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NOVOS TEMPOS

Coral Lírico de MG se reinventa para enfrentar o coronavírus


“Pra gente que faz arte, está sendo muito difícil, mas é um conforto saber que podemos contribuir. É um desafio gratificante, uma nova descoberta. A gente vê que é viável, que conseguimos nos emocionar e emocionar as pessoas”, comemora Lara Tanaka, regente associada do Coral Lírico de Minas Gerais.



Desde que o isolamento social começou, o Coral Lírico, assim como os outros grupos ligados à Fundação Clóvis Salgado, vem produzindo material para alimentar as redes sociais da instituição. “Esta é nossa obrigação: proporcionar boa música para as pessoas”, ressalta.

Lara conta que os integrantes do coral cantam separadamente, cada um em sua casa. Posteriormente, o material é reunido. “É um desafio novo para todos nós, uma outra forma de fazer música e arte. Os vídeos são o resultado dessa fortaleza que é juntar os músicos. Rompemos a barreira (da quarentena)”, conta.

À frente do coral desde 2016, Lara revela que foi gratificante produzir o vídeo em homenagem ao Dia das Mães, publicado no Instagram (@fcs.palaciodasartes) no domingo. “Ninguém queria estar naquela condição (de isolamento). Apesar de não termos o público na nossa frente, o que me conforta é essa interação pelas redes sociais”, afirma.



Com a participação de 57 artistas, entre instrumentistas e cantores, o recital virtual, regido pelo maestro Hernán Sánchez, superou três mil visualizações. “Cada vídeo individual já é um projeto grande. É difícil fazer ensaio remotamente. Não pode ter erro, é pegar o projeto e botar para funcionar”, comenta Lara.

Sergio Rabelo, violoncelista da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, foi responsável por reunir os 57 vídeos solo, alinhando vozes e timbres. “É difícil. As pessoas fazem em casa e fica muito desencontrado. Você tem de dominar o programa. Ser músico da orquestra me ajudou: conferi músico por músico, nota por nota e cada partitura”, explica.

O vídeo em homenagem às mães levou cinco dias para ficar pronto. Em alguns dias, Sérgio chegou a trabalhar em tempo integral. Para ele, o trabalho, apesar de complicado, foi “extremamente prazeroso”.



PLANILHA

A pandemia mudou a rotina do Coral Lírico. “Temos uma planilha de repertório e estudo. Não sabemos quando vamos voltar, mas o músico, assim como o atleta, não pode deixar de se exercitar. A prática é diária. A gente leva muito tempo para conquistar um bom nível técnico, então precisamos estar em dia”, explica Lara.

Isolados em casa, os cantores seguem o cronograma de ensaios para que o coral possa voltar ao palco assim que a quarentena acabar. “Apesar de toda a tristeza deste momento, pois não há como ficar apático a todas essas mortes, é levantar a cabeça e seguir. Tentar ficar saudável”, afirma a regente.

Quando o isolamento social chegar ao fim, o Coral Lírico continuará produzindo vídeos e postando apresentações nas redes sociais. “Vimos que essa experiência dá muito certo. É uma frente que veio para ficar. Acho que os artistas todos estão percebendo isso”, conclui Lara Tanaka.

* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria