Antonia Morais estreou como cantora em 2015, quando lançou o disco Milagros, que trazia músicas cantadas em inglês, ecoando sua infância vivida nos Estados Unidos, e recheadas de elementos eletrônicos.
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“O incêndio foi muito agressivo, foi muito chocante. Achei tão simbólico o fato de o fóssil ter sido reconstruído depois que me identifiquei com isso. Eu estou sempre fazendo esse movimento de me reconstruir na vida, meio renascendo das cinzas”, diz a cantora e compositora, de 28 anos.
Ela também considerou “muito significativo esse fóssil pertencer a uma mulher, acontecer esse descaso e depois ter sido reconstruído. A mulher, neste momento, está fazendo muito esse movimento também, achei que seria uma simbologia bonita”.
Quanto ao ano da pandemia, ela diz que “não imaginava que seria de tantos desafios” e por isso imaginou que “seria bonito pegar um nome tão fundamental, de tanta ancestralidade, e colocar ao lado de um número tão futurista, que representa a nova era”.
O impulso para o disco, ela conta, veio da vontade de “fazer um álbum mais voltado para os sons do Brasil”. “Queria me arriscar a escrever e cantar em português. Tinha vontade de correr esse risco de colocar a minha voz de forma mais evidente.”
Em comparação com seu disco anterior, ela comenta: “Acho que não foi uma transformação, foi um amadurecimento mesmo. Milagros foi um álbum muito fiel àquele momento de minha vida, assim como Luzia está sendo muito fiel a esse momento que estou vivendo”.
NATUREZA
O álbum começou a ser concebido em meio à natureza exuberante de Bonito (MS), onde Antonia escreveu a faixa que abre o disco, Gaivotas. “A natureza foi fundamental para a poesia começar a surgir de forma espontânea e despertar em mim essa vontade de escrever. A partir daí o álbum foi nascendo.” A paisagem brasileira também influenciou a composição de Serpente, escrita durante trilha na Serra de Bocaina (RJ).Quando mostrou as duas letras para a produtora Barbara Ohana, Antonia ouviu dela a sugestão de escrever letras menos “cabeçudas” e mais simples para as pessoas se identificarem. Esse processo culminou na composição de Manhãs e na sua primeira música de amor, Espera.
“Achei que nunca ia conseguir falar de amor, porque é o tema mais difícil de se escrever. Já fizeram músicas de amor de formas tão geniais que é uma coisa que você simplesmente não faz mais.”
Embora tenha ficado feliz com o resultado da canção, Antonia se diz pouco à vontade com ela. “Espera é a música que eu fico menos confortável em cantar, justamente porque me sinto um pouco exposta (risos).”
Luzia 20.20 foi gravado em duas semanas, em agosto do ano passado. Dedicada a outros projetos profissionais anteriormente, Antonia acabou se envolvendo mais na pós-produção do álbum, devido à quarentena.
“Se estivesse num ritmo acelerado da vida, talvez não teria prestado atenção em certos detalhes, porque é um álbum muito delicado e precioso. A quarentena, o fato de eu ter parado a minha vida, me proporcionou esse privilégio de ter um cuidado maior com a obra.”
A cantora planeja para novembro a live de lançamento. Até lá, diz: “Estou botando boas energias. Acho que as pessoas vão receber bem o álbum, porque está muito bem-feito e foi colocado muito carinho nele”.
LUZIA 20.20
• Antonia Morais
• Alta Fonte (7 faixas)
• Disponível a partir desta sexta (18) nas plataformas digitais
*Estagiário sob supervisão da editora Silvana Arantes