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MÚSICA

Confira os discos que fizeram diferença na década 2010/2020


Em 2020, o ano que parece estar longe de acabar, o mundo parou por causa da COVID-19. Chegamos a dezembro e a impressão é de que nada foi produzido enquanto tentamos sobreviver à guerra invisível contra o novo coronavírus. Porém, este ano deixa boas lembranças, como o disco Do meu coração nu, do pernambucano Zé Manoel, que está entre os preferidos da cantora Fernanda Takai e do produtor Kassin.



O ano também foi do cantor e compositor norte-americano Moses Sumnay. Grae, álbum dele, é apontado pelo cantor Rodrigo Vellozo como um dos melhores de 2020. Untitled (Sault) é outro lançamento do ano destacado por Kassin.

Dez profissionais ligados à música foram convidados pelo Estado de Minas para listar os discos que marcaram a década 2010/2020. Entre os brasileiros, Elza Soares, com A mulher do fim do mundo, lançado há cinco anos, é quase unanimidade. “Um álbum de importância histórica”, afirma Rodrigo Vellozo. “É o trabalho mais potente dela, tanto pela qualidade musical quanto pela gama de símbolos que carrega”, destaca o rapper Roger Deff.

»  JOÃO FERREIRA
Vocalista da banda Daparte

. Random access memories (2013)
De Daft Punk
“Em um álbum que sustenta uma tese e tece argumentos, a primeira faixa da obra-prima do Daft Punk, tanto lírica quanto sonoramente, inaugura um assunto que seria amplamente abordado e discutido pelo restante da década: devolva a vida à música. Com a mecanização e transformação da produção fonográfica em uma indústria de modos fordistas, é fácil perceber a falta de entusiasmo lírico e a desalma das composições radiofônicas de meia-vida povoando as rádios. Mais notável ainda se torna um álbum produzido e gravado com técnicas dos anos 70 e 80, mixado analogicamente, alcançar o número 1 na Top 200 da Bilboard. Como o grande álbum que é, Random access memories tem não só um, mas dois smash hits: Get lucky e Lose yourself to dance, que trouxeram de volta às paradas (e ineditamente ao léxico de uma geração afogada em sons de plástico) a estética do funk e techno setentista e oitentista, que seria seguidamente adotada por ídolos teen como Bruno Mars, Miley Cyrus e Dua Lipa. O álbum de 2013 foi extensamente aclamado por público e crítica por ser conciso e congruente em sua mensagem de recuperação do clamor artístico, do calor musical e do tesão dançante que parecia se diluir e ainda dilui nos tempos de autotune. Uma peça impecável de mixagem e masterização, R.A.M. é obra para se ouvir de cabo a rabo, em ordem, como se fazia com os antigos LPs, mas com uma diferença: a sua sobrinha de 15 anos também gosta dela.”



. AM (2014)
De Arctic Monkeys
. Currents (2015)
De Tame Impala
. A moon shaped pool (2016)
De Radiohead
. Caress your soul (2013)
De Sticky Fingers
. Manual (2015)
De Boogarins
. Why me why not (2019)
De Liam Gallagher
. World’s strongest man (2018)
De Gaz Coombes
. Noel Gallagher's high flying birds (2011)
De Noel Gallagher
. Melhor do que parece (2016)
De O Terno


»  FERNANDA TAKAI
Cantora da banda Pato Fu

. Seasons of my soul (2010)
De Rumer
“Ouvi a música Slow tocando na Barnes & Noble, em Los Angeles, na época em que gravei com o Andy Summers. A voz dela me lembrou demais a Karen Carpenter. Comprei o disco na hora e as canções são ótimas!”

