Escritores brasileiros elegem os destaques na obra do autor norte-americano

Marçal Aquino, Tony Bellotto e Flávio Carneiro falam sobre a obra de Raymond Chandler

18/08/2017 10:30
 
Arquivo pessoal
Marçal Aquino (foto: Arquivo pessoal)
Marçal Aquino, escritor, autor de livros como O invasor
“Pensar no Chandler, para mim, é pensar no impacto que foi a descoberta de que era possível conciliar tramas policiais com alta literatura. Fui fisgado na biblioteca pública de Amparo, nos anos 1970, década fundamental na minha formação como leitor e escritor. Philip Marlowe tinha uma visão desencantada da vida, que é quase um clichê dos grandes personagens do noir, mas temperava isso com um humor único. Meu detetive inesquecível. Raymond Chandler sabia escrever. Tenho uma camiseta com uma frase dele que uso sempre que batem as incertezas: “Had my books been any worse I would not have been invited to Hollywood and if they had been any better I would not have come (“Se meus livros fossem piores eu nunca teria sido convidado a trabalhar em Hollywood e se fossem melhores eu não teria vindo”, em tradução livre).”

 
Arquivo pessoal
Tony Bellotto (foto: Arquivo pessoal)
  Tony Bellotto, músico e escritor, autor de livros como Bellini e a esfinge
“Philip Marlowe é o maior detetive de toda a literatura. Raymond Chandler fez alta literatura enquanto se divertia e tentava juntar algum dinheiro para poder escrever o ‘grande’ romance que nunca escreveu. E nem precisava. Sua obra é fluida e sofisticada, um verdadeiro tesouro para os amantes da boa escrita. Meu livro favorito dele nem é dos mais incensados: Playback, o último que ele escreveu, e no qual Marlowe se revela por inteiro. Pra mim, pelo menos.”


Arquivo pessoal
Flávio Carneiro (foto: Arquivo pessoal)
 Flávio Carneiro, escritor, autor de livros como Um romance perigoso
“Chandler criou um detetive amargo, Marlowe, e injetou nele uma boa dose de humor, um humor ácido que é a marca da sua ficção, e que atravessa toda a geração, ou as gerações, do romance negro americano. O longo adeus é meu romance favorito de Chandler, e digo isso mesmo sabendo que posso estar incorrendo no lugar-comum. Dane-se o lugar-comum. É esse o meu favorito, por sua força, por aquilo que não diz, que fica sugerido a cada página, um romance angustiante..”