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EM CASA

Isolamento social estimula o ensino on-line de música



Com o isolamento social, a música tem sido companheira de muita gente. Para além das lives, que conquistaram o público e apontam para um novo modelo de negócio de entretenimento, há quem procure perfis nas redes sociais não só para ouvir, mas aprender música. Opções não faltam.



A publicitária e cantora Thaís Calderon, de 38 anos, se apresenta profissionalmente desde os 20, mas há quatro anos decidiu aperfeiçoar sua técnica. Com a quarentena, ela conseguiu ampliar o tempo de estudo, optando por cursos on-line. “Em casa, estou no meu ambiente, fico mais à vontade para fazer os exercícios, as caretas que são necessárias”, diz, referindo-se a técnicas de aquecimento de voz. “A única coisa que me tira de um lugar de ansiedade é estudar música”, afirma Thaís, referindo à quarentena.

O curso que ela escolheu é ministrado pelo professor de canto Wagner Barbosa, dono do perfil Voz em Construção (@vozemconstrução). Além de se comunicar pelo Instagram, ele posta aulas no canal que mantém no YouTube. Um dos planos traz uma série de lives que ficam disponíveis para além da transmissão ao vivo, nas quais ensina técnicas de afinação, respiração e alongamento. As aulas duram cerca de 50 minutos. Segundo Barbosa, a procura pelo material aumentou nos últimos 28 dias, quando teve 1,2 mil horas de exibição.

“Comecei postando as dicas porque queria ensinar técnica vocal, mostrar técnicas e metodologias que aprendi na Europa. Sinto que contribuo com as pessoas”, diz Barbosa, que oferece também um pacote pago de aulas on-line (R$ 297) e dá orientações particulares. Todas, no momento, via internet. Professor de canto há 13 anos, Barbosa já trabalhou com Gilberto Gil, Gal Costa, Daniela Mercury e Criolo.



Isaac Karabtchevsky, diretor artístico e maestro titular da Orquestra Petrobras Sinfônica, ministra, por meio de um site, um curso de regência. As 25 aulas on-line foram divididas em cinco módulos. O curso, que custa R$ 881, foi lançado no ano passado e formou 14 músicos. “Nunca acreditei muito em aulas on-line, mas o resultado se mostrou muito positivo. Há grande carência no ensino de regência”, diz Karabtchevsky. Passando a quarentena no Vale das Videiras, no interior do Rio de Janeiro, ele tem postado pequenos vídeos em seu Facebook com dicas, na série Conselhos a um jovem regente. Em um deles, explica a posição correta do cotovelo na hora de reger.

Karabtchevsky espera que até julho tudo se normalize e ele possa dar a tradicional master class em Riva del Garda, na Itália, que reúne, há mais de 20 anos, maestros de todo o mundo.

CAVAQUINHO

O fluminense João Felippe, que já tocou com Leila Pinheiro e Moraes Moreira, desde 2011 dá aulas de cavaquinho. Ele retomou seu canal no YouTube (bit.ly/jfelippe) assim que os shows foram cancelados. A intenção, no começo, era ganhar visibilidade na internet, mas, com o tempo, João tomou gosto por auxiliar quem busca o aprendizado. “Gravo os vídeos, edito e respondo os comentários. Já fiz muitos amigos por lá”, conta.

Atualmente, ele tem 15 alunos, entre brasileiros, americanos e italianos. “Gringo adora cavaquinho, eles querem aprender chorinho”, revela, observando que quem já toca violão tem vantagem nas aulas de cavaquinho. “Muda o tamanho, o número de cordas e a afinação”, explica.