Poucos dias antes de a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar a pandemia do novo coronavírus, PC Silva (nome artístico de Paulo César Silva) finalizava seu primeiro disco solo, originalmente previsto para abril. Diante da crise sanitária, o músico pernambucano adiou o lançamento o quanto pôde até se dar conta da importância da arte nestes tempos tão conturbados.
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“De certa forma, fazem uma síntese do que as músicas falam. Durante o processo de escolha do título, fiquei com elas presas na minha imaginação, tentando encontrar alguma frase que pudesse fazer referência às três. Acontece que as próprias músicas já falam muito claramente sobre essas coisas”, observa. Isso está nas faixas Adeus, obrigado e disponha (parceria com Mônica Salmaso), Meu amorzim e Freegells.
Um curioso eu-lírico feminino aparece em Ímã e Moderna. Saudade arengueira, composta com a conterrânea Isabela Morais, expõe simpático regionalismo adornado por uma tragédia: a canção foi inspirada no acidente que vitimou o parente de um grande amigo do cantor.
Escrita em parceria com Juliano Holanda, produtor do disco, Boomerang vem com a voz de Ceumar, cantora mineira que lançou uma canção de PC Silva, Todas as vidas do mundo, em seu mais recente álbum, Espiral (2019).
Essa música, inclusive, ganha reinterpretação em Amor, tempo e saudade, reforçando o conceito de transitoriedade, que aparece também em Nigel Mansell, batizada com o nome do ex-piloto inglês da Fórmula 1.
Gravado no Estúdio Carranca, no Recife, com Diego Drão (piano), Gilú Amaral (percussão) e Juliano Holanda (guitarra, violão e baixo), o álbum traz à tona um artista que experimenta o retorno depois do fim da banda com a qual estreou.
“É quase como um trabalho de autoreimpressão. Você tem banda durante um tempo e acha que está no caminho certo. Só que a vida vai pregando peças e a gente tem que se reinventar”, explica PC. “Tive de aprender a compor quase que do zero, buscando ser autossuficiente. Fui trilhando esse percurso com tranquilidade, no meio do caos. É como quando alguém solta sua bicicleta enquanto você ainda está aprendendo a dar pedaladas mais confiantes. Tem sido bastante interessante me ver nessa situação, mas, agora, já estou distante da insegurança.”
Ansioso para voltar aos palcos, PC Silva confessa ser apaixonado por Minas Gerais e não vê a hora de reencontrar os amigos mineiros. “É muito importante observar como as pessoas recebem o meu trabalho. Então, assim que for liberado, quero fazer os shows de lançamento e ver o que, de fato, esse disco causou.”
AMOR, SAUDADE E TEMPO
. De PC Silva
. Independente
. Disponível nas plataformas digitais