. Record (2018)
De Tracey Thorn
. Mafaro (2010)
De André Abujamra
. Super Mario odyssey (2018)
De The Greatest Bits
. Superultramegafluuu (2015)
De Erika Machado
. Religar (2010)
De Léo Cavalcanti
. Disco voador (2011)
De Clã
. Claridão (2012)
De Silva
. Goldfrapp (2010)
De Head First
. Do meu coração nu (2020)
De Zé Manoel


KASSIN
Produtor musical e multi-instrumentista

. Untitled (Rise) (2020)
De Sault
“Neste ano estranho de 2020, basicamente um ano suspenso, dois discos desta lista foram lançados, Zé Manoel e o primeiro aqui, Sault, que lançou dois discos quase ao mesmo tempo e poderiam estar aqui nesta lista, mas não quis ficar repetitivo. Sault é um projeto misterioso, não se sabe ao certo quem participa, mas o que interessa é que a música é muito boa.”

. Black Messiah (2014)
De D’Angelo
. Metaprogramação (2019)
De Deafkids
. Do meu coração nu (2020)
De Zé Manoel
. O glorioso retorno de quem nunca esteve aqui (2013)
De Emicida
. Abraçaço (2013)
De Caetano Veloso
. IIII%2bIIII (2017)
De Ìfé
. AOR (2013)
De Ed Motta
. Bang (2015)
De Anitta
. Zony w pracy (2016)
De LXMP


»  KADU VIANA
Cantor

. Belo Horizonte (2019)
De Toninho Horta e Orquestra Fantasma
“Para mim, é o mais importante disco da década por ter levado a música feita em Belo Horizonte, Minas Gerais, ao topo do mundo, uma vez que foi o vencedor do Grammy Latino 2020 – Melhor álbum de MPB.”

. Dreaming fully awake (2019)
De Moons
. Rua dos Amores (2012)
De Djavan
. AOR (2013)
De Ed Motta
. Cantante (2020)
De Mariana Nunes
. The lost and found (2011)
De Gretchen Parlato
. Momentum (2013)
De Jamie Cullum
. Lo mejor de cada casa (2013)
De Steen Rasmussen Quinteto e Leo Minax
. Paradise valley (2013)
De John Mayer
. Voicenotes (2018)
De Charlie Puth

RODRIGO VELLOZO
Cantor

. A mulher do fim do mundo (2015)
De Elza Soares
“O encontro da voz mítica de Elza Soares com a invenção de alguns dos principais artistas da cena contemporânea brasileira constrói um álbum de importância histórica e fundamental.”



. Lemonade (2016)
De Beyoncé
. Grae (2020)
De Moses Sumney
. O disco das horas (2018)
De Romulo Fróes
. AmarELO (2019)
De Emicida
. Casas (2018)
De Rubel
. Pedaço duma asa (2015)
De Mariana Aydar
. Recanto (2011)
De Gal Costa
. Mulher (2015)
De As Baías
. Bahia fantástica (2012)
De Rodrigo Campos


»  LUÍS COUTO
Vocalista da banda Devise

. Dogrel (2019)
De Fontaines D. C.
“É muito bom ver que uma banda
'de guitarras' ainda pode ser muito relevante no mundo da música. O disco de estreia do Fontaines D.C., banda de Dublin, é daqueles álbuns salvadores do rock que aparecem de tempos em tempos para provar que o estilo segue vivo, apesar de todos os pesares internos e externos que envolvem o rock hoje em dia. Dogrel é garage rock com boas doses de
pós-punk e o genial vocalista/frontman Grian Chatten comprovando que sua forte ligação com a literatura o transformou em um dos melhores letristas da atualidade.”

. Felt the bolt cutters (2020)
De Fiona Apple
. Blackstar (2016)
De David Bowie
. A mulher do fim do mundo (2015)
De Elza Soares
. Lonerism (2012)
De Tame Impala
. AM (2013)


De Arctic Monkeys
. Assim tocam os meus tambores (2020)
De Marcelo D2
. Manual (2015)
De Boogarins
. Salad days (2014)
De Mac DeMarco
. Heads up (2016)
De Warpaint

»  PEDRINHO ALVES MADEIRA
Produtor

. Recanto (2011)
De Gal Costa
“Considero a Gal Costa e a Ella Fitzgerald as melhores cantoras, não intérpretes, do século 20. Gal, certamente, é a mais camaleônica cantora brasileira de todos os tempos. Seus lancinantes agudos já estiveram a serviço de históricos projetos e, também, de outros quase banais. Recanto, ousado projeto criado por Caetano Veloso, cumpriu a árdua tarefa de resgatar Gal Costa, a mais fiel intérprete de sua obra, do embotado período que ela atravessou ao longo de praticamente toda a primeira década dos anos 2000. E o resultado, embora tenha gerado opiniões diversas, pode ser considerado um divisor de águas na ampla e irregular discografia da errática musa do Tropicalismo. Quem esperava um disco no mesmo clímax dos hoje icônicos trabalhos que ela gravou entre o final dos anos de 1960 e meados dos anos de 1970, certamente se decepcionou. Os lancinantes agudos e o célebre cantar rasgado foram levados pelo tempo, cedendo espaço a novos e até então pouco conhecidos graves, que, somados à também desconhecida qualidade de Gal Costa como intérprete, causaram estranhezas e encantamentos. O inédito feixe de impactantes canções e arranjos instigantes, por vezes minimalistas, foram as senhas para que pudéssemos decifrar a velha/nova Gal Costa de volta ao futuro. Recanto pode até não soar experimental como muitos ansiavam, mas classificá-lo como atemporal não é exagero algum. É bemprovável que, mais adiante, o repertório venha a ser redescoberto e gravado por uma nova geração de conectadas/antenadas cantoras/intérpretes, as verdadeiras herdeiras da
camaleônica Gal Costa.”

. The suburbs (2010)
De Arcade Fire
. Lonerism (2012)
De Tame Impala
. Cavalo (2013)
De Rodrigo Amarante
. Gilbertos samba (2014)
De Gilberto Gil
. A mulher do fim do mundo (2015)
De Elza Soares
. Abyss (2015)
De Chelsea Wolfe
. You want it darker (2016)
De Leonard Cohen
. Triplicate (2017)
De Bob Dylan
. Bluesman (2018)
De Baco Exu do Blues
. AmarElo (2019)
De Emicida
. Só (2020)
De Adriana Calcanhotto


»  ROGER DEFF
Rapper e jornalista

. A mulher do fim do mundo (2015)
De Elza Soares
“A mulher do fim do mundo é uma obra de grande importância para a música brasileira. É o primeiro disco da Elza Soares com repertório totalmente inédito em seus mais de 60 anos de carreira. Arrisco dizer que é o trabalho mais potente dela, tanto pela qualidade musical quanto pela gama de símbolos que carrega.”

. Nó na orelha (2011)
De Criolo
. Pangeia (2015)
De Cromossomo Africano
. Emicídio (2010)
De Emicida
. Amor geral (2016)
De Fernanda Abreu
. Boa noite (2018)
De Julgamento
. Para dias ruins (2018)
De Mahmundi
. 2 atos (2017)
De Matéria Prima
. Cores e valores (2014)
De Racionais
. Nacional (2011)
De Transmissor



»  WILSON SIDERAL
Cantor e compositor

. Brothers (2010)
De The Black Keys
“O número 1 da minha lista – se é que é possível escalar um destes álbuns como melhor do que o outro – escolho pelo impacto a longo prazo e pelos 'milhões de plays' que já dei nele: Brothers, de The Black Keys, é um festival de boas referências, blues, rock, soul, psicodelia e timbres, muitos timbres incríveis... Desses que a gente
tenta reproduzir em estúdio! Riffs,
sons e melodia em perfeita 
engenharia de áudio! Inspirador.”

. Esperar é caminhar (2010)
De Palavrantiga
. 21 (2011)
De Adele
. Nó na orelha (2011)
De Criolo
. Unorthodox jukebox (2012)
De Bruno Mars
. Dois amigos, um século de música
ao vivo (2015)
De Caetano Veloso e Gilberto Gil
. I still do (2016)
De Eric Clapton
. Boogie naipe (2016)
De Mano Brown
. Blue & Lonesome (2016)
De Rolling Stones
. Melhor do que parece (2016)
O Terno