Previsto inicialmente para sexta-feira (10), Chromatica, o esperado novo álbum de Lady Gaga, foi adiado por conta da pandemia de coronavírus. “Esta é uma época assustadora e atribulada para todos nós. Mesmo acreditando que a arte seja uma das coisas mais fortes para nos dar alegria e cura, não me parece certo lançar este disco com tudo o que está ocorrendo”, afirmou ela, em anúncio publicado nas redes sociais.
Parcialmente afastada do mundo da música desde o controverso – e ainda assim elogiado – Joanne (2016), a cantora, nos últimos anos, protagonizou a quarta versão cinematográfica de Nasce uma estrela (2018), foi indicada ao Oscar de melhor atriz e levou para casa a estatueta de canção original por Shallow, tema do filme. O sucesso foi tamanho que rendeu uma infame versão brasileira lançada por Paula Fernandes e Luan Santana.
Chromatica marca o retorno da cantora às origens pop que a transformaram em estrela mundial. O single Stupid love, “vazado” um mês antes do lançamento oficial, em 28 de fevereiro, é o único aperitivo do disco até agora. Aponta para a sonoridade já experimentada em Born this way (2011), construída sobre diferentes camadas de sons sintetizados que resultam em um dance barroco e nada polido.
O que muda, entretanto, é a mensagem. Se há uma década Lady Gaga imprimia abordagem agressiva às canções, ora alfinetando o cristianismo ora homenageando a criança rebelde que um dia foi, atualmente ela preza pelo conteúdo positivo que seu trabalho pode carregar. Não à toa, nos últimos anos a estrela trocou o visual excêntrico por roupas básicas, vem atuando como porta-voz de projetos contra o bullying e discutindo propostas sobre saúde mental.
Ainda assim, é curioso que uma pandemia possa afetar o lançamento de um disco – processo que, atualmente, não depende de mídia física para chegar aos ouvidos do público. A decisão reflete não só a preocupação com o coronavírus, mas o aparato que a estreia do trabalho de uma estrela do porte de Gaga requer, envolvendo entrevistas a programas de TV ao redor do mundo, aparições públicas de surpresa e até mesmo shows completos.
COACHELLA
No caso dela, a divulgação envolveria um show surpresa no festival Coachella (adiado para outubro), além de apresentações nos Estados Unidos e em alguns países da Europa. Com tudo isso adiado – ou possivelmente cancelado –, é hora de repensar se liberar o disco ainda em 2020, como ela mesma promete, é a melhor estratégia para este momento.
No tempo “livre” da quarentena, Lady Gaga tem suado para colaborar ativamente na luta contra a COVID-19. Em parceria com a ONG Global Citizen e a Organização Mundial da Saúde (OMS), a artista anunciou o projeto One world: Together at home (Um mundo: Juntos em casa, em tradução livre), especial com shows on-line marcado para o próximo dia 18.
O evento tem como objetivo promover o apoio a profissionais de saúde, beneficiando instituições de caridade que fornecem comida e assistência médica a quem precisa de ajuda. Entre os artistas confirmados estão, além de Gaga, Paul McCartney, Alanis Morissette, Stevie Wonder, Andrea Bocelli, Billie Eilish, Billie Joe Armstrong (Green Day), Chris Martin (Coldplay), Eddie Vedder (Pearl Jam), Elton John, J. Balvin, John Legend, Lizzo e Maluma, entre outros.
Os shows serão transmitidos por várias plataformas globais – Alibaba, Amazon Prime Video, Apple, Facebook, Instagram, LiveXLive, Tencent, Tencent Music Entertainment Group, Tidal, TuneIn, Twitch , Twitter, Yahoo e YouTube.
Os apresentadores serão os americanos Jimmy Fallon, do The tonight show; Jimmy Kimmel, do programa Jimmy Kimmel live; e Stephen Colbert, que comanda o The late show with Stephen Colbert.