Festival de Paródias usa humor para ajudar trabalhador da cultura

O compositor Edu Krieger e a ONG A Rebeldia criaram evento musical para apoiar profissionais que perderam trabalho por causa da pandemia

Frederico Gandra* 16/06/2020 07:18
Natália Voss/divulgação
Edu Krieger diz que Minas é 'celeiro de musicalidade e humor' (foto: Natália Voss/divulgação)
O humor também é uma forma de resistir ao coronavírus. Pensando assim, o compositor carioca Edu Krieger, roteirista dos programas Zorra e Tá no ar: a TV na TV (Rede Globo), criou o Festival Hoje Eu Vou Parodiar em parceria com a ONG mineira A Rebeldia. O objetivo é obter recursos para ajudar profissionais da cultura que ficaram sem trabalho devido ao cancelamento da programação.

Releituras cômicas de canções, as paródias se tornaram uma espécie de “meme musical”, afirma Krieger. “Já transformamos Realce, do Gilberto Gil, em Reaça, criticando a postura reacionária que vem sendo cada vez mais detectada no nosso país”, comenta.

“Nunca houve uma época na história com tantos assuntos para parodiar. Sejam políticos ou não, os temas estão surgindo numa velocidade impressionante. A própria quarentena, por si só, pode ser um mote”, diz.

Durante a quarentena, o carioca publicou paródias de sua autoria no Instagram. “Ganhei muitos seguidores, várias delas viralizaram e circularam em grupos de WhatsApp. Foi um sinal de que há público interessado nesse tipo de material. Queremos estimular a criatividade das pessoas que estão em casa com tempo sobrando”, afirma.

O prazo de inscrições vai até 5 de julho. Os prêmios são de R$ 2 mil (1º lugar), R$ 1,5 mil (2º) e R$ 1 mil (3º). O resultado será divulgado em agosto. A taxa de inscrição é de R$ 15. “É como se fosse uma vaquinha. Quem se inscreve contribui automaticamente para os profissionais da cultura que perderam trabalho”, explica Krieger. O dinheiro será destinado à compra de cestas básicas e kits de higiene e limpeza.

As gravações inscritas não necessitam de acompanhamento instrumental. “Se estiver audível, já tá valendo. A avaliação não passa por cantar afinado, nada disso, apenas pelo conteúdo”, explica o compositor. Mas avisa: o regulamento desclassifica paródias com viés preconceituoso. “Queremos consolidar essa nova forma de criar e fazer comédia sem apelar para ataques às minorias”, enfatiza Edu Krieger.

O júri é formado por profissionais ligados ao humor, à música e à TV. Marcelo Adnet e Tatá Werneck serão presidentes de honra da comissão de jurados.

O compositor e roteirista diz que o festival vai além da questão filantrópica, propondo-se a incentivar a criatividade e a linguagem do humor nestes tempos de dificuldades. “O humor se torna ainda mais relevante para aliviar este peso que se apresenta em nosso cotidiano”, afirma, convidando os mineiros a participarem do concurso. “Minas Gerais é um celeiro de musicalidade e humor”, conclui.

* Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria

HOJE EU VOU PARODIAR
Inscrições até 5 de julho
Taxa: R$ 15
Informações: www.hojeeuvouparodiar.com.br 

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