Mineiro de Santa Luzia, Luiz Fernando Nunes, o Black-a, de 40 anos, consagrou-se campeão mundial de locking – estilo de dança associado ao hip-hop surgido na década de 1960, nos Estados Unidos. Organizada pela página russa Locking4Life, a competição foi realizada de forma remota devido à pandemia, em 17 de julho.
“Locking tem giros, pausas e movimentos rápidos, sempre se apoiando na black music”, explica Luiz Fernando, que disputou com 32 bailarinos, entre 170 inscritos, depois de receber o convite da Locking4Life. A eliminatória contou com batalhas individuais ao som de DJs. As coreografias gravadas foram publicadas no Instagram dos concorrentes.
“Como temos a possibilidade gravar de novo, para quem é perfeccionista é muito complicado. Foi bom para rever meus conceitos e melhorar algumas coisas. Foi mais difícil do que dançar de forma presencial”, revela Fernando.
Na final, o mineiro derrotou a japonesa Yura Fonkxy, ganhando seu primeiro campeonato mundial. “Foi incrível, pois participo de competições há muito tempo. Tenho mais de 30 títulos nacionais”, conta, lembrando que se apresentou duas vezes no exterior.
INSPIRAÇÃO
Morador do Bairro Palmital, em Santa Luzia, Black-a afirma que sua conquista tem inspirado jovens daquela região. “Trouxe uma esperança para eles. Tive vários feedbacks do pessoal. Alguns falavam que já estavam desanimados, queriam voltar pro crime. Quando veio o meu título mundial, acho que viram uma luz no fim do túnel, a possibilidade de sair da periferia e chegar a algo de grande porte.”
Morador do Bairro Palmital, em Santa Luzia, Black-a afirma que sua conquista tem inspirado jovens daquela região. “Trouxe uma esperança para eles. Tive vários feedbacks do pessoal. Alguns falavam que já estavam desanimados, queriam voltar pro crime. Quando veio o meu título mundial, acho que viram uma luz no fim do túnel, a possibilidade de sair da periferia e chegar a algo de grande porte.”
O primeiro contato de Fernando com a dança ocorreu aos 10 anos, na década de 1990. Em frente a um treiler em Santa Luzia, jovens se reuniam para ensaiar passos de hip-hop. Em 1995, ele criou o grupo Planet of Dance. A atuação profissional começou em 1999, na Companhia de Dança de Rua de Minas Gerais – Mix of Dance, união de bailarinos de Santa Luzia, Ribeirão das Neves e Belo Horizonte. O grupo viajou pelo Brasil para competir em festivais.
Fernando se desligou da companhia em 2013, dedicando-se à pesquisa do locking. Atualmente, destina quatro dias da semana ao projeto socioeducativo Superação. “Sou professor de educação física, mas lido também com a dança”, reforça. As atividades do Superação vêm ocorrendo por meio da internet.
A pandemia não o desanima. “Vou começar a me preparar para mais duas competições este ano. Quero pelo menos mais um título”, avisa. Ele foi convidado pela Prefeitura de Santa Luzia para coordenar um centro cultural. “Achei muito interessante, mas é algo que ainda está sendo conversado”, observa.
Luiz Fernando também prepara um livro sobre sua trajetória. “Há três meses venho colocando muita coisa no papel.” A expectativa é lançá-lo em março de 2022. “Vai demorar um pouco, mas já temos meio caminho andado”, diz.
O sonho de Black-a é que sua história se torne um filme. “Esse é um desejo a longo prazo (risos). O livro é o primeiro passo”, enfatiza. Para esse campeão mundial de locking saído de Santa Luzia, nada é impossível.
BLACK-A
O dançarino Luiz Fernando Nunes mantém a página @blacka.fernando no Instagram
* Estagiário sob a supervisão da editora-assistente Ângela faria.