investidas violentas (e ainda o são) contra quaisquer formas desviantes de cidade.
E se o carnaval hoje é celebrado aos sete ventos como um sucesso, em que não faltam cifras exuberantes, é porque em 2012, diante um período eleitoral, o ex-prefeito saiu da posição de combatente para, digamos, um sócio do carnaval. De olho na sua reeleição, o mesmo prefeito que proibira “eventos de qualquer natureza” na Praça da Estação, no final de 2009, ou que enviara o Batalhão de Choque para os banhistas do Praia da Estação em mais de uma ocasião, em 2010, que combateu com força policial o carnaval de 2011, que ameaçara com multa os bares que acolhessem blocos de carnaval no início de 2012 e que ouvira o carnaval reflorescer ao som de marchinhas que lhe eram rigorosamente desaforadas, ou ainda, sob o canto que afirmava que “seu governo é uma m*”, se colocou naquela altura, durante os debates eleitorais daquele ano, como um colaborador do que chamou de “reflorescimento do carnaval da cidade”.
Para nós que estávamos lá esse tempo todo, era inacreditável ouvir aquilo, ou ainda, aquilo significava o início de uma outra história, não tão nova assim. Pois o que se seguiu dali em diante foi um jogo simples: na impossibilidade de calar a festa por aqui, optou-se por retificá-la, e, do ponto de vista do poder público, resumi-la a uma leitura neoliberal de cidade, onde uma vez que “a sociedade não existe” resta apenas os interesses dos indivíduos. Não há cidade, espaço comum, e o carnaval não passaria de uma oportunidade comercial para os grandes patrocinadores. O que se cultivava aqui como um sonho de cidade compartilhada, aproximada, uma imagem mais diversa de si mesma, não importava.
Convocou-se a máquina publicitária para começar a propagar apressadamente as cifras, atrair turistas, e assim vieram as primeiras multidões, com ela os primeiros problemas estruturais, as primeiras questões sobre como, da noite pro dia, lidar com sonorizações a cada ano mais complexas e custosas, como atender à demanda cada ano mais caprichosas das multidões, que, não por coincidência, justamente a partir de 2013 começaram a afluir por aqui...
Quem esteve à frente das organizações dos blocos vai lembrar que foi aí que de uma forma mais ampla – e até involuntária – começou-se a busca por estruturas móveis de som cada vez maiores, e estas a serem sempre insuficientes (vide o caso da Alcova Libertina, que não desfila este ano). Começaram por outro lado as estratégias para burlar toda a publicidade massiva que passava a inviabilizar o desfile de alguns blocos que não toparam a novidade compulsória. Não que essas mudanças não viriam.
Viriam, é claro, mas a impressão que se tem é de que elas vieram, como sempre, rápido, cedo demais, claramente acelerada por uma gerência do poder público a partir 2012, numa tentativa apressada de capitalizar – e moldar – uma festa que, culturalmente, estava em plena gestação e que nos conduzia talvez em direção a uma novidade incessante, talvez, finalmente, na forma de um encontro de Belo Horizonte consigo mesma no sentido que definimos anteriormente: seus sonhos e seus medos. E não parece ser esse o destino de Belo Horizonte desde, digamos, sua fundação? A cidade de linhas retas, planificada, pronta enfim para ser comercializada. E mais, a cidade que de tempos foi se demolindo, sendo construída mais uma vez, apagando periodicamente do mapa suas filiações e jamais guardando consigo uma imagem de si, fisionomia alguma.
E é como diz a canção de Lagoinha e Gervásio Horta, ao se despedir da Praça Vaz de Melo, lugar forte da memória urbana, berço do samba dessa cidade que acabou dando lugar a um – também sempre insuficiente – complexo rodoviário sob a justificativa apressada do avanço da história: “Coisas da matéria eu não ligo, mas preciso de um abrigo para o meu coração: adeus, Lagoinha (...) dizem que é coisa do progresso, um minuto eu peço para ver seu fim”. Nesse sentido, vale lembrar que há por outro lado um carnaval que resiste e sempre resistiu por aqui. A saber, um carnaval que se formou do lado de fora dos limites da planificação: nos subúrbios da cidade. E ainda há. Algo a ser celebrado hoje é a crescente descentralização do mapa de incidência dos blocos na cidade.
Ainda que se concentrem na Região Centro-Sul, lentamente vão aparecendo blocos por toda parte. Outros teimam em nunca se estabelecer, e seguem errantes pelo plano urbano, improvisando, se virando como podem para seguir existindo independentes, informais. Esse é um dado que contempla outras histórias, outras cidades de Belo Horizonte, que distante dos centros de influência e poder talvez se ocupe em celebrar outros tantos lugares, afirmando seus tantos laços enquanto cidade e comunidade, algo tão caro a nós. Afinal, o que se cultiva demanda tempo para criar raízes, e a isso chamamos cultura. Por outro lado, o que se explora sem medida, apressadamente, até o fim e até partir à procura de mais, poderíamos chamar de Minas Gerais. Esse signo devastador da mineração que nos confere um nome e parece nos legar portanto o desafio ancestral de cultivar algo, quem sabe, mais uma vez, um sonho novo de cidade.
* Historiador, músico e folião
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