Depois de ser realizado ininterruptamente por 50 anos no formato presencial, o Festival Nacional da Canção ganha sua primeira edição on-line devido à pandemia da COVID-19. O evento será realizado nesta sexta-feira (4) e no sábado (5).

“É um misto de sentimentos. No princípio, estava muito assustado e fiquei na dúvida se valeria a pena fazer o festival apenas on-line. Mas depois que tomei a decisão de fazê-lo, tudo encaminhou bem”, comemora Gleizer Naves, fundador e diretor do festival.

SUSTO Em dois meses, o evento recebeu cerca de duas mil inscrições. Gleizer não esperava tantos participantes. “Dei uma pesquisada por festivais on-line e vi que para todos os lados eles recebiam de 300 a 500 inscrições. Pensei que seria assim com o nosso. Mas foram quase duas mil, levei um susto”, comemora.

O Festival Nacional da Canção, um dos mais tradicionais do Brasil, é conhecido por revelar muitos talentos. Os cantores Jéssica Stephens Barbosa, Nanno Viana e Júnior Almeida, por exemplo, tiveram ali a sua primeira chance.

Nesta edição, inscreveram-se artistas de vários estados e de cinco países. “Tem gente de Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul. Teve até um da Zona do Euro, da França.”, adianta Gleizer.

Os 50 finalistas serão anunciados nesta sexta-feira (4) e no sábado (5). Eles disputarão o Troféu Lamartine Babo e R$ 15 mil em prêmios.

O nome do vencedor será divulgado sábado (5), após a apresentação das canções classificadas e do show especial do trio Amadeus.

Gleizer conta que a escolha dos 50 finalistas não foi fácil. “Pelo menos 300 canções mereciam estar no festival. Julgar arte chega a ser injusto, como vamos julgar? Cada um pensa, interpreta e enxerga de um jeito”, diz.

De acordo com ele, o júri terá dificuldade de escolher o vencedor, prova da importância de promover o festival, mesmo nestes tempos de pandemia. “Vale muito ao pena, quando vejo a oportunidade que temos dado para o povão, que é muito rico culturalmente e não tem chance de mostrar seu trabalho, a oportunidade que essas pessoas têm de intercâmbio e de ver o que outras partes do mundo estão fazendo”, comenta.

Edições presenciais do festival sempre foram realizadas em cidades do Sul de Minas, com entrega de prêmios em setembro, em Boa Esperança. “Quando vejo que o povo do interior mineiro recebe um tipo de arte raramente oferecido para ele, isso é gratificante demais”, explica.

O organizador diz que o formato on-line tem suas vantagens. “Muitas bandas que não podiam vir a Minas por causa dos gastos de deslocamento estão participando on-line. Ficou mais fácil. Muita gente que conhecia o festival está conhecendo agora.”

A festa será transmitida nas páginas do evento no YouTube e Facebook. “Como é tudo novo, não tenho a mínima ideia de como vai ser. Até então, me confortava ver o público aplaudindo os vencedores, torcendo. Confesso: dá uma pontinha de medo não ter o retorno que havia no festival presencial.”

Em 2020, o festival mineiro comemora meio século. Antes da pandemia, a edição especial teria apresentação do Grupo Corpo, mas ela foi adiada para 2021. “Não poderíamos deixar passar em branco. Manter esses 50 anos ininterruptamente é algo muito mais forte”, defende Gleizer Naves.

* Estagiária sob orientação da editora-assistente Ângela Faria
FESTIVAL NACIONAL DA CANÇÃO
Nesta sexta-feira (4) e sábado (5), a partir das 20h. Transmissão no Facebook e YouTube (@festnacionaldacancao)