Otimismo, apesar da angústia destes dias difíceis. Este é o recado que as bandas Jotas Quest e Velhas Virgens mandam para o Brasil nos singles Imprevisível e Marcha da vacina, respectivamente, ambos disponíveis nas plataformas digitais. Não tem carnaval, mas a música cumpre a missão de alegrar um pouco a vida.
Rogério Flausino, vocalista do Jota Quest, diz que Imprevisível fala de amor, estrelas, filhos e flores. Alexandre “Cavalo” Dias conta que a bem-humorada marchinha tem crítica social e, claro, pandemia.
Imprevisível é a canção mais recente da sequência de singles que Jota Quest vem lançando desde o ano passado. A voz do coração saiu em abril, Guerra e paz em junho. “Imprevisível aponta para o futuro, tem levada dançante e estética pop renovada”, diz Rogério. “A letra é otimista e a música é feliz, radiante, tentando trazer um astral positivo para as pessoas.”
POEMA
A canção, aliás, é fruto da imprevisibilidade. “Estava em São Paulo acompanhando uma prova de hipismo de minha filha, quando o poeta paulista Airton Bovo perguntou se poderia me enviar uns poemas. Falei que sim e ele me mandou este. Adorei”, conta.
Bovo citava Carlos Drummond de Andrade, o que inspirou Flausino. “Me deu um clique, peguei o violão e comecei a compor. Depois de pronta, apresentei para os meninos e eles também gostaram. Isso foi em outubro. De lá para cá, ela veio ganhando novos contornos estéticos. Mexemos aqui e ali, chegamos ao lugar ideal.”
A produção de Imprevisível ficou a cargo do experiente Paul Ralphes. “Ele trabalha conosco no disco que vamos lançar no meio do ano, do qual os três singles farão parte. Mixamos o single em BH, com o nosso técnico Rodrigo Grilo”, informa Flausino.
Conrado Almada assina mais este clipe do Jota Quest. “Ele viajou nas figuras geométricas e constelações, nessa coisa da vida passando rápida e lentamente, tendo o tempo como uma espécie de lubrificante dos acontecimentos”, diz Flausino.
A pandemia obrigou o Jota a adiar seu novo álbum. Ele já estava pronto, mas novas canções surgiram nos últimos seis meses. “Depois do carnaval, voltaremos ao estúdio, onde trabalharemos por três meses para ver se o disco sai em junho ou julho. Vamos chegar a 10 ou 12 faixas. Já temos três, além de outras coisas prontas. Há uma canção muito bonita em que coloco fé, parceria com meu irmão Sideral”, adianta Flausino.
O cantor não acredita que Jota Quest voltará às turnês este ano. “Para nós, será somente em 2022. Se a situação se normalizar em outubro, por exemplo, a coisa não retornará imediatamente, mesmo com grande parte da galera vacinada. Podemos fazer shows fechados, um ou outro festival, coisas menores, mas a banda só voltará aos grandes shows quando estiver tudo resolvido, com todo mundo vacinado”, garante.
A banda, que comemora seus 25 anos, pretende fazer outra live em março. “Temos várias ideias sobre algo que possa ser realmente legal, inusitado, imprevisível. Precisamos encontrar um lugar diferente, como foi o CCBB (onde o grupo se apresentou em agosto), e fazer algo bem legal, pois a live ficará no YouTube”.
IMPREVISÍVEL
• Single do Jota Quest
• Sony Music
• Disponível nas plataformas digitais
Vacina dá rock
Alexandre “Cavalo” Dias, guitarrista da banda de rock Velhas Virgens, diz que a Marcha da vacina tem tudo a ver com este momento. “É uma previsão bem-humorada sobre como será o mundo depois que todos se vacinarem, porém sem deixar de lado a crítica social. Falamos da vontade de abraçar os amigos, de sair para o bar, boate, show e, claro, para o carnaval, eventos adiados por causa da COVID-19.”
A banda paulista, que sempre procurou fazer shows nos dias de folia, não desanimou diante da pandemia. “Trabalhamos há 15 anos no carnaval, mês difícil para quem toca rock. Marcha da vacina surgiu por causa da minha esposa. Quando ela disse que o carnaval iria começar duas semanas depois de ser vacinada, pensei: isso dá música”, conta Dias. “Falamos também do lance dessa polarização que está por aí. Brincamos com as coisas, como devem ser as marchinhas de carnaval. Então, a pessoa fala que vai sair e beijar todo mundo, não importa o partido.”
BAR
Criado em 1986, o grupo lançou duas dezenas de álbuns. Agora é a vez de O bar me chama, disco com 10 faixas, oito autorais e duas versões. “Íamos lançar um EP, mas como fizemos várias músicas, optamos pelo disco inteiro. A ideia era fazer homenagem ao rock and roll dos anos 70, mas sem sair do estilo simples que cultivamos”, explica o compositor.“O lance do novo álbum é que estamos conseguindo críticas positivas em todos os lugares, coisa que nunca aconteceu. Acho que é porque estamos mais maduros. O mundo mudou e a gente está tentando mudar também. A primeira mudança foi a escolha do produtor Gabriel Fernandes. Ele teve sua escola de rock, mas se destacou gravando pop e sertanejo. Estava doido para voltar às origens.”
O bar me chama procura manter o clima de festa dos primeiros discos do Velhas. “Tentamos não ser sexistas, machistas, pois somos uma banda em desconstrução. Então, desconstruir esse machismo que é intrínseco. Temos filhos e mulheres, essas pessoas influenciaram a nossa vida”, revela.
TURNÊS
Os roqueiros não apresentam show há um ano. “Nossa maior renda vinha das turnês. Fizemos algumas lives, mas nada que substitua uma boa turnê. Nunca ficamos tanto tempo sem tocar, mas o nosso plano é manter a marca Velhas Virgens viva”, diz Alexandre.Novidades vêm por aí. “Provavelmente, de dois em dois meses teremos uma canção para manter o nosso público informado e munido de novas coisas”, afirma.
Na opinião do guitarrista e compositor, o mercado musical deve começar a se recuperar em dezembro, a partir da vacinação em massa. “Antes disso não rola. Pelo menos é o que o nosso empresário fala conosco, pois ele trabalha com 10 grupos e não está conseguindo fazer nada.”
Porém, à sua maneira, o Velhas está na estrada. Em 23 de fevereiro, tem live. “Marcha da vacina será o nosso show de carnaval este ano. Não sou otimista. Acredito que, infelizmente, as pessoas sairão dessa pandemia piores do que entraram. Infelizmente, cada um acredita mais na sua verdade e acabou”, lamenta.
Além de Alexandre “Cavalo” Dias, a banda é formada por Paulão de Carvalho (voz), Juliana Kosso (voz), Tucá Paiva (baixo), Simon Brown (bateria), Filipe “Fil” Cirilo (guitarra) e Marcelo “Capitão” Barbosa (cuíca e percussão).
O BAR ME CHAMA
• Disco da banda Velhas Virgens
• 10 faixas
• Independente
• Disponível nas plataformas digitais
MARCHA DA VACINA
• Single da banda Velhas Virgens
• Independente
• Disponível nas plataformas digitais