Adaptar-se aos novos tempos é uma constante para todos durante a quarentena em decorrência da pandemia do coronavírus. Que o diga o trio As Bahias e a Cozinha Mineira (Raquel Virgínia, Assucena Assucena e Rafael Acerbi), que conseguiu, em tempo recorde, lançar um EP. Enquanto estamos distantes reúne cinco canções inéditas, produzidas em tempo recorde. Foram não mais do que 15 dias para a produção do trabalho, já disponível nas plataformas digitais.
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Desde o ano passado, Rafael conta, ele vinha tentando se aproximar do universo da produção. Quando veio o período do isolamento social, depois do susto de “o quê e como fazer?”, veio a sugestão de Raquel de lançar um EP. Aproveitando o tempo em casa, o músico se dedicou mais ao estudo de softwares de gravação e decidiu colocar a mão na massa. Pela primeira vez ele assina a produção de um trabalho do grupo.
“A gente tem sempre muitas composições guardadas. Como não nos encontramos, o que fiz foi apelar para as gravações (de voz) via celular. Muitos artistas do funk já trabalham dessa maneira, pois têm aparelhos com uma qualidade superalta. Como tenho um home estúdio e um arquivo dela, conseguimos usar muita coisa.”
O trio fez tudo sozinho (e em separado). Rafael gravou todos os instrumentos. Só a mixagem contou com um profissional de fora. “O mais difícil de tudo foi encontrar uma coesão estética para cinco músicas que foram todas trabalhadas a distância. Por outro lado, me sinto muito realizado, pois vi que é possível fazer um produto de qualidade em novas condições.”
Tais condições permitiram também o clipe a distância. Éramos chuva foi escolhida como single porque é uma das canções mais pop já gravadas pelo grupo. “Desde o Tarântula (seu terceiro álbum, lançado há um ano), a gente vinha tentando abrir o leque de público, sair do nosso nicho. Consideramos Éramos chuva com um apelo pop maior do que as outras.”
VÍDEOS CASEIROS
Para o clipe, foram convidadas pessoas próximas à banda – como as atrizes Taís Araújo, Débora Nascimento e Juliana Paes e a filósofa Djamila Ribeiro –, que enviaram vídeos caseiros da quarentena. “A ideia era trazer uma dimensão íntima de como cada pessoa está vivendo esse período”, conta Rafael.
Para ele, lançar um EP agora pode ou não ficar calcado no período atual. Isso vai depender de cada um. “Independentemente da pandemia, hoje em dia uma das maiores dificuldades é garantir a sobrevida de um trabalho. Os projetos são efêmeros, pois o mercado fonográfico está sempre nos cobrando para produzir mais. A lógica dos singles é a da audição instantânea, por isso eles têm vida curta. Agora, daqui a um ano, esse trabalho pode representar outra coisa. Cada um vai poder atribuir seu próprio significado para as músicas, seja um amor que acabou ou uma viagem”, finaliza.