A funkeira MC Carol pôs sua experiência pessoal como mulher negra e gorda no single Levanta mina, que acaba de chegar às plataformas digitais acompanhada de clipe no YouTube. Composta por Carol em parceria com a DJ Thai, a canção fala de autoaceitação e amor próprio, desafiando o preconceito estimulado por padrões estéticos impostos pela sociedade.
“Fiz essa música mais pra mim do que para os outros. Estava num momento complicado, porque mesmo você se aceitando e se gostando, vivemos num mundo muito preconceituoso. A gente sofre pela forma como a gente é, acaba se deprimindo”, diz Carol.
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A MC sai em defesa da autoestima em versos como “vou mostrar que ser gorda e negra é virtude/ levanta a sua cabeça/ você não pode parar” e “se valorizar não é querer ser melhor do que ninguém/ é entender que você não é pior do que ninguém”.
Ao compartilhar as dores das mulheres, a funkeira diz que elas são muito parecidas, criticando o racismo e a gordofobia. “Nada é igual para a gente. Você não vê mulher preta e gorda na novela, nas passarelas. Hoje, estamos refletindo muito sobre isso. Entra ano e sai ano, você sabe que um perfil como o seu não estará lá. Isso acaba te deprimindo aos poucos, mesmo você se amando”, lamenta.
Carol fez questão de lançar um clipe plural, reunindo mulheres que costumam ser alvo de críticas da sociedade. “Tive a ajuda da minha equipe, uma equipe de pretas. (Na canção) Estou falando com várias mulheres, mas também comigo.”
Participam do projeto Dani Lima, Mapoua, Rih de Castro, Samanta (Sassá) Quadrado, Niedya Ramos, Bia Marques, a escultora Virginia Santos, a desenhista Mariane Martins e a pintora Giulia Maria Reis, além de MC Elis, responsável por imagens e vocais. A direção é assinada por Mariana Jaspe, com concepção de Ana Paula Paulino.
Levanta mina é o primeiro trabalho de Carol para o projeto Black voices, iniciativa internacional do YouTube que buscar dar visibilidade a artistas negros. No Brasil, a funkeira foi selecionada ao lado de Urias, Rael e Péricles. O single também fará parte do próximo trabalho dela, o álbum Borogodó.
Paralelamente ao lançamento do novo trabalho, a cantora é a capa da edição digital da Elle. “Ser capa de uma revista de moda é algo que muitas meninas sonham na vida! Mas quando você é preta, gorda e periférica você acha que isso nunca vai acontecer porque você só vê mulheres brancas, magras e de cabelo liso estampando essas revistas, fazendo sucesso na TV”, escreveu a MC no Instagram. “Cadê as gays? Cadê as pretas? Cadê as gordas nas capas de revistas? Olha esse rosto meu amor. É... invista na mamacita”, postou a artista.
FUNK
Nascida em Niterói e criada no Morro do Preventório, Carolina de Oliveira Lourenço, de 27 anos, é cantora, compositora, militante feminista e um dos destaques do funk carioca. A carreira decolou depois de Carol chamar a atenção na internet com os singles Bateu uma onda forte, Liga pro Samu, Delação premiada, 100% feminista e Não foi Cabral, cuja letra critica a história do Brasil ensinada às crianças nas escolas. Em 2019, ela estreou no Rock in Rio, no Rio de Janeiro.
Em 2016, lançou o disco Bandida, com participação da rapper Karol Conka e do duo Tropkillaz. Amiga de Marielle Franco, assassinada em 2018, Carol se candidatou a deputada estadual no ano da morte da vereadora. Suas letras abordam a sexualidade feminina, o dia a dia nas comunidades cariocas, o orgulho da negritude e as mazelas sociais do país. (Com redação)