Jovens violeiros se reúnem em festival on-line

Coordenado pelo mineiro Fernando Sodré, evento virtual oferecerá nove concertos e 11 workshops. Maratona terá artistas estrangeiros e de vários estados do país

Augusto Pio 14/05/2020 08:05
Élcio Paraíso/Divulgação
Fernando Sodré diz que festival virtual destacará as novas tendências da viola (foto: Élcio Paraíso/Divulgação)

O compositor e instrumentista mineiro Fernando Sodré comanda o festival virtual A nova viola brasileira, que será realizado de sexta-feira (15) a domingo (17). Além de concertos de nove instrumentistas, o evento oferecerá workshops e palestras. Sodré conta que teve de se adaptar aos novos tempos impostos pela pandemia do novo coronavírus, pois o festival, inicialmente, seria presencial. O formato on-line é inédito em se tratando de violeiros, observa ele.

“Queremos fomentar a cadeia cultural tão afetada neste momento atípico, levando ao público entretenimento, arte, cultura e um novíssimo olhar para o instrumento”, diz, reforçando que o festival tem o propósito de chamar a atenção para a nova geração de instrumentistas, “que vem transformando e recriando um novo conceito para a autêntica viola caipira.”

Concertos, workshops, palestras e bate-papo ficarão a cargo dos próprios músicos. Também haverá palestras sobre luteria, engenharia de áudio e inteligência emocional do artista. “Teremos um bate-papo com todos os integrantes do festival sobre temas relacionados à atual cena da música brasileira”, afirma o coordenador.

O evento vai chamar a atenção para talentos da música instrumental, jazz e improvisação. “O festival mostrará trabalhos belíssimos, como o de Ricardo Vignini, de São Paulo, o Roda de Rock. É a viola tocando rock and roll pesado. Também em São Paulo, Neymar Dias faz um trabalho voltado para a música erudita, com transcrições de Bach para a viola”, conta Sodré.

Já o mineiro Fabrício Conde exibirá seu fingerstyle – nessa modalidade, o instrumentista faz a base e o solo ao mesmo tempo, explorando tanto as cordas quanto recursos percussivos da viola. “Escolhi instrumentistas com estilos diferentes, que fogem um pouco da viola tradicional, aquela na qual é tocada a música caipira, de raiz”, diz Sodré.

Violeiros da nova geração vêm explorando novas possibilidades do instrumento, dialogando com outros gêneros musicais. “Fabienne Magnant, concertista francesa, se apaixonou pela viola caipira aqui no Brasil e a usa em seus recitais na Europa, tocando repertório erudito”, informa.

“A mineira Letícia Leal trabalha com MPB e choro. O goiano Marcos Biancardini, violeiro excepcional, toca de uma forma peculiar e chega a lembrar Renato Andrade, desenvolvendo uma linguagem bem específica”, diz Sodré, referindo-se ao artista mineiro que morreu em 2005, um dos nomes mais respeitados da viola brasileira. “Teremos também a presença dos paulistas Arnaldo Freitas e João Paulo Amaral, todos craques.”

Beto Novaes/EM/D.A Press
André Cabelo, dono do Estúdio Engenho, vai abordar as melhores formas de gravar a viola (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press )

EM CASA

Os shows foram gravados pelos artistas em casa – cada um escolheu o próprio repertório. Workshops ficarão a cargo dos participantes. Sodré, por exemplo, dará aula sobre harmonia e improvisação. Neymar Dias falará sobre as transcrições de Bach. Fabienne Magnant vai abordar as técnicas da música flamenca na viola. “Cada violeiro fará o seu workshop para mostrar novas técnicas que estão sendo aplicadas ao instrumento”, diz o organizador.

Outra atração será o engenheiro de áudio e produtor mineiro André Cabelo, fundador do Estúdio Engenho, que vai abordar as frequências da viola, a melhor forma de captar o som do instrumento e microfones recomendados para shows e gravações.

“O propósito é ajudar o músico na hora de tocar ou gravar. Viola é instrumento complexo, problemático em palco e estúdio, pois tem frequências perigosas. Várias soluções serão explicadas durante a palestra”, informa Sodré.

O lutier paulista Luciano Queiroz fará uma espécie de raio-x da viola. “Ele fez um filme sobre a construção do instrumento, da madeira ao passo a passo envolvendo medidas adequadas”, conta Sodré.

PSICÓLOGO

Caberá ao psicólogo sergipano Edivaldo Pinheiro Negrão discutir a inteligência emocional do músico. “Esse é um dos maiores percalços do artista, que tem dificuldade em lidar com as frustrações, os problemas da carreira. Nossa ideia é mostrar como transformar as adversidades em possibilidades.”

Mesa-redonda com todos os participantes vai discutir música, carreira e especificidades do instrumento, além dos desafios que a COVID-19 impõe à classe classe artística. “Será um bate-papo muito bacana, cheio de questões interessantes tanto para o músico quanto para o público”, promete Fernando Sodré.

NOVA VIOLA BRASILEIRA
• Sexta-feira (15), das 19h às 21h; sábado (16), das 9h às 21h; e domingo (17), das 10h às 21h
• Onze workshops e nove concertos
• Nos sites www.novaviolabrasileira.com.br e www.hotmart.com
• R$ 200

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