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Sem trabalho, artistas são contratados por banco para criar música; assista

Lançado em 22 de março, o vídeo Samba da quarentena, em menos de duas semanas no ar, foi replicado milhares de vezes nas redes sociais, ganhou destaque em veículos de comunicação – não só do Brasil, mas da Rússia e de Israel – e até uma versão em francês. Tamanha exposição acabou gerando um trabalho para os envolvidos.



O Santander contratou sua autora, a cantora e compositora paulista Luísa Toller, de 31 anos, para criar o Xote da quarentena. No ar desde sábado (28) nas redes sociais e, em breve, com uma versão mais curta estreando na TV, o vídeo, que envolveu 31 profissionais, da música e da imagem, foi patrocinado pelo banco.

“Quando um artista deixa de se apresentar, uma rede de profissionais é afetada. Pagar cachês e bancar a produção de vídeos como este é uma forma de ajudar a chama continuar acesa”, diz o texto ao final da execução do vídeo de quase três minutos. “Foi um cachê decente”, afirma Luísa. De acordo com a cantora, para participar do projeto, ela convidou músicos que participaram do Samba da quarentena e “pessoas que estão com mais dificuldades, não têm trabalho fixo e vivem de cachê.”

Luísa teve três dias para compor a música, contatar os participantes e finalizar o vídeo. Foi tudo, como manda os figurinos nestes tempos, feito via WhatsApp. “Como tem alguns instrumentos na música, defini as partes que teriam violão, baixo, clarineta e flauta, mas dei liberdade para o improviso. Os editores foram recebendo o áudio e montando, já que não é todo mundo que toca o tempo inteiro. Também gravamos uma base de violão para os cantores escutarem na hora de gravar. Quando o áudio foi montado, enviamos para a edição de vídeo para eles verem quem estava cantando onde”, ela conta.



A letra do Xote da quarentena já é um chamado para que as pessoas se engajem: “Tô aqui cantando no meu canto esperando o seu contato e vale a pena/que ele venha em forma de canção para não furar a quarentena”, dizem os versos iniciais. “Também sou professora de canto, estou tentando me adaptar, dar aulas on-line. Mas é tudo muito novo, não sabemos como vai ser a quarentena e o engajamento.”

Foi também em 22 de março que a Central Única de Favelas (Cufa) lançou o vídeo Favela contra o vírus, que integrou campanha homônima para ajudar na prevenção da COVID-19. “Liguei para os artistas para participar da campanha, porque a gente tinha percebido que para as pessoas da favela, era como se a doença ainda estivesse na China”, afirma Celso Athayde, fundador da Cufa.

Para compor a letra, Dudu Nobre se uniu a Edi Rock (dos Racionais MCs), Dexter e Ivo Meirelles. Além dos quatro autores, o vídeo contou com a participação de Alcione, Péricles, Karol Conka, Sandra de Sá e Serjão Loroza, entre outros. O vídeo impulsionou a campanha “Ajude a Cufa a ampliar seu combate ao coronavírus”, que, através da plataforma Vakinha (vakinha.com.br), já ultrapassou a meta de R$ 200 mil.



Com este montante foram distribuídos no domingo (29) 30 toneladas de carne em favelas. Materiais de limpeza e de higiene pessoal também serão distribuídos. “Mas muita vezes a gente leva cesta básica para quem não tem gás em casa”, comenta Athayde que, amanhã, pretende lançar uma nova campanha, Mães da Favela.

“Quarenta e oito por cento dos lares de favela são chefiados por mulheres e a gente entende que são mães que estão hoje sem trabalhar e com filho sem escola”, diz Athayde. A campanha está sendo criada em parceria com o aplicativo PicPay, de pagamento digital. A empresa vai destinar R$ 1,2 milhão para mulheres de favelas de 18 estados que serão selecionadas pela Cufa. “Serão escolhidas as mais vulneráveis, que têm perfil, mas não estão em programa social. Serão dois meses de cesta básica (na forma de crédito no app)”, acrescenta Athayde. A campanha terá também um clipe produzido por artistas – como tudo nestes tempos pede urgência, até os próximos dias ele deverá estar no ar.

Ajuda para artistas e técnicos do Sated-MG

Há 15 dias no ar, a ação de emergência criada pelo Sindicato dos Artistas e Técnicos de Espetáculos e Diversão de Minas Gerais (Sated-MG) para atender a artistas e técnicos do estado, só conseguiu arrecadar R$ 1.420. “É muito pouco. Continuo pedindo para as pessoas depositarem, pois estamos vendo que a situação está se agravando”, comenta Magdalena Rodrigues, diretora da entidade. De acordo com ela, já foram entregues cestas básicas para seis famílias circenses de Belo Horizonte. Também enviou dinheiro para artistas do interior. Uma doação de 20 cestas ainda foi encaminhando para entidade ligada ao circo. “Acho que até o fim da semana vamos colocar postos de entrega de cestas em lugares estratégicos, como o Sated e portas de teatro, para que as pessoas possam recolher”, acrescenta Magdalena. Os interessados em contribuir podem entrar em contato pelo e-mail satedminasgerais@gmail.com. Os depósitos devem ser feitos na Caixa Econômica Federal, agência 0083, conta 500-801-5, operação 003.