Há oito anos, Thiaguinho segue carreira solo. A escolha resultou na turnê Tardezinha, que marcou os últimos quatro anos e meio da carreira do pagodeiro, se consolidando como o maior projeto do paulistano. Idealizado pelo ator e amigo Rafael Zulu e Thiaguinho, o show que rodou os quatro cantos do Brasil surgiu de uma roda de samba nas tardes de domingo, e, a partir disso, ganhou o país em 162 edições.
A performance chegou ao fim em dezembro do ano passado e resultou em três discos: Tardezinha ao vivo (2017), Tardezinha 2 (2018) e, agora, para marcar o sucesso da temporada o pagodeiro disponibilizou Tardezinha no Maraca (2020), que chegou às plataformas digitais este mês, acompanhado de uma série documental sobre o projeto e os bastidores disponível no serviço de streaming Globoplay.
“Cantar no Maracanã foi um sonho que eu não sonhei. Sou de Presidente Prudente (SP), então, é muito distante, mas Deus me deu muito mais do que imaginei. O show do Maraca representou muito. Tanto por ser o último do projeto, como por ser no estádio. Minha família toda estava lá, ver o brilho nos olhos deles, ver o que a gente conseguiu realizar foi um momento lindão. Tinha gente do Brasil inteiro, ver a comoção e receber mensagem de apoio de amigos da música, foi um momento muito especial, que bom que está eternizado”, conta Thiaguinho.
Composto por 20 faixas, o lançamento é o registro da reunião de mais de 40 mil pessoas que presenciaram a apresentação no estádio carioca. O repertório traz sucessos da década de 1990, influências na formação artística do cantor, como Que se chama amor, É tarde demais e Me apaixonei pela pessoa errada. “Serve como uma homenagem as minhas referências, além de cantar com pessoas que são ótimos artistas e amigos. Muita gente tem saudades das músicas desse tempo, principalmente a galera da minha idade. E, ao mesmo tempo, eu lançava os meus trabalhos pessoais, que fizeram um grande sucesso e tenho certeza que muita gente veio ouvir o som do Thiaguinho por meio do Tardezinha”, conta o artista.
“A canção que mais mexe comigo nesse projeto é Temporal, do Leandro Lehart, gravada pelo Art Popular. Foi a primeira música que cantei no palco. Eu tinha 11 anos, com amigos me ajudando e meu pai segurando o microfone. Essa música representa e ilustra bem esse caminho, esse sonho”, relembra o jovem de 37 anos que cresceu ouvindo sertanejo e gospel.
Em 2002, ele se tornou conhecido após participar do talent show Fama e, em seguida, ganhou notoriedade na música ao integrar o grupo Exaltasamba, do qual se despediu há oito anos para dar vez a carreira solo.
Série documental
Como reflexo do projeto, a série documental Tardezinha, dirigida por Benedita Zerbini e João Pedro Januário, foi estruturada em quatro episódios e narra a história da idealização e crescimento da turnê despretensiosa que rodou o Brasil, além de apresentar depoimentos de Alexandre Pires, Belo, Ferrugem, IZA, Ludmilla, Péricles e Rodriguinho. “Gosto bastante de ver séries assim, saber o que as pessoas pensam até chegar a um resultado. E que a minha história sirva de inspiração para outras pessoas realizarem os sonhos delas, não só na música, mas na vida”, deseja.
Volta aos palcos
Após mais de sete meses sem se apresentar em decorrência da pandemia do novo coronavírus, o pagodeiro volta aos palcos em 21 de novembro no Rio de Janeiro. “Saudades demais de cantar, é minha vida, o que me move. Sinto muita falta, não vejo a hora de as coisas voltarem ao normal. Assistir ao documentário e ao show mexe ainda mais comigo, espero que isso se resolva em breve. Eu preciso trocar essa energia com público”, pontua o pagodeiro.
Próximos planos
“Estou pensando em um novo projeto. São oito anos solo, muita coisa aconteceu na minha carreira e chegaram muitas pessoas novas que não conhecem as obras cantadas por mim na época do Exaltasamba. Então, está na hora de fazer um resumo do que aconteceu nos últimos 10 anos, tenho vontade de dar uma recapitulada e voltar com Desencana, Buquê de flores, entre outras. Além de lançar coisas novas.”
Duas perguntas // Thiaguinho
O que o Thiaguinho do Fama trouxe para o Thiaguinho de agora?
O Thiaguinho do Fama para o do Maracanã traz a vontade de vencer. Desde o início da minha carreira, sempre tive que passar por cima de várias adversidades, e a carreira do artista é assim. Você tem que estar sempre provando algo, provando que você merece aquela atenção. Além disso, o amor continua, essa vontade de cantar, de mostrar para as pessoas que é realmente o que amo.
O que você gosta de ouvir?
Gosto de ouvir de tudo, cresci no interior, então o sertanejo faz parte demais da minha vida, sou muito fã de vários artistas do sertanejo, já tive a oportunidade de gravar e de cantar com alguns deles. Gravei com Zezé Di Camargo & Luciano e foi um dos grandes momentos da minha vida. Mas também cresci e fui criado na igreja e minha mãe sempre ouviu muito louvor. Pagode nem preciso falar, gosto de música black internacional, de rap nacional, gosto de funk. Acho que música é de momentos, então, varia muito. Neste momento, ando escutando muito gospel e Djavan.
SERVIÇO
Thiaguinho no Maraca
De Thiaguinho. Com 20 faixas, pela Som Livre. Disponível em todas as plataformas digitais
*Estagiária sob supervisão de Igor Silveira