“Nossa intenção é somar ainda mais com cada projeto, que tem como objetivo ajudar as pessoas durante a pandemia. E a música é nossa ferramenta principal para que isso aconteça. Agora, mais que tudo, é necessário que cada um ajude da forma que estiver ao seu alcance. Isso sim é o mais urgente”, afirma Milton Nascimento.
A parceria da dupla era um desejo antigo e também já iniciado há alguns anos. Antes mesmo de se conhecerem oficialmente, cada um acompanhava o trabalho do outro a distância. Milton ouviu falar do rapper graças à versão feita para Cálice, música com Chico Buarque. Depois escutou Nó da orelha (disco de Criolo de 2011) e se encantou novamente, até que os artistas se conheceram no Prêmio da Música Brasileira de 2012 por intermédio de Ney Matogrosso. “Fiquei fã dele na hora, e logo na primeira audição já percebi que ali tinha um cara que tava vindo pra fazer história. No prêmio, foi o começo de tudo, e, a partir de então, nunca mais nos separamos”, revela.
No ano seguinte, Milton convidou Criolo para juntos fazerem a turnê Linha de frente, nome de uma das faixas do disco escutado por Bituca anos antes. Essa amizade cultivada nos últimos oito anos deu origem ao projeto Existe amor, já lançado nas plataformas digitais – e que, por enquanto, deve permanecer no âmbito digital, sem previsão de versão física. “Era um desejo antigo ter um registro musical nosso, mas que a gente ficava guardando num lugar de acalanto. Também nunca ousei falar isso com ele. Mas aconteceu tudo de modo muito natural”, comenta Criolo.
REPERTÓRIO
O álbum é uma conexão de trabalhos dos dois. Cais, do disco Clube da Esquina, de 1972, dá inicio ao EP. A música ganhou uma abertura com o piano do pernambucano Amaro Freitas, que também aparece em Não existe amor em SP, releitura da faixa de Criolo gravada em Nó da orelha e primeiro single do EP. Ambas foram produzidas, gravadas e finalizadas neste ano, antes da pandemia do novo coronavírus.
O álbum é uma conexão de trabalhos dos dois. Cais, do disco Clube da Esquina, de 1972, dá inicio ao EP. A música ganhou uma abertura com o piano do pernambucano Amaro Freitas, que também aparece em Não existe amor em SP, releitura da faixa de Criolo gravada em Nó da orelha e primeiro single do EP. Ambas foram produzidas, gravadas e finalizadas neste ano, antes da pandemia do novo coronavírus.
“Para a voz de Milton, fiz um arranjo de piano que vem do conceito tradicional, pensando nos pianistas franceses, como Éric Satie e Yann Tiersen, nessa linha meio psicodélica do piano erudito, com poucas notas e com muita intenção. A voz de Milton te leva para o espiritual. Busquei juntar as melhores frequências sonoras para combinar com a voz dele”, explica Amaro Freitas.
“Para Criolo, pensei na união do hip-hop com o jazz. Trazer a harmonia do jazz e misturar isso com o suingue da rua. Dois caras que são referências para mim são os pianistas americanos Robert Glasper e Herbie Hancock, que tem uma onda black music, com acordes maneiros, ensolarada e cheia de esperança. Tento traduzir isso. Trago isso para a parte do Criolo, que tem uma voz mais firme e agressiva, mas, ao mesmo tempo, suave. Foram dois meses de uma experiência muito legal”, completa.
Dez anjos, que Criolo e Milton Nascimento compuseram para Gal Costa e que integrou o álbum Estratosférica (2015), e O tambor, faixa do rapper com o maestro Arthur Verocai para o disco No voo do urubu (2016), haviam sido gravadas em 2018 com arranjos do próprio Verocai. O trabalho completo teve direção musical de Daniel Ganjaman.
A reunião de Milton e Criolo é resultado da amizade e também das conexões musicais dos artistas, mesmo que ocupem lugares distintos na música brasileira. “Esse encontro entre a gente é uma coisa que vai além da música. É um encontro ancestral, e esse projeto é uma consequência direta disso. Acho que tudo começa a partir da nossa amizade. Sem isso, a gente não teria criado nada, digo no sentido musical mesmo, pois não teria uma verdade. Então, acredito que a nossa história pessoal (que é muito parecida), a nossa afinidade e, principalmente, a nossa visão de mundo, são o que nos complementa neste projeto”, avalia Bituca.
“Acredito que a gente se encontra numa série de lugares, acho que as histórias e os gostos. Nosso desejo de levar alguma coisa de positivo, de abraço com a nossa música, dividir isso com tudo mundo já são grandes pontos de encontro”, comenta Criolo. “A diferença muito clara nisso tudo é que Milton é o mestre e eu sou o aluno, um aluno ainda com muitas dificuldades e muita coisa para melhorar. Talvez nem merecesse estar nessa sala com esse mestre, mas é mais ou menos por aí”, completa o rapper.
FUSÃO
Sobre a parceria com a dupla, o pianista pernambucano Amaro Freitas diz: “Foi uma conexão gigante de três gerações num ambiente de troca musical que é um estúdio. Um encontro que emocionou, pelo que cada um representa dentro da sua linha musical. Como Criolo falou, foi vivo e pulsante. Uma relação fantástica que trouxe o mais belo de cada um. Foi uma explosão de beleza artística. Quando você faz a fusão desses sentimentos sonoros, a beleza aflora naturalmente.”
Sobre a parceria com a dupla, o pianista pernambucano Amaro Freitas diz: “Foi uma conexão gigante de três gerações num ambiente de troca musical que é um estúdio. Um encontro que emocionou, pelo que cada um representa dentro da sua linha musical. Como Criolo falou, foi vivo e pulsante. Uma relação fantástica que trouxe o mais belo de cada um. Foi uma explosão de beleza artística. Quando você faz a fusão desses sentimentos sonoros, a beleza aflora naturalmente.”
EXISTE AMOR
De Milton Nascimento e Criolo
Oloko Records e Nascimento Música
4 faixas
Disponível nas plataformas digitais.
CAMPANHA SOLIDÁRIA
As doações podem ser feitas no existeamor.com/doe, por meio da plataforma de crowdfunding administrada pela Benfeitoria. O fundo é gerenciado pela Sitawi, que repassará os recursos às organizações É de Lei, SP Invisível e Arsenal da Esperança, entre outras.