A Fresno não hesita em experimentar novas maneiras de se fazer música a cada trabalho lançado. Ao longo de quase 22 anos, foram oito discos, dois Ep's e, agora, o grupo está lançando seu INVentário, que reúne preciosidades e devaneios, frutos de uma criação artística desenfreada, que acabaram não integrando projetos sólidos da banda.
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Até aqui, foram cinco músicas lançadas. O pesado single 12 WORDS 30000 STONES abriu os caminhos, seguido por O SONHO É A SENHA e um remix cheio de camadas de Sua Alegria Foi Cancelada, single da era passada.
Na madrugada de 7 de setembro, mais duas canções foram liberadas: 6H34 e ONTEM FOI DÍFICIL. "Cada época tem uma comunicação que fala melhor", explicou a banda, que vem soltando uma canção por vez em formato de Playlist.
"Quando a gente 'arruma a casa', nós precisamos tirar tudo e olhar para tudo", comentou Lucas, explicando o conceito de INVentário. "A gente percebeu que tinha muita coisa. Desde sempre nós sempre produzimos mais do que lançamos. Mas, às vezes, tem coisas que não vão para o 'corte final'. Porque pode não ter agradado a banda ou, simplesmente, surgiram em momentos que não deu para lançar", pontuou.
Para ele, a nova fase está fazendo a Fresno encarar o processo de criação com mais liberdade e menos preciosismo:
"Essa fase vem de um 'reset'. Tentar encarar com a mesma liberdade, o que a gente encara as outras coisas da vida, a própria Fresno". Quem trouxe a ideia para mesa foi Guerra. "A gente pode fazer o INVentário que for, nunca acabaria. É muita música, muita coisa que eu acho que tem que sair. Deixa a galera consumir", contou o músico.
A liberdade ao compor tem sido tão levada a sério, que o grupo, que agora se aventura como um trio formado por Lucas, Thiago Guerra e Gustavo Mantovani (Vavo), sequer vem pensando em como executar as músicas ao vivo, o que faz com que novas afinações, sonoridades e maneiras de se tocar sejam exploradas.
"Enquanto produtor, se tu quiser me deixar com baixo astral, é só tu me perguntar 'como é que vamos tocar isso ao vivo'. Os Beatles fizeram músicas impossíveis de serem tocadas ao vivo, o Queen fez Bohemian Rhapsody. Essa pergunta, geralmente, 'caga' os trabalhos", disse Lucas.
"Muitas vezes, eu vou gravar uma batera lá com o Lucas e, na hora, eu faço umas coisas que eu penso: 'isso vai ser impossível de tocar'. Depois eu boto a mão na cabeça e me preocupo com isso. Mas aí, já está gravado", completou Guerra.
As teorias dos fãs sobre INVentário
A Fresno está sempre atenta ao que os fãs estão teorizando sobre os novos projetos da banda.
O nome INVentário levantou vários debates, pois a palavra carrega vários significados. Relatório bastante detalhado a respeito de um projeto ou negócio, levantamento de bens de uma pessoa falecida, descrição minuciosa de qualquer tipo de coisa, entre outros sentidos. Lucas comentou uma das teorias que mais lhe agradou:
"Um fã meio que acertou: 'percebam que os caras creditaram na faixa quatro artistas, não só os caras que estão cantando'. Nem é por isso que existe o INVentário, mas ele meio que acertou", comentou o artista. A música citada é a primeira lançada, com participação de Arthur Mutanen, vocalista do Bullet Bane, e dos produtores Chediak e Adieu, que abrilhantaram toda a produção e ajudaram Lucas a completarem o trabalho.
O time de colaborações, até aqui, se completa com Keops e Raony, vocalistas do Medulla, 2Strange e Twin Pumpkin. Ouça a playlist INVentário completa:
O desafio de se reinventar durante a pandemia
Antes de todo o caos causado pela pandemia de COVID-19, 2020 prometia muitas emoções para a Fresno, com shows na Europa e a banda confirmadíssima no line-up do Lollapalooza. Desde a chegada do isolamento e sem os shows, tudo vem sendo feito de maneira remota e todos os integrantes seguem respeitando ao máximo o isolamento e os protocolos sanitários.
Mesmo com todos os problemas, a agenda do grupo não deixou de ser movimentada. A Fresno se comunica com frequência com o público, realizou lives especiais, como as edições da QuarentEMO e lançou clipes e músicas novas, antes mesmo de INVentário. "O que parece mais simples é o que mais bomba.
Quando a galera se sente contigo, é 'massa'", disse Guerra sobre a Twitch, plataforma de lives que serviu como canal direto entre Fresno e fãs. Por lá, ele apresenta uma espécie de talk show.
As lives da QuarentEMO aconteceram no primeiro momento da pandemia, no auge das lives de artistas, que recém-perdiam os shows, naquela ocasião:."Quem veio com esse papo de QuarentEMO foi a Fresnoshop (loja da banda), aí um dia, liguei para eles: 'vamos fazer um 'bagulho' beneficente aí, que eu acho que vocês vão vender umas 500 camisetas, a gente faz um negócio com cestas básicas", contou Lucas, que relembrou a repercussão surpreendente do projeto.
"Foi numa época que estava rolando uma demanda muito grande por lives de rock, tinham aquelas lives de sertanejo de milhões, umas paradas surreais. Nenhuma banda de rock tinha como fazer aquilo. Como a gente estava usando a Twitch, eu pensei: 'cara, dá pra fazer um show aqui'. E aí fizemos a primeira QuarentEMO que, em vez de dar 10 mil pessoas, tivemos 100 e tantas mil pessoas assistindo", contou Lucas. Segundo ele, foram tantas cestas básicas arrecadadas que, "até outro dia", elas ainda estavam sendo distribuídas. "O 'lucro' foi nos mostrar que a Fresno é muito grande", completou.
A volta aos shows é logo ali?
A proximidade virtual vem suprindo a grande saudade dos shows, que são a grande catarse para os fãs e para a banda.
Apesar do avanço da vacinação, a Fresno ainda está encarando o que pode estar por vir com muita cautela:
"Queremos que as crianças sejam vacinadas. Que não estejam morrendo 500 pessoas por dia e que, com segurança, esteja liberado que 3 mil pessoas fiquem juntas em um lugar com segurança", pontuou a banda, que ressaltou a grande quantidade de pessoas que se mobilizam para fazer um show da Fresno se tornar real.
"No nosso caso, um show significa juntar todo mundo que 'trampa' com a gente, equipe técnica. Muita gente voltou para as suas cidades. Ficaram sem trabalho por aqui.
Nós estamos nos organizando sim, mas, para o próximo ano. Claramente, não depende só da gente", explicaram os músicos.