Legiões de fãs do K-pop e usuários da rede social TikTok atribuem a si mesmos a sabotagem a um ato de campanha do presidente americano, Donald Trump, no fim de semana passado, ao terem reservado entradas em massa, sem a intenção de comparecer ao evento, que acabou tendo um público reduzido.
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Brad Parscale, gerente de campanha de Trump, culpou “manifestantes radicais” por “interferirem” no ato político. Mas Alexandria Ocasio-Cortez, congressista do Partido Democrata, respondeu: “Você foi apenas SACUDIDO por adolescentes no TikTok”.
“Aliados do K-Pop, também vemos e apreciamos a sua contribuição na luta por justiça”, acrescentou a deputada, de 30 anos, representante de Nova York.
Embora determinar o verdadeiro impacto da campanha virtual entre o público do comício seja quase impossível, a ação destacou a tradição dos fãs do K-pop de serem politicamente engajados. Esse gênero pop, que ganhou alcance mundial, nasceu há cerca de 25 anos, na Coreia do Sul.
“O K-pop tem uma cultura de ser responsável”, afirma CedarBough Saeji, da Universidade de Indiana, acadêmica especialista no gênero. “Os fãs desse estilo musical costumam ser pessoas com consciência social” e o gênero conta com um amplo apoio entre a comunidade negra e os LGBTQ, segundo Saeji.
Depois que a BTS doou US$ 1 milhão ao movimento Black Lives Matter, a organização beneficente coletiva de fãs da banda conhecida como One in An ARMY arrecadou outro milhão de dólares, para igualar o montante doado às causas contra o racismo e a violência policial.
“As músicas da BTS nos motivaram a ter confiança em nós mesmos, ser gentis com os outros e nos colocar à disposição para ajudar”, diz Dawnica Nadora, voluntária de 27 anos, do braço americano da organização.
CedarBough Saeiji destaca a “mensagem de positividade” por trás do ativismo dos fãs: “O K-pop atrai as pessoas que gostam desse tipo de música, mas que também querem fazer do mundo um lugar melhor.”
A consciência social e a compreensão da internet como ferramenta fazem com que a base de fãs do K-pop seja uma força poderosa. “Eles estão o tempo todo conectados. Os organizadores do K-pop estão, principalmente, no Twitter”, diz Saeji, assinalando que a compreensão que eles têm do funcionamento dos algoritmos da internet faz com que eles tenham poder em matéria de organização na rede.
Recorde
Segundo a rede social, a hashtag #KpopTwitter somou um recorde de 6,1 bilhões de tuítes em 2019. “Temos muita sorte de os ARMYs (exércitos) se apoiarem mutuamente, apesar de, frequentemente, estarem a milhares de quilômetros de distância uns dos outros”, diz Nadora.
Embora analistas políticos achem que o esforço virtual para aguar o comício de Trump tenha sido apenas brincadeira, comentaristas, entre eles CedarBough Saeiji, afirmam que ele representa mais do que isso: “Corromperam todos esses dados que a campanha de Trump tentava coletar. Basicamente, mostraram à campanha que ela não poderá confiar em nenhum de seus números no futuro.”