Chandler por Chandler

Trechos de cartas e artigos que resumem o pensamento de Chandler

• Desculpa
"Como diabos hei de estar preocupado com a história de detetive como uma forma de arte? Tudo o que estou buscando é uma desculpa para certos experimentos em diálogo dramático.
Para justificar a presença deles, preciso de enredo e de situação, mas fundamentalmente não ligo muito para nenhuma das duas coisas."

• Sem engano
"Tenho sucesso suficiente para não me deixar enganar, e não tenho um senso de destino que me leve a pensar que o que faço é da maior importância."

• Sem fabricação
"Nunca planejei nada no papel. Vou criando o enredo na minha mente à medida que avanço, e em geral faço tudo errado e tenho que voltar atrás para fazer de novo. Sei que há escritores que planejam suas histórias muito detalhadamente antes de começar a escrevê-las, mas não pertenço a esse grupo. No meu caso, os enredos não são fabricados, eles crescem. E, se eles se recusam a crescer, o jeito é jogar tudo fora e começar de novo".

• Mentes corajosas
"Não é um mundo muito perfumado, mas é o mundo em que você vive, e certos escritores com mentes corajosas e um calmo espírito de distanciamento podem criar tramas interessantes e até divertidas a partir dele."

• Hitchcock
"O que mais me diverte a respeito de Hitchcock é o modo como ele dirige o filme em sua mente antes de saber o que vai ser a história. Toda vez que as coisas estão se encaminhando bem ele nos faz perder o rumo porque quer filmar uma cena romântica no alto do Jefferson Memorial, algo assim. Acho que é por isso que alguns dos seus filmes perdem o contato com a lógica e se transformam em buscas caóticas."

• Vitalidade
"Tudo o que é escrito com vitalidade exprime essa vitalidade; não existem assuntos chatos, existem apenas mentes chatas.
Todo homem, quando lê, foge de alguma outra coisa para se refugiar na página impressa; a qualidade desses sonhos pode ser questionada, mas a produção deles tornou-se uma necessidade funcional."
.