Minas Gerais e a paixão pela música, em especial pelo rap, juntou o duo Hot e Oreia, que se conheceu nas batalhas de MCs da capital. Após estrearem no ano passado com o disco Rap de massagem (2019), os mineiros lançaram no mês passado o álbum Crianças selvagens. Com críticas sociais pesadas acompanhadas de doses de humor e sarcasmo, o lançamento traz canções que abordam educação sexual e tolerância religiosa e criticam a estrutural patriarcal.
Em Crianças selvagens, a dupla se preocupou em se comunicar com o público, principalmente "a galera mais nova" que acompanha o trabalho dos rappers. O título é inspirado no capítulo de um livro que os mineiros gostam. “O nome a gente pensou depois da primeira música, achamos que podia ser um norte para a produção do disco. O nome também vai de encontro com a nossa nova fase, a gente está buscando a criança de quando a gente começou, se entendeu como artista”, conta Hot em entrevista ao Correio.
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“A gente perguntou no Instagram, quem o público sugeriria para gravarmos juntos. Muitos escolheram o Black Alien e ele disse que topava. Tempos depois nos encontramos em um festival e acabou rolando”, lembra Hot.
O álbum foi concebido durante o período de isolamento social. Eles usaram o momento para viajar para a casa do pai de Oreia, no Vale do Jequitinhonha (MG), onde foi feita a maior parte do processo de criação, por meio de composições e chamadas de vídeo com os parceiros.
“A repercussão está massa, estamos felizes. A galera está endoidando, o povo falou que melhoramos muito musicalmente, os números estão legais. A gente amadureceu um pouco nas ideias e na música”, pontua Oreia, que acredita que o novo trabalho é uma extensão do disco anterior.
Um dos maiores nomes do rap da atualidade e conterrâneo de Hot e Oreia, Djonga escreveu um texto de apresentação de Crianças selvagens. “A gente é amigo há muitos anos. Hot que deu o nome de Djonga para ele, a gente tinha um grupo juntos chamado DV Tribo. Depois cada um foi para um lado, a gente é muito amigo, coisa de vida”, declara Oreia.
Apresentação de Djonga
"Muito louco! Eu tomei umas e fui ouvir o disco. Notei que musicalmente os caras transcenderam. A musicalidade realmente ultrapassou o limite do ápice que tinham chegado. Existe algo nas ideias que une o álbum inteiro. Estou vendo vocês colocando para pista aquelas ideias que já pensavam há um tempão. Além disso Hot tem um flow muito cabuloso.
O mais original que rola no Brasil. Uma parada que não dá para explicar muito bem. E esse lance das colagens e intervenções são muito importantes e deu uma característica muito foda para o disco, como nos samples do Caetano Veloso e do Nelson Ned. O Oreia trouxe uma maturidade nas letras que transcende muito o que ele tinha criado como personagem dele mesmo.
Acho que é um álbum que em todos os sentidos possíveis está muito mais profissional e muito mais sinistro do que o primeiro de vocês. Traz uma espécie de complexidade muito gostosa. Os caras estão de parabéns."
Confira o clipe de Presença, de Hot e Oreia
*Estagiária sob supervisão de Adriana Izel