A série Allegro Vivace começa nesta terça-feira (6), com recital do violonista Fábio Zanon. Realizado desde 2013, o evento tem o propósito de democratizar o acesso à música erudita.
Devido à pandemia, o formato será diferente. O concerto ocorrerá às 20h, no auditório do hospital Mater Dei, em Belo Horizonte, mas sem plateia, com transmissão pelo canal do projeto no YouTube. O público poderá ter acesso a detalhes da programação pelo Instagram (@recitaisallegrovivace).
Devido à pandemia, o formato será diferente. O concerto ocorrerá às 20h, no auditório do hospital Mater Dei, em Belo Horizonte, mas sem plateia, com transmissão pelo canal do projeto no YouTube. O público poderá ter acesso a detalhes da programação pelo Instagram (@recitaisallegrovivace).
“Nossa intenção é fomentar a cultura erudita. As apresentações podem ser vistas por qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo”, diz Myrian Aubin, diretora artística e produtora do Allegro vivace. A nova temporada oferecerá seis recitais.
Fábio Zanon interpretará peças espanholas e brasileiras. As quatro últimas composições destacam o violão popular do Brasil. Segundo ele, será um momento especial, pois não faz recital desde março. Um misto de sentimentos, sobretudo porque vai subir ao palco sem o público na plateia. “É uma situação curiosa. Dá até frio na barriga”, brinca.
O programa reúne os compositores Garcia Abril (Evocación nº 4), Joaquín Turina (Fandanguillo), Federico Moreno Torroba (Jota levantina e Sonatina) e Francisco Mignone (Canção brasileira, Valsa nº 2 e Cinco estudos), além de peças curtas de Ulisses Rocha, Armandinho, Nicanor Teixeira e Marco Pereira.
Regente, professor e comunicador, Zanon comenta que a música erudita pode parecer distante, manifestação elitista que demanda conhecimento específico para ser apreciada. Mas esse é o panorama de décadas atrás, ressalta. “Hoje, é uma expressão que conquista novos lugares.”
O violonista lembra que instituições educacionais têm se voltado para a cultura erudita, como escolas, teatros de ópera e orquestras. “A população deve ter direito ao acesso, de frequentar esse ambiente”, defende.
De acordo com Zanon, a música erudita ganhou projeção no Brasil nos últimos 20 anos. É um gênero valorizado, por exemplo, por igrejas evangélicas, onde há formação de músicos. “Existem diversos projetos sociais que resgatam pessoas em áreas de periferia, carentes, ensinando a execução de instrumentos de orquestra até como alternativa profissional”, pontua.
É visível a transição para um novo público, de outro perfil sociocultural. Porém, adverte o violonista, o universo erudito enfrenta o risco da pasteurização imposta pelos meios de comunicação de massa. “Mesmo com mudanças evidentes, a música erudita não é tão divulgada. Para se democratizar, ela precisa aprender a usar melhor a internet e as redes sociais”, acredita.
Em 1996, o brasileiro venceu dois dos maiores concursos mundiais de violão – Guitar Foundation of America (GFA), nos Estados Unidos, e Francisco Tarrega, na Espanha. Já se apresentou em cerca de 50 países nos quatro continentes e executou cerca de 40 obras para violão e orquestra.
Zanon concluiu seus estudos na Royal Academy of Music, em Londres, onde é professor e fellow (título dado a antigos alunos de destaque). Autor do livro Villa-Lobos, desde 2014 é coordenador artístico e pedagógico do Festival de Inverno de Campos do Jordão, em São Pulo.
PIANO
A série Allegro Vivace remonta a 2010, quando o médico José Salvador Silva, fundador da Rede Mater Dei de Saúde, comprou um piano e encontrou em Myrian Aubin a parceira de sua nova empreitada. Dez pianistas passaram a fazer audições diariamente no hospital, pela manhã e à tarde.
Myrian lembra o quanto a música pode tranquilizar, serenizar e tornar o ambiente agradável, contribuindo para a saúde e o bem-estar em meio a tratamentos complicados enfrentados pelos pacientes. “É um momento de respiração”, diz.
Restrito ao espaço interno do hospital, foi ampliado em 2013, voltando-se para o público em geral. Desde então, recebe musicistas do Brasil e do exterior, com diversas formações dedicadas à música de câmara – solistas, duos, trios, quartetos, quintetos e sextetos.
A acessibilidade é um dos alicerces da série. Nos concertos presenciais, o projeto disponibilizava cartaz e programa em braile. Em 2020, a live do Allegro Vivace contará com audiodescrição.
FÁBIO ZANON
Nesta terça-feira (6), às 20h, no Facebook (Recitais Allegro Vivace). Informações no Instagram: @recitaisallegrovivace.