Tino Gomes e Mônica Mendes lançam Catopezera: The sound of colors

Festejos populares de Montes Claros inspiraram o projeto que reúne 22 pinturas e disco com oito faixas em homenagem ao catopê

Augusto Pio 29/09/2020 04:00
Fotos: Acervo Pessoal
Apaixonados pelo catopê, Tino Gomes e Mônica Mendes homenageiam a cultura popular (foto: Fotos: Acervo Pessoal)
Criado pelo cantor e compositor Tino Gomes e a artista plástica Mônica Mendes, o projeto Catopezera – The sound of colors celebra a cultura popular do Brasil. Faz parte dele o 17º disco do mineiro, inspirado nas tradições de Montes Claros, com seus catopês, marujos e caboclinhos dançando ao som de tambores, pandeiros, violas, violões e caixas para louvar Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e o Divino Espírito Santo.

“Essa festa já perdura há mais de 160 anos. Na minha opinião, é a maior do gênero no Brasil”, acredita Tino. “Olhando as pinturas e ouvindo o som, é como se estivéssemos nas ruas de Montes Claros vendo o festejo passar, com sua alegria e suas cores.” O projeto reúne 22 quadros da artista plástica e um álbum com oito canções.

“No meu novo disco, compus temas para dar vida às telas de Mônica, todas inspiradas nas festas montes-clarenses”, diz Tino. Desde a década de 1970, ele se dedica a divulgar a cultura de sua terra natal. Essa paixão já estava presente no primeiro LP de Tino com o Grupo Raízes, lançado pelo selo Continental.

A belo-horizontina Mônica Mendes mora em Miami (EUA), onde mantém um estúdio. Os dois planejavam a estreia de Catopezera em abril naquela cidade da Flórida, mas os planos foram adiados por causa da pandemia.

“Tudo começou há 15 anos, quando eu quis criar um movimento que lembrasse, mesmo de longe, as batidas do catopê. Assim surgiu o Catopezera, formado por mim e a Danuza Menezes, professora de percussão. No primeiro disco do Raízes já tínhamos músicas que defendiam essa cultura”, relembra Tino.

O movimento idealizado pelo cantor montes-clarense não foi para a frente, mas ele não desanimou. “Continuei fazendo meus trabalhos. Em 2009, lancei o disco Catopezera Brasilis, produzido pelo multi-instrumentista Rogério Delayon e gravado no Estúdio HP, em BH.”

O plano era levar o catopê para a Espanha, onde Tino faria turnê. “Pensei: vou mostrar a cultura montes-clarense misturada com a world music. Acabou que não viajei, mas o disco ficou muito legal e o mandei para o Spotify. Todos os anos, ia para Montes Claros bater tambor na festa de Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Espírito Santo”, diz Tino.

Nessas idas e vindas, o compositor conheceu Mônica e a levou para ver de perto os festejos de sua cidade. Não deu outra: a artista plástica se apaixonou pelo catopê. Por cinco anos seguidos, ela voltou a Montes Claros para fotografar e pintar cenas da festa.

Tempos depois, Mônica pintou um quadro de Tino tocando catopê. Veio dali a ideia de produzir Catopezera – The sound of colors.

Tino fala com orgulho da cultura montes-clarense, destacando a importância que os jovens têm dado às tradições populares. “Os artistas de lá compraram a ideia. Os meninos dos grupos Taboo, Banda da Lua e Rapariga do Bonfim descobriram essa sonoridade, inclusive da música feita nos anos 1970”, comenta.

Feliz, Tino Gomes diz que Desentoado, parceria dele com Charles Boa Vista lançada há vários anos pelo Grupo Raízes, vem sendo regravada por jovens talentos de Montes Claros.
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CATOPEZERA – THE SOUND OF COLORS
De Tino Gomes
CD independente
Oito faixas
Disponível nas plataformas digitais

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