“Eu não imaginava passar por isso nesta encarnação, ainda mais voltar ao Mineirão 10 anos depois da gravação do DVD, tocando para uma arquibancada vazia, mas, ao mesmo tempo, para um público talvez maior do que as 50 mil pessoas daquele show.”
É com dupla sensação de estranhamento, pelo contexto da pandemia do novo coronavírus e pelo ineditismo do formato de show com público remoto, que o vocalista Samuel Rosa se prepara para fazer neste sábado (30) a primeira live do Skank nesta quarentena, iniciada em março passado.
Ele diz que o grupo preferiu esperar para avaliar como estavam sendo feitos os shows nesse formato. “O Skank sempre foi desse jeito, sempre esperamos para ver como vai rolar, ver como o pessoal está fazendo, para depois fazer. Preferimos dourar a pílula, envernizar melhor, sobretudo nesse contexto, que tem uma questão de estrutura, segurança, do lugar” diz.
O vocalista aponta o Gigante da Pampulha como fator decisivo para a realização do show. “Muito do que nos seduziu foi a possibilidade de fazer no Mineirão, por toda a história e por ser muito mais seguro que uma live em estúdio fechado.”
A apresentação no estádio, que já foi cenário do clipe de É uma partida de futebol, gravado em 1997, e palco do CD e DVD Skank Multishow ao vivo, de 2010, é patrocinada por uma grande cervejaria, mas também tem um propósito solidário. A apresentação busca doações para o Projeto Querubins (BH), a Associação Mineira de Reabilitação e o Instituto Bacarelli (São Paulo). Samuel Rosa afirma que a banda doou cachês.
“Doamos e pedimos que as pessoas doem também. Importante ressaltar a questão solidária, que tem sido muito exaltada neste momento. Quem já sofre em tempos normais está sofrendo mais agora”, diz. “Neste momento, quem tem o privilégio de poder ficar em casa tem que ficar e ajudar quem não pode, quem está tratando de doença grave por exemplo. Não teria como ter uma oportunidade dessa sem ajudar quem precisa.”
Muito solicitada pelos fãs nas redes sociais da banda, a live deverá incluir os principais sucessos de seu repertório e antecipar um pouco do que será visto na turnê de despedida, agendada para este 2020, mas adiada em razão do surto de COVID-19. A transmissão será pelo canal da banda no YouTube.
“Vai ser muito baseado no que levaríamos para a estrada, ou seja, as mais conhecidas, mais relevantes, mas também uma ou outra que apuramos nas redes sociais, como Tanto, Ali, Pacato cidadão, que nem sempre estão nos repertórios, mas que o público tem pedido”, diz o vocalista.
Em duas horas de show, Samuel pretende intercalar as músicas com momentos de interação com o público. “Quem assiste a uma live quer conversar, ouvir uma história, então vamos achar um meio-termo para não ficar nem frio nem mecânico.”
Depois de anunciar no fim do ano passado a dissolução da banda, que Samuel prefere nomear como “uma pausa” nas atividades, que seria precedida por uma turnê de despedida, o Skank acabou experimentando seu maior período inativo em 30 anos devido à pandemia.
“Vai ser um jeito de matar a saudade, como integrantes do Skank, uns dos outros, mas também do exercício da nossa profissão. Não me lembro, nesses quase 30 anos, de ficar um período tão longo sem shows como agora”, diz o vocalista.
Sobre a parada anunciada, ele afirma que “será muito frutífera, não é o fim da banda. Se for de acordo com a vontade de todos, devemos retomar um dia, não nesse ritmo de pensar banda de segunda de manhã até domingo à noite, mas uma coisa de projetos, quem sabe com acústico, podemos retomar uma turnê interpretando um disco, ou uma época, como foi com Os três primeiros agora, mas coisa da minha cabeça”.
As colaborações do público para o combate à pandemia do novo coronavírus poderão ser feitas durante o show, via plataforma AME.
SKANK BRAHMA LIVE
. Neste sábado (30), às 20h
. Onde assistir: www.youtube.com/skankoficial
Virada musical e solidária
Também neste sábado (30) e adentrando no domingo ocorre o Festival 24h Juntos Pela Música, transmitido via Instagram (www.instagram.com/ubcmusica). O evento reúne nomes como Paula Fernandes, Maria Rita, Ferrugem, Sandra de Sá, Marcelo Falcão, Fernanda Takai, Kell Smith e Xênia França, em seguidas apresentações de uma hora de duração cada uma, a partir de meio-dia de hoje até as 13h de amanhã. A realização é da União Brasileira de Compositores (UBC), que arrecada fundos para a campanha Juntos Pela Música, realizada em parceria com o Spotify. Os recursos são destinados a artistas em situação de vulnerabilidade social, impactados pela crise da COVID-19.