Se tem alguma coisa para comemorar neste período em que não há nada bom para ninguém é que os Rolling Stones conseguiram, com uma só canção, exprimir sentimentos que vêm perpassando por todos nós durante o longo período de isolamento social. “Eu sou um fantasma/ Vivendo em uma cidade fantasma” canta Mick Jagger logo no início de Living in a ghost town.
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Após adiar shows no Brasil, Metallica lança disco dedicado especialmente ao paísClipe solidário reúne 40 artistas ligados ao Circuito do Rock, em BH, em incentivo diante do coronavírusOzzy Osbourne lança camiseta e máscara contra o coronavírusMick Jagger e Will Smith arrecadam fundos contra COVID-19 em show virtualJagger revelou ter escrito Living in a ghost town em 10 minutos. A gravação ocorreu em Los Angeles e Londres, em 2019, a finalização se deu agora, durante o período de distanciamento social. Um vídeo da canção mostra, em preto e branco, os Stones em estúdio. Mas o que chama a atenção são as imagens quase caleidoscópicas registradas nas últimas semanas, que exploram vários cantos de Londres completamente vazios.
A letra é absolutamente premonitória: “Eu tive que ir para o subterrâneo/ A vida era tão bonita/ Então fomos todos trancados”, diz uma parte. “Não está sendo divertido/ Se quero uma festa/ Será uma festa apenas para um”, diz a estrofe final. Eles poderiam estar falando sobre a nostalgia de tempos passados que a velhice interrompeu, quem sabe? Fato é que o lançamento, agora, deu outra conotação para a letra.
Para além da sincronicidade com os tempos vividos, há a música em si. E ela deixa o blues do álbum de covers Blue and lonesome (2016, mais recente lançamento da banda) para abraçar o reggae, ainda que com muita sutileza. Há um leve sotaque dub em algumas passagens. Que dias ensolarados venham para nos tirar das cidades fantasmagóricas.