Em março de 2015, quando se apresentou pela primeira e única vez até hoje em Belo Horizonte, na abertura do show do ex-Led Zeppelin Robert Plant, St. Vincent (nome artístico da norte-americana Annie Clark) colhia os louros de seu disco homônimo, lançado um ano antes.
Ainda que aquele não fosse seu álbum de estreia – ela já havia lançado outros quatro, inclusive um em parceria com David Byrne –, aquele trabalho moldou a sonoridade de seu projeto seguinte, Masseduction (2017).
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GRAMMY
Coproduzido por Jack Antonoff, queridinho das cantoras que passeiam entre o indie e o pop, como Lorde, Lana Del Rey e até Taylor Swift, o trabalho foi aclamado por público e crítica. Recebeu indicação ao Grammy 2019 de melhor álbum de música alternativa. A faixa-título levou o troféu na categoria melhor música de rock. Na cerimônia, a artista subiu ao palco com Dua Lipa e protagonizou uma apresentação cheia de tensão sexual.
Agora, a cantora e compositora decidiu dar nova abordagem para uma das músicas do disco. No final de agosto, liberou nas principais plataformas de streaming o single New York, gravado em parceria com o compositor Yoshiki, líder da banda X Japan.
Originalmente uma balada com elementos eletrônicos, a música ganhou novo arranjo de piano, com direito a violinos e elementos orquestrais.
O lançamento pegou os fãs de surpresa, pois, na véspera, Annie havia compartilhado uma foto misteriosa em seu Instagram, que os seguidores atribuíram à proximidade de um novo trabalho inédito – o que, até agora, não se concretizou.
Também surpreende a sobrevida que St. Vincent tem dado a Masseduction. Deste disco de 2017 foram retirados três singles: New York, Los ageless e Pills. Em 2018, ela lançou um remix da faixa Slow disco intitulado Fast slow disco.
No mesmo ano, investiu na reformulação acústica de seu álbum, MassEducation, trabalho gravado com o pianista Thomas Bartlett, com reinterpretações de todas as canções do disco original. Nesse caso, Slow disco transformou-se em Slow slow disco.
De fato, é surpreendente como St. Vincent reaproveita as construções melódicas das versões originais. Fear the future, por exemplo, passou a soar como uma espécie de jazz. Sugarboy, por sua vez, continuou devidamente dinâmica e divertida. Das 13 faixas de Masseduction, apenas o interlúdio Dancing with a ghost ficou de fora.
Em 2019, ela voltou a lançar nova versão para as músicas do álbum, dessa vez com a ajuda da DJ Nina Kraviz, que revisitou o disco inteiro e o transformou em 21 faixas remixadas por diferentes artistas.
Nina Kraviz presents MASSEDUCTION rewired é, na verdade, uma versão techno, house e acid das músicas originais e a última versão do disco – até que St. Vincent diga o contrário.
Desde então, Annie Clark tem se dedicado a projetos paralelos. Ela produziu o disco The center won't hold (2019), que marcou o retorno da banda de punk rock Sleater-Kinney.
CINEMA
Com Carrie Brownstein (guitarrista do Sleater-Kinney), escreveu o roteiro do “pseudo documentário” The nowhere inn, dirigido por Bill Benz, que estreou no Festival de Sundance, em janeiro passado.
A artista representa a si mesma, num esforço para criar um filme que elimine sua persona dos palcos (a St. Vincent), revelando a pessoa real que está por baixo disso. Contrata uma amiga (Carrie Brownstein, que também representa a si mesma) para dirigir o projeto. Juntas, elas percebem que Annie já não sabe mais onde St. Vincent termina e Annie começa.
O longa faz um comentário inteligente sobre a mitificação de roqueiros e a área indefinida que surge quando uma pessoa é promovida para o consumo de massa.
Enquanto não lança novo trabalho, Annie tem agraciado os fãs com covers em seu Instagram. Durante a quarentena, já apareceu cantando dois clássicos do Led Zeppelin, Stairway to heaven e Dancing days. Na última aparição, cantou Forty six & 2, da banda Tool.
Todos os vídeos são dos bastidores de sua turnê com Masseduction. Quem sabe ela está programando um disco ao vivo? Só o tempo dirá.