Mais de cem artistas e personalidades da cultura e da política se uniram este no último sábado, 18, sob o lema "One World: Together At Home" ("Um Mundo: Juntos em Casa"). Promovido pela OMS, o evento musical, com o espírito dos "Live Aid", de 1985, arrecadou 127,9 milhões de dólares, destinados ao combate à pandemia do coronavírus.
Agradecimentos a profissionais da saúde e slogans de esperança foram as mensagens mais repetidas durante as oito horas de apresentações e discursos pelas redes sociais, que culminaram em um grande concerto televisionado em que estrelas como os Rolling Stones, Lady Gaga (que atuou como "curadora" do evento), Jennifer Lopez, Paul McCartney e Stevie Wonder cantaram de suas casas.
Leia Mais
Roberto Carlos emociona em live cheia de referências religiosas'One World Together At Home': confira como foi a 'live das lives' com astros da músicaDa casa dos artistas para o mundo. A performance que melhor resumiu o espírito do momento foi a de Taylor Swift, que no final da noite apresentou sua canção Soon You’ll Get Better, com letra dedicada à sua mãe, em tratamento contra o câncer, que desta vez parecia uma mensagem de encorajamento para todo o planeta.
A situação global foi muito lembrada durante o evento. Foram projetadas imagens de cidades como Paris, Madri, Londres, Nova York e Buenos Aires completamente vazias.
Um dos momentos mais esperados foi o aparecimento dos Rolling Stones, que, se em seus quase 60 anos de carreira ainda lhes faltava fazer algo, acrescentaram uma performance muito peculiar à sua lista: interpretaram, por videochamada, You Can’t Always Get What You Want. Cada um fez isso de sua casa, com a tela dividida em quatro. Mick Jagger começou a cantar em seu violão; Keith Richards - com uma cerveja na mesa - e Ronnie Wood se juntaram em seguida, e finalmente Charlie Watts tocou uma bateria peculiar, construída com objetos do cotidiano e muita imaginação. Foi uma cena agradável e caseira, que se repetiu em cada uma das atrações musicais. Porque, embora a falta de público e cenário fizesse desse tipo de concerto uma reunião sem presença física, os responsáveis pelo entretenimento do público não deixaram de lhe dar alma.
Mesmo a distância social não impediu colaborações como a de John Legend e Sam Smith, que juntos interpretaram o clássico de Ben E. King Stand By Me. Jennifer Lopez, que cantou People, de Barbra Streisand, em seu jardim, e Lady Gaga, que tocou Smile, de Nat King Cole, no piano, também optaram por músicas clássicas.
Houve momentos também para a língua espanhola pelas vozes de Maluma, com sua própria versão de Carnaval, de Celia Cruz, e uma aparição de J Balvin em que ele deu conselhos, em inglês e espanhol, para evitar a propagação do vírus. Invocando o "carnaval" da vida, pedindo que o "sorriso" não se perca, convidando a "união do povo" ou afirmando que "em breve tudo ficará melhor", os títulos das músicas escolhidas construíram a grande mensagem do evento.
As circunstâncias excepcionais e as mídias sociais permitiram que o público encontrasse momentos marcantes fora da transmissão oficial. Os internautas aplaudiram a emoção que Lady Gaga mostrou pelo Instagram antes do início do evento, e ela chegou até a publicar vídeos dançando em frente à televisão enquanto Elton John e Stevie Wonder se apresentavam. Outras celebridades, como Oprah Winfrey, compartilharam pelo Twitter imagens do jantar preparado para acompanhar a ocasião. Já Taylor Swift usou as redes sociais para agradecer o apoio de seus fãs assim que concluiu a sua apresentação.
Entre as apresentações, várias - e variadas - personalidades aproveitaram a oportunidade para enviar suas mensagens. Um dos primeiros foi o secretário-geral da ONU, António Guterres, que pediu que "a linguagem universal da música" fosse usada para agradecer aos trabalhadores da saúde e às pessoas afetadas pela pandemia. As ex-primeiras-damas dos Estados Unidos Michelle Obama e Laura Bush também apareceram no mesmo vídeo, minutos antes de Bill e Melinda Gates. Beyoncé, que não cantou, mandou uma mensagem de agradecimento, dedicando a noite "aos médicos, enfermeiros, àqueles da indústria de alimentos, dos serviços postais e de limpeza que tornam possível que podemos estar seguros em nossas casas